Andrea Trindade
O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e para quem não tem experiência, os obstáculos são ainda bem maiores. Mas isto não é problema para quem foca na qualificação profissional e busca obter conhecimentos práticos através de trabalhos voluntários e empresas Juniores (EJ). Estas surgiram na França na década de 60 e espalhou-se pelo mundo, chegando ao Brasil através da Empresa Júnior Fundação Getúlio Vargas, na década de 80. Na Bahia, a primeira EJ foi implantada em 1990.
Considerada uma entidade sem fins lucrativos, a empresa júnior é formada por estudantes de graduação em instituições de ensino superior que prestam serviços para a comunidade e empresas, sob a supervisão de seus professores.
Com esta prestação de serviço, relacionada à sua área de estudo, o aluno obtém um primeiro contato prático com sua futura profissão, conhecendo na prática o que é exposto teoricamente na sala de aula e adquirindo também experiência profissional.
Na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) existem cinco EJ: ADM Jr-UEFS (do curso de Administração), Consulte Júnior (Economia, Ciências Contábeis e Administração), Ecomp Jr (Engenharia da Computação), Engetec Engenharia Jr (Engenharia Civil e Engenharia de Alimentos) e a Geoanálise (Geografia). Veja as fotos no final da reportagem
De acordo com o estudante Rafael Correia, diretor presidente, da Engetec Engenharia Jr, os serviços prestados pela empresa devem está sempre relacionados à grade do curso no qual o aluno faz parte, e custam menos que os serviços oferecidos no mercado. Além disso, proporciona o incremento de habilidades importantes em um profissional.
“O principal objetivo de uma empresa júnior é o aprendizado. Através da atuação na empresa os alunos acabam desenvolvendo diversas habilidades tais como trabalho em equipe, liderança, responsabilidade, etc. Tomam conhecimento de técnicas de gestão empresarial e entram em contato com a sua área de atuação através do desenvolvimento dos projetos”, explica.
A engenheira de alimentos formada pela da Uefs, Francislene Nunes, que atuou na Engetec, falou um pouco sobre o que a empresa júnior significou para ela profissionalmente.
"A Engetec foi para mim uma grande oportunidade de capacitação e desenvolvimento profissional, onde tive meu primeiro contato com o mercado de trabalho na área da Engenharia de Alimentos. Trago na bagagem uma vasta experiência e muitos conhecimentos adquiridos durante os três anos que passei lá, atuando na área de Marketing, Diretora Presidente e por fim, Conselho Administrativo, aprendendo a administrar os conflitos do dia a dia, ministrando cursos e palestras, organizando eventos, buscando manter a parte burocrática da empresa em dia, elaborando e desenvolvendo projetos, tendo contato com clientes, autoridades e comunidade acadêmica. Um diferencial que percebo hoje em minha rotina profissional é o conhecimento sobre gestão e planejamento, adquiridos durante a passagem na Engetec. Mais que experiência profissional, foi uma grande experiência de vida”, relatou.
Qualquer curso de graduação pode fundar uma empresa júnior, desde que sejam seguidos os requisitos mínimos estabelecidos pela Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Juniores). De acordo com Rafael, basicamente é necessário que os estudantes tenham o apoio da instituição de ensino, obtenham os materiais necessários, estrutura física e documentação, além da supervisão de um professor e/ou profissional orientador.
“Outra dica valiosa é entrar em contato com outras empresas, trocar informações, ferramentas, pois isso é o mais legal no movimento empresa júnior, pois há um espírito de colaboração muito interessante, desejamos crescer juntos. Também é importante entrar em contato com a Federação ou a Confederação”, ressalta.
Uma EJ pode ser constituída de apenas um curso de graduação ou ser multidisciplinar, agregando assim dois ou mais cursos. É importante lembrar que só é permitida a participação dos alunos do curso e que estejam regularmente matriculados na instituição.
Entrevista de emprego
O contato com a profissão através da empresas juniores ajuda o estudante sem experiência no mercado de trabalho a conquistar uma vaga. Apesar de o serviço ser desconhecido por muitos empregadores, o estudante pode relatar durante a entrevista suas experiências e conhecimentos adquiridos durante a atuação na EJ, mostrando assim que as pessoas que passaram por uma empresa júnior possuem, além da vivência de uma empresa, um diferencial. Vale também destacar que para fazer parte da júnior é necessário passar por um processo rigoroso de seleção, na faculdade.
“A cada dia que passa a EJ está ganhando espaço e conquistando a confiança de empresas conhecidas no mercado. Posso até citar algumas delas, parceiras da Brasil Júnior: Itaú, Bain & Company, Ambev, Aiesec, Odebrecht, entre outras. Todas elas apóiam esse crescente movimento”, afirma Rafael Correia.