O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Feira de Santana (Cerest) registrou de janeiro até o mês de julho deste ano, 217 acidentes com três óbitos, um aumento de 13% comparado com o mesmo período de 2022.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora do Cerest, Verena Pires Leal, informou quais são as principais atividades do órgão.
“O Cerest é um programa do Ministério da Saúde e foi implantado aqui em Feira de Santana, no ano de 2004, e estamos até hoje desenvolvendo as ações relacionadas à promoção, prevenção e proteção dos trabalhadores dentro dos ambientes e processos de trabalho. Se a gente for olhar para os dados de janeiro até o mês de julho, que são os dados que já temos aqui, nós observamos um crescimento de 13% comparado ao mesmo período do ano passado, pois somente neste ano, já tivemos 217 acidentes. Ao longo do ano de 2022, foram cinco acidentes com óbitos, enquanto que já registramos três neste ano, e não podemos esquecer que na última semana, mais um acidente com trabalhador, um jovem que foi a óbito”, informou.
Na mesma semana, dois acidentes de trabalho foram registrados no município de Feira de Santana. O primeiro ocorreu no dia 29 de agosto, quando três pedreiros ficaram feridos, após receber descarga elétrica em uma construção no bairro Cidade Nova.
Segundo a coordenadora, os trabalhadores da Construção Civil e Indústria, são as principais vítimas de acidentes de trabalho.
“Os números do mês de agosto ainda não foram computados, pois este processo é feito dentro da primeira quinzena do mês subsequente, no caso, esta primeira quinzena do mês de setembro. Pelo que nós elucidamos aqui, as áreas de Construção Civil e Indústria, são os setores mais notificados, porém a gente não pode esquecer das outras diversas categorias e que possuem riscos eminentes. Feira de Santana, por exemplo, é uma cidade que aporta um número significativo de trabalhadores do trânsito, são entregadores por aplicativos, além de motoristas por aplicativo, e que são vítimas de acidentes”, relatou.
Mesmo com um número exato presente em sistema, Verena Pires Leal destacou as subnotificações que acontecem não somente em Feira de Santana, mas em todo o Mundo.
“Os acidentes, não somente aqui em Feira, mas em todo o Brasil, no Mundo inteiro, ele são subnotificados, ou seja, os números que temos aqui, não são números reais de acordo com o que acontece, pois muitos acidentes não são elucidados, não existem registros, então apesar de ser um número alarmante, não é um número que representa diante das subnotificações”, pontuou.
Ao Acorda Cidade, a coordenadora destacou o que pode provocar os constantes acidentes de trabalho.
“Diante das nossas investigações, nós observamos que muitos dos casos, estão relacionados às medidas de segurança, então o trabalhador poderia não estar utilizando o EPI ou até poderia, mas não da forma adequada, tem também a questão dos trabalhadores que não foram treinados para a execução daquela atividade. O Cerest tem um papel não só de investigar, mas também o objetivo é reconhecer quais foram as causas, como trabalhar a forma de proteção, quais danos foram sofridos por aquele trabalhador, verificar as necessidades, quais direitos legais a este trabalhador, então tudo isso a gente faz um acompanhamento”, afirmou.
Segundo a coordenadora, as pessoas podem realizar denúncias anônimas.
“Eu sempre digo que o Cerest é parceiro da saúde do trabalhador, então a gente está disponível para receber estes alertas, receber estas denúncias, inclusive elas podem ser realizadas de forma anônima. As pessoas podem utilizar os nossos meios de comunicação, principalmente o telefone que é o nosso canal mais utilizado, (75) 3623-7552, e lembrando que o nosso Cerest é regional, ou seja, não contempla apenas a cidade de Feira de Santana, mas atende também aos trabalhadores de mais 27 municípios da nossa região”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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