Educação

Pais e responsáveis reclamam de suspensão do Ensino Médio em Colégio na Pedra do Descanso

Mãe de dois alunos, Luizélia Figueiredo contou a dificuldade que enfrentará com a possível mudança do ensino médio.

Colégio Estadual Wilson Falcão
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Pais e responsáveis de alunos do Colégio de Tempo Integral Wilson Falcão, localizado na Rua dos Expedicionários, no bairro Pedra do Descanso, em Feira de Santana, se uniram, junto à Associação Comunitária Mão Amiga, para cobrar da direção da unidade escolar um posicionamento acerca da suspensão do Ensino Médio.

pai reclamam de suspensão do ensino médio
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, a presidente da Associação, Milena Mello, disse que os pais foram pegos de surpresa. Ela esteve junto a outras mães no Colégio Wilson Falcão, na manhã desta quarta-feira (17), para buscar um retorno sobre a suspensão.

pai reclamam de suspensão do ensino médio
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Ontem a gente estava em recesso, abrimos a associação justamente para poder estar ouvindo os pais, e sendo a porta-voz desses pais aqui, para o colégio Wilson Falcão. Eles me falaram o seguinte, que o ensino fundamental irá ficar no colégio, porém o ensino médio irá sair. Então assim, muitos pais e alunos serão prejudicados por conta disso e não estão informando também aos pais, eles estão dando informações por alto, que será na Senador Quintino, então vai ser muito ruim o deslocamento para os alunos. Só temos no Feira X e por conta de rixa, de Jussara e Portelinha, o pessoal ir para lá, é ruim para os moradores e para as crianças também, então os pais estão bastante preocupados, estamos aqui reivindicando para que a escola permaneça com os dois ensinos, tanto o fundamental como o ensino médio. Os moradores serão prejudicados, não só eles como também os alunos aqui que estudam aqui e os que virão também”, disse.

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Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Mãe de dois alunos matriculados no colégio da rede estadual, Luizélia Figueiredo contou a dificuldade que enfrentará com a possível mudança do ensino médio. Segundo ela, o maior obstáculo, é o pagamento de um transporte escolar.

“Eles estão deslocados, eu não tenho condição de pagar transporte para a Senador Quintino, é longe, então eu não quero tirar eles daqui porque está fazendo muita falta. Não tem necessidade, num bairro como esse não existir escola estadual. Nunca teve nenhuma reunião de pais. Fomos pegos de surpresa. Até agora as crianças não têm onde estudar. Eu tenho que estar correndo atrás da escola, já fui em algumas e não tem vaga. Então, onde vou botar meus filhos para estudar? Porque se voltar para a rede municipal, todo dia eles voltarão a chegar às 10h, 9h em casa. Tinha dia que eu estava no trabalho, eu tinha que sair correndo para buscar as crianças”, frisou.

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Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Cristiane de Jesus Costa também tem dois filhos no Colégio Wilson Falcão. O ano de 2023 foi o primeiro ano letivo de um dos filhos na escola, o que, de acordo com ela, foi uma ótima experiência. Ela lamentou a transferência das classes.

“Em 2023 foi o primeiro ano em que eu botei minha filha, eu gostei muito da escola, é uma escola boa, tem um ensino fundamental muito bom. Então, eu não acho justo sair da escola do bairro. Por que é que vai sair? E pode reformar a escola, fazer uma escola de primeira qualidade, né? E pra ir pra lá, pra Senador Quintino, realmente a gente não tem dinheiro pra estar deslocando os filhos da gente pra lá. Até o momento, eles disseram que as matrículas já estavam confirmadas pra outra escola. Mas só que não é assim. E ninguém sabe se são todas as mães que vão aceitar que os filhos vão pra lá”.

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Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Já Charmille Santos, que também reside no bairro Pedra do Descanso, pediu providências para a resolução do problema. Ela também reclamou sobre a dificuldade do deslocamento dos filhos.

“Eu fiquei muito triste porque a gente não sabia que o colégio ia sair. A gente já ouviu de boatos. Quando a gente teve a confirmação, o colégio já não tava mais aqui, porque disse que já tinha mudado. Então, pegou a gente de surpresa. Onde a gente vai botar nossos filhos? A gente ficou de mão atada, porque aqui não tem escolha de escola pros filhos da gente. Então, por isso o jovem também está do jeito que está. Porque meu filho mesmo falou que se fosse pra estudar em tal escola fica ruim pra ele porque é muito longe. A gente não tem dinheiro pra pagar ônibus, pra ir nem tão pouco a gente vai deixar as crianças irem pra lá, um lugar longe. Então, eu acho que deveria ter uma conversa antes disso para gente procurar nossas providências”, finalizou.

Dificuldade na matrícula em outra unidade

Outra situação que ocorreu em relação a dificuldade de mães com as matrículas em colégios da rede estadual de ensino, foi o da filha de Isabel Nascimento. Ela contou ao Acorda Cidade que tentou matricular a filha em um colégio próximo a sua residência, no Conjunto Sérgio Carneiro, mas não conseguiu porque não achou vaga.

Ela e outras mães têm enfrentado este problema desde a última semana. Izabel disse ainda que o colégio disponível para a matrícula fica muito distante da sua casa.

“Minha filha vai para o sexto ano, e disseram que não tem mais vaga. Aí o que acontece? Mais de 30 mães, foram para a porta do Iara Portugal, que hoje é chamado de Maria Helena Queiroz. O que aconteceu? Disse que não tem vaga. Eu entrei, conversei com a diretora, a diretora disse que não tem mais vaga. Lá eram 5 salas do sexto ano e retiraram. E o que acontece, não tem mais vaga, e as mães estão lá desesperadas, esperando um recurso”, lamentou

Izabel Nascimento ainda contou que esteve no Núcleo Territorial de Educação (NTE), para resolver a situação, mas não foi atendida.

‘’Cheguei no NTE, ninguém me atendeu. Como é que minha filha mora num conjunto Sérgio Carneiro, com 11 anos, uma criança, vai vir para o final da Maria Quitéria? Conversei com a diretora e pedi que me ajudasse, eu não tenho mais condição de pagar escola, minha filha precisa vir para o Iara. Já disse, hoje não tem mais vaga, imagine. A violência, todo mundo sabe que está demais, eu não vou tirar uma criança de 11 anos do bairro para trazer para o fundo da Maria Quitéria. Eu peço socorro, que não é só eu, as outras mães, todas está passando por isso”.

Retorno

Em resposta aos questionamentos, a diretora do NTE-19, Celinalva Paim, esclareceu os desdobramentos em torno das municipalizações e o que estado tem realizado para atender os alunos que estão sendo remanejados.

“Nós da rede estadual estamos fazendo o possível para poder atender esses pais. Mas uma coisa que a gente precisa deixar muito clara é que a rede estadual de ensino vem gradativamente passando o ensino fundamental para a rede municipal. E isso é atendendo a lei de diretrizes e base, que diz que a obrigatoriedade do município é o ensino fundamental 1 e 2 e o do Estado com o ensino médio. Então, o nosso trabalho tem sido esse”, disse.

Celinalva Paim também aproveitou para falar sobre o problema relacionado as vagas para o sexto ano, conforme foi reclamando pela mãe Izabel Nascimento.

“Nós tivemos mais de 60 vagas do sexto ano, mas nós temos hoje, além do sistema de matrícula na escola, um site em que facilita a matrícula. Os pais podem acessar esse site e fazer a matrícula de seus filhos. Então, o que aconteceu lá foi isso, essas vagas todas disponibilizadas, a maioria dos pais conseguiu fazer a sua matrícula pelo site, e quando esses outros pais que não conseguiram fazer, ou por algum motivo não pôde fazer pelo site, quando chegou na escola, já não tinha mais a vaga. Infelizmente, a gente não tem mais espaço, a gente não tem sala de aula para poder abrigar esses alunos de sexto ano. Mas, já entramos em contato com a professora Anaci, que é a secretária do município de Educação, e ela nos garantiu que os pais podem procurar tanto o Gamaliel, que é ali próximo, a escola Gamaliel, e o Justiniano, para poder fazer a matrícula no município. Os pais, quando dizem que os filhos vão ficar sem estudar, não vão, porque tem o município para atender. A vaga que o Estado tinha disponível já foi preenchida, e nós não temos mais hoje”, explicou.

Relacionado ao caso do Colégio Wilson Falcão na Pedra do Descanso, a diretora explicou que mais vagas estão sendo criadas para o ensino médio, na medida em que o ensino fundamental é remanejado para o município.

“A questão do Wilson Falcão é a mudança. Quando a comunidade diz que não sabia, eu acho um pouco estranho, porque todos já sabem que a escola que foi construída na Senador Quintino, que vai começar a funcionar esse ano, essa escola receberia as duas unidades estaduais, o Wilson Falcão e o Georgina de Melo Erisman. E é o que está acontecendo. Todo o ensino médio do Wilson Falcão vai subir, vem para o prédio novo, e os alunos do Georgina também vêm para o prédio novo. Os meninos maiores, a partir de 15 anos, que é o ensino médio, esses sim virão para a Senador Quintino. Mas, uma coisa é importante a gente deixar bem claro, que não é obrigado o pai que não se sentia à vontade do filho sair da Pedra do Descanso para a Senador Quintino, nós temos o Helena Assis Suzart no Feira X, que é mais próximo”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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