Andrea Trindade
Cerca de três mil atendimentos mensais realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no HTO em Feira de Santana deixarão de ser feitos. O hospital pediu o descredenciamento à Secretaria Municipal de Saúde, segundo o secretário municipal de Saúde, Marcelo Britto, supostamente devido à exposição negativa da unidade na CPI da Saúde, instaurada pela Câmara Municipal de Vereadores para investigar contratos na secretaria, relacionados à gestão passada.
“Na tarde de ontem (30), chegou ao meu gabinete uma correspondência assinada pelo diretor do HTO, professor Jodilton Souza, solicitando da secretaria para que deixasse de prestar o serviço. Fomos apurar com o representante dele o que tinha acontecido, e a informação prestada foi que, como ele adquiriu o hospital recentemente, não gostaria de ver o hospital nesta barafunda que a Comissão Parlamentar de Inquérito tem feito exatamente com o nome do hospital, e que desta forma, como ele enxergava, primeiro, que a remuneração do SUS é quase simbólica, e é verdade, e como ele vê uma mídia extremamente negativa em cima da própria instituição, ele havia tomado a decisão de deixar de prestar esses serviços, que já são prestados há cerca de 30 anos, tanto na parte cirúrgica, quanto na parte ambulatorial. À época foi eu mesmo que obtive esse convênio, há 30 anos, e foi um momento importante para o hospital e para a população de Feira, que pode usar esse serviço sem custo pra ela, através do SUS”, explicou o secretário em entrevista ao vivo no programa Acorda Cidade.
Marcelo Britto recordou que, em razão do custo, o HTO já havia deixado de realizar, há algum tempo, as cirurgias pelo SUS, e criticou a exposição causada pela CPI da Saúde a instituições que prestam serviços à população.
“Toda a parte do atendimento ortopédico, que era a essência dele, ainda lá atrás fazia a parte cirúrgica – depois deixou de fazer em razão das tabelas -, e hoje toda a parte de urgência que era feita pelo hospital deixará de ser feita. O último levantamento que eu tenho é que eram três mil atendimentos por mês, é um número importante, significativo. Lamentavelmente, a gente já passa por um grau de dificuldade nos atendimentos e isso vai se agravar. Acho que as atitudes da CPI têm ideia de fazer as investigações necessárias, mas não deve difamar, não deve caluniar, não deve expor as instituições a esse grau de desgaste porque o resultado disso é prejuízo para a população. Está aí o prejuízo, do objetivo criado”, declarou.
Questionado pelo Acorda Cidade se o pedido de descredenciamento é temporário, o secretário informou que aparentemente não.
“Não me parece. Não posso responder pelo futuro, claro, mas um descredenciamento desse, por exemplo, não retorna de forma natural. Teria que ter um novo processo de licitação, teria que se submeter a um novo processo de licitação, não é só simplesmente se credenciar, existe uma parte burocrática e legal que precisa ser cumprida. É uma perda muito importante, eu lamento profundamente. Este é o resultado de irresponsabilidades dos nossos governantes e dos nossos legisladores. Não precisava chegar a tanto. Está aí o problema. Não tenho dúvida do impacto deste descredenciamento. Se quer fiscalizar, que fiscalize, que apure, denuncie, leve a Polícia Federal, a quem quiser, mas não é possível expor a instituição e levar um prejuízo para a população. E agora?”, questiona o secretário.
Feira de Santana conta agora com apenas duas unidades particulares conveniadas ao SUS no setor de ortopedia: a Casa de Saúde Santana e a clínica Cliort. O HTO foi adquirido pelo Grupo Nobre em fevereiro deste ano.
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