Nesta sexta-feira, dia 23 de junho, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, uma data que tem como objetivo fortalecer o espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão, antes majoritariamente ocupado por homens.
O Acorda Cidade conversou com a engenheira civil e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Maria de Socorro Costa São Matheus, de 57 anos.
Natural de Itabuna, a professora que se formou em 1989, disse que ingressou no curso por influência de colegas.
“A minha decisão de ser engenheira civil começou ainda na época da escola, eu tinha colegas cujo os irmãos eram três anos à frente e eu sempre me dava bem com estes irmãos dos meus colegas, e por incrível que pareça, algumas destas pessoas decidiram fazer Engenharia Civil em Salvador e neste influência, eu também fui fazer. Lembro que na época, a diretora da escola até falou que era para pensar em outra profissão porque essa área é muito masculina e que eu procurasse outro curso. Bom, eu iria fazer na Ufba [Universidade Federal da Bahia], porém a instituição já estava com greve há cerca de três meses e tinha medo de não voltar, então resolvi fazer pela Uscal e lembro que eram 50 vagas e fiquei se não me falha a memória, em quarto lugar, bom lembrar também que eram 50 matriculados e apenas sete mulheres no curso”, afirmou.
Dificuldades
Para a professora que hoje atua na área de Geotecnia, umas das dificuldades encontradas durante atuação no trabalho, foi ser vetada para ir a campo.
“Naquele período, a gente não percebia essas diferenças, nem se falava muito abertamente sobre isso, então as coisas as vezes eram mais sutis, mas as dificuldades que eu tive, foram das empresas levarem a gente para as obras, elas queriam nos deixar apenas nos escritórios, com parte de projetos, com levantamento de quantitativo de custos, porém com toda insistência, até porque eu era persistente, com o passar do tempo, foram me deixando no canteiro de obras para atuar na construção civil”, destacou.
Desafios
Ao Acorda Cidade, Maria de Socorro explicou que um dos desafios era poder coordenar uma obra.
“Todos nós temos alguns desafios, antes alguns na minha época, outros que ainda permanecem, mas acima de tudo, é mostrar que a mulher é capaz, nós somos capazes de conduzir uma obra, trabalhar na construção civil dentro de um canteiro de obras, de desenvolver as atividades, e principalmente um desafio maior é assumir cargos de chefia. Esse desafio é permanente e não apenas em obras, não somente para mulheres, mas assumir um cargo de chefia em qualquer situação, em qualquer emprego é sempre um grande desafio”, afirmou.
Estímulo
Sejam estudantes homens ou mulheres, o estímulo sempre é dado pela professora em sala de aula.
“Eu sempre estimulo as alunas na profissão, na verdade, não só elas, mas também os alunos, porque quando eu percebo que eles gostam da profissão, aí eu estimulo a irem para a minha área de geotecnia. A valorização por exemplo, é saber que nós somos respeitadas profissionalmente e que acreditam em nossa capacidade, independente do gênero, a valorização precisa ser enquanto seres que somos, porque quando a gente gosta do que faz, quando a gente faz com zelo, com dedicação, nós somos respeitados”, concluiu.
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