Feira de Santana

Estudante da Uefs acusa seguranças de agressões físicas e verbais

O caso foi registrado na delegacia. A Uefs e a Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Feira emitiram nota sobre o ocorrido.

16/11/2022 às 22h03, Por Gabriel Gonçalves

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Um estudante da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que preferiu não se identificar, acusou alguns seguranças da instituição de agressão física e verbal na madrugada da última sexta-feira (11).

Ao Acorda Cidade, ele contou que estava participando de uma festa no conjunto Feira VI, e teve dificuldades para chamar um carro por aplicativo com o objetivo de retornar para casa, foi quando teve a ideia de utilizar a internet da Universidade.

“Eu estava em uma festa no Feira VI, e após ter encontrado dificuldades em chamar um carro por aplicativo e considerando que eu não tinha créditos no meu celular, eu decidi ir para a Uefs conectar o WiFi aberto da Universidade. Me apresentei no portão lateral onde um dos seguranças me informou que pelo horário, isso já era madrugada de sexta, eu não poderia entrar no Campus, já que não sou residente, porém eu já tinha dado meu número de matrícula e meu curso. Foi quando decidi pular o muro”, informou.

Estudante acusa seguranças de agressão
Foto: Arquivo Pessoal

Após o ato, o estudante informou que já na parte interna da instituição, dois seguranças o abordaram, questionando o motivo de ter pulado o muro.

“Dois seguranças me encontraram e me imobilizaram. Depois de muita confusão, me perguntaram o que eu queria lá dentro da Uefs, e disse que era para utilizar a internet, mas aí, eles pegaram minha mochila e meu celular. Depois que me soltaram, ainda chegaram a me ameaçar, caso eu não comprovasse que era estudante da Uefs. Eu retruquei e perguntei o que iria acontecer, foi quando começou com as agressões verbais, já tinham uns nove seguranças, lembro que um me segurou e os outros me bateram, me deram murros no rosto, me xingaram, lembro que um ainda colocou a mão na arma e peguntei se iriam me matar naquele momento, foi quando outros colegas tentaram acalmá-lo”, disse.

Ainda segundo o estudante, os seguranças acionaram uma guarnição da Polícia Militar que esteve no local.

“Depois de todas as agressões, eu disse que só queria ir para casa tranquilamente, mas aí pegaram meus documentos, fotografaram, foi quando entendi a gravidade do que estava acontecendo naquele momento. Ainda tentaram me convencer para que quando eu chegasse em casa, era para dizer que briguei na festa ou tropecei em algum lugar, mas depois chamaram a polícia. Quando a viatura chegou, os guardas cumprimentaram os policiais, explicaram a situação em particular e fui levado no fundo da viatura como um agressor, porque os seguranças prestaram queixa contra mim. Somente na delegacia que eu tive meus documentos devolvidos. Assinei um compromisso informando que eu estaria presente em uma audiência, e que tinha que fazer ainda exame de corpo de delito, só depois de tudo isso que fui para casa”, contou.

Ao Acorda Cidade, o estudante informou que durante a sexta-feira do dia 11, sentiu fortes dores no rosto e na costela, e foi preciso ser consultado em um posto de saúde.

“Só depois que tudo foi resolvido como o próprio exame de corpo de delito, que eu comecei a sentir fortes dores da costela, dores para respirar, meu olho já estava muito inchado, eu não estava conseguindo mastigar o alimento, tive que ir em um posto de saúde. O médico que me atendeu passou anti-inflamatório, hoje eu posso dizer que estou bem, ainda não 100%, porém melhor do que antes. A Uefs já se manifestou, inclusive por conta do feriado prolongado, demorou um pouco, mas tivemos aí a força do movimento estudantil que de certa forma colocou uma pressão sobre o caso. A situação já foi passada para o reitor, e a Uefs já está tomando uma posição para investigar tudo”, concluiu.

A Universidade Estadual de Feira de Santana emitiu um comunicado oficial.

A Uefs vem a público, antes de qualquer outra manifestação, repudiar todo ato de violência direcionado à sua comunidade acadêmica, funcionários, servidores e também da comunidade externa. Diante da denúncia, sobre o fato ocorrido no último dia 12, cabe à instituição, além de iniciar prioritariamente os trâmites de apuração na esfera administrativa, orientar a vítima que se dirija a uma delegacia de polícia civil para registrar boletim de ocorrência, iniciando assim, também, uma apuração na esfera criminal.

Sejam quais forem as condutas inadequadas ou crimes apontados após os devidos processos de investigação, não há que se falar em impunidade nem nada do gênero. Além de ter como prioridade e responsabilidade zelar pela integridade física e emocional da sua comunidade, a Uefs tem noção da sua função social e responsabilidade jurídico-administrativa diante deste e qualquer outro fato que vá de encontro a direitos e garantias.

Apurados os fatos, a Uefs se compromete a fornecer à comunidade com transparência e objetividade os desdobramentos jurídicos e administrativos na solução do caso.

A Ordem dos Advogados do Brasil, através da Subseção Feira de Santana, também emitiu uma Nota de Repúdio sobre o caso.

A OAB Subseção Feira de Santana, juntamente com a Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero, tomou conhecimento, na manhã do dia 16/11/2022, sobre o caso de homofobia envolvendo um estudante do curso de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana e os seguranças da referida instituição.

Inicialmente, gostaríamos de externar nossa solidariedade ao estudante, que, infelizmente, se tornou mais uma vítima de discriminação e violência em razão de sua orientação sexual.

A Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Subseção Feira de Santana vem a público externar seu repúdio a qualquer ato de violência, seja ela física, verbal ou psicológica, em razão de discriminação por orientação sexual, gênero, raça, ou qualquer outra forma de preconceito e discriminação.

Oportunamente, confiamos na seriedade e compromisso da Universidade Estadual de Feira de Santana para com o bem-estar de todos os seus alunos, indistintamente. Acreditamos que a UEFS irá adotar todas as medidas administrativas cabíveis para identificação, apuração e responsabilização nas esferas administrativa, civil e criminal, dos envolvidos neste crime de ódio.

A OAB Subseção Feira de Santana, por meio da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero, acompanhará o caso de perto, e cobrará medidas energéticas da Universidade, para que este caso não passe impune.

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  1. Desde quando estava fora do horário e não foi permitido a entrada, ao pular o muro ele (independente de raça ou gênero), acabou cometendo um crime de invasão de patrimônio público ou privado, não estou defendendo os vigilantes, mais sem tem alguma vítima nessa história toda, com certeza não foi o “ESTUDANTE”.

  2. Errou os seguranças e errou feio o rapaz pular muro altas horas da madrugada, se estivesse em kza dormindo estava em paz hoje, agora é como diz o ditado quem sente sua dor é quem geme.

  3. Errado os seguranças por usar agressão após a identificação do rapaz e erradíssimo o rapaz que foi para a festa sem condições de voltar para casa e sem internet ainda. pular muro altas horas da madrugada, pelo amor de Deus, se tivesse em kza dormindo ñ aconteceria isto agora ta aí com a cara quebrada, e dar graças a Deus por está vivo.

  4. Não tinha nada que pular muro ,quem pula muro sem autorização em uma área de proteção está sujeito a várias situações. Lembrando que ali se hospedam vários estudantes de outras cidades,o papel deles é reprimir qualquer ato que venha a pôr em risco a vida desses estudantes!
    Não tinha nada que pular muro ,deu sorte . Se fosse o outro muro do lado esquerdo a situação séria diferente.
    Papo de wi-fi,baratino dele.
    De uma coisa eu sei,nunca mais pula muro!!

  5. Olha, não estou aqui pra julgar ninguém até
    porque essa situação é complicada, porém o tal estudante invadiu a instituição de ensino e quer ainda sair como santo. Os seguranças erraram sim por usar abuso da força.

  6. Erro gravíssimo dos profissionais de segurança e violência desnecessária com o invasor (seja ele quem for), ao patrimônio público.
    Não justifica reagir desta maneira a uma pessoa desarmada que aparentemente pulou o muro da instituição de madrugada, somente pra usar o wi fi.
    Deveriam facilitar o acesso e depois acompanhar até a saída, tomando as medidas legalmente cabíveis.

  7. Agora vão dizer que foi homofobia. Os seguranças agiram obedecendo ordens e impediram que o estudante pulasse o muro e causasse maiores danos aos demais

    1. Infelizmente esse pessoal acha que pode tudo,ele tinha dinheiro para beber na festa e para pagar Uber e não tinha para colocar crédito no celular,quem sofre aí são os seguranças que acaba sendo a parte mais fraca

    2. Tá certo que ele não deveria ter INVADIDO a instituição (a palavra certa é essa mesmo; se havia ordem para ninguém mais entrar, então foi invasão…). Mas a questão é que não tinha necessidade de os seguranças agredirem (ainda mais em grupo, na COVARDIA). Nem mesmo se tiver ofendido eles. Faltou profissionalismo… Deveriam abordar, identificar, entrar em contato com um responsável (se vigilantes individualmente não tem contato, a supervisão deve ter) para saber se chamava a policia (principalmente se não se identificasse) ou até deter para aguardar presença do responsável… se não fosse esse o caso, escoltar até a saída (se resistisse, falar com responsável pra chamar a policia), e deixar que a Reitoria resolvia o problema depois… Pelo regimento interno, no mínimo o estudante ia receber uma advertência verbal na sala do Reitor (bronca em reservado)… Talvez por escrito, ficando registrado no histórico interno, ou talvez uma suspensão (Mais difícil, visto que não depredou nada nem deu prejuízo nenhum).

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