Feira de Santana

Pais de alunos enfrentam longa fila para matricular filhos em escolas municipais

Algumas pessoas levaram bancos, cadeiras, cobertores, para enfrentar a longa espera desde a madrugada.

Rachel Pinto e Laiane Cruz

Atualizada às 09h31

Muitos pais enfrentaram uma longa fila desde a tarde de ontem (15) e a madrugada desta quarta-feira (16) para matricular os filhos em escolas do Conjunto Feira VII em Feira de Santana.

Uma senhora que estava com um bebê de seis meses e não quis se identificar contou à reportagem que chegou às 6h da manhã e era a última da fila para tentar uma matrícula no Centro Municipal de Educação Infantil Antônio Carlos Machado.

Segundo ela, foi informada que a escola tem apenas 8 vagas disponíveis. “Sou a última da fila e pelo jeito não vou conseguir uma vaga, já que têm apenas 8”, lamentou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Outra senhora que está gestante de 9 meses, relatou que chegou por volta das 6h30, procurou uma fila de prioridade, mas não encontrou.

“Cheguei neste horário por conta das dores da gestação. Fui procurar saber se existia a fila de prioridade, mas não existe. As pessoas que estão aqui desde as 4h da manhã não deixaram ter uma fila de prioridade”, lamentou.

Rafaela Santos também foi em busca de uma vaga para a filha de três anos e temia não encontrar. “Estou aguardando. O ensino da escola é bom, mas as vagas são poucas”, afirmou.

Fernanda Amorim chegou às 5h da manhã e na opinião dela não há condições da escola oferecer somente 8 vagas. “As pessoas estão brigando pela vaga. Isso é injusto para a comunidade. Meu filho de três anos vai estudar aonde? Se só temos essa opção aqui”, comentou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Outras pessoas que faziam parte da longa fila contaram à reportagem que chegaram ao colégio desde a tarde de ontem e estavam fazendo uma verdadeiro acampamento em busca de matricular os filhos. Algumas levaram cobertores, cadeiras, bancos e alimentos e consideraram a situação como uma humilhação.

Apesar da grande demanda por vagas na unidade escolar, a diretora do Centro Municipal de Educação Infantil Antônio Carlos Machado, Mônica Santa Rosa, esclareceu que não há vagas suficientes para atender a toda a comunidade da área.

“No ano passado, a creche não abriu em tempo integral, por conta da pandemia, ocorreu de forma parcial. Nós matriculamos um grande número de crianças da comunidade, tivemos 242 matrículas. Só que esse ano a creche volta a ser integral, até porque são crianças muito pequenas, e essas crianças que foram matriculadas no ano passado, a maioria delas permanece, por isso o número tão reduzido de vagas. A gente já tem seis turmas do grupo 2, que permanece toda na escola, e uma turma do grupo 1, que permanece no grupo 2. A capacidade aqui é de 120 crianças, que são muito pequenas”, explicou a diretora.

Mônica Santa Rosa informou que uma portaria da Secretaria Municipal de Educação diz que só podem ser abrigadas 15 crianças por turma e o colégio já possui oito turmas.

“É isso que podemos atender. Eu vou atender o que a escola é capaz de ofertar. Hoje temos 10 vagas para o grupo 3 e 8 vagas para o grupo 2. Porque as crianças do ano passado permanecem na escola, elas não podem perder a vaga que já está garantida na casa. Desde ontem, estou avisando às mães. Disse que não viessem dormir na fila, o bairro está muito violento, e o número é pequeno de vagas. Eu vou colocar aqui as pessoas que vão suprir. Todo ano aqui, na verdade, é assim. As vagas ofertadas não atendem a toda a comunidade. A secretária já falou que em pouco tempo serão atendidos, estão abrindo mais quatro creches na cidade, inclusive uma no 35º BI, e as pessoas podem se transportar pra lá, assim como vem gente de lá para aqui”, salientou.
 

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

No Colégio Professor José Raimundo Pereira de Azevedo (Caic) também havia uma longa fila dos pais em busca de matricular os filhos.

Vagas reduzidas

A secretária de educação de Feira de Santana, Anaci Paim, atribuiu a reduzida oferta de vagas em algumas escolas da rede ao fato de que não há muitas desistências de estudantes já matriculados no ano letivo passado.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“Nós estamos retomando as aulas 100% presenciais. Houve um período em 2020 e 2021, que o modus operandi foi diferenciado para atender às exigências pandêmicas. Agora com o retorno, as famílias não estão tirando os filhos da escola, e as vagas que ficam disponíveis para os novos estudantes têm que ser consideradas de acordo com o que a escola permite abrigar. Então se aluno não desiste de permanecer na unidade escolar, essas vagas só vão existir para 2 ou 3 anos e aí não tem vaga para atender a todos. O módulo para alunos de 2 e 3 anos é de 15 alunos por sala, não podemos atender mais do que isso. E a escola tem uma capacidade física instalada que não se amplia dessa maneira”, afirmou.

No caso do conjunto Feira VII, a secretária explicou que o local tem um crescimento populacional exponencial, e o número de crianças no bairro tem apontado a necessidade de expansão da matrícula, com construção de novas unidades.

“Nós já estamos trabalhando nessa direção. Mas nas unidades existentes, como é o caso do Caic infantil e o caso do Antônio Carlos Machado, a capacidade está ocupada porque não há desistência daqueles que estão matriculados na unidade escolar. Então não é uma questão de querer ou não atender. Há uma demanda por novas construções de educação infantil no município, como na Asa Branca, que agora estamos com uma creche e uma escola também em andamento, além da Conceição, Mangabeira, na região do Campo do Gado Novo, 35º BI, que são quatro CMEIs que vamos inaugurar agora no mês de fevereiro. Então as pessoas migraram da rede privada e outros querem a vaga porque seus filhos chegaram a essa faixa etária.”

Anaci Paim destacou que a secretaria tem um planejamento, onde além da inauguração de quatro creches esse mês, está com outras em andamento.

“E outras que vamos licitar. Nesses bairros populares, todos têm área que permite a construção de unidades escolares e equipamentos da área de saúde. Nós estamos fazendo o cadastro para construção de unidades escolares específicas que atendam à demanda, mas isso não acontece de uma hora para outra. E o advento da pandemia trouxe outra realidade, que foi a migração dos alunos da rede privada para a pública. Temos vagas, mas às vezes acontece de não existir na localidade que a família deseja. O ideal e que eu defendo sempre é que o aluno fique próximo da sua residência, mas com a demanda crescente e a mobilidade urbana com deslocamento de núcleos urbanos mudou a realidade. Novos aglomerados urbanos apresentaram uma nova demanda, que tem que ser atendida. Estamos expandindo ao máximo, atendendo a educação infantil de uma maneira especial, e o crescimento dessa demanda por matrículas em 2022 foi além do nosso planejamento.”

Ainda conforme a secretária de educação, as escolas estão informatizadas e informam aos pais que as procuram, onde tem vagas. “A família chega lá procurando, a escola informa que pode buscar a vaga em tal lugar.”

As matrículas na rede municipal se iniciaram nesta quarta-feira (16) e prosseguem até o dia 18 de fevereiro. A matrícula acontecerá de forma presencial na unidade escolar desejada. As aulas terão início em 21 de março. (Saiba mais aqui)

Para a matrícula, os novos estudantes devem apresentar à escola pretendida o histórico escolar (original); original e cópia da certidão de registro civil ou da cédula de identidade; CPF; 1 foto 3 x 4 recente do estudante; cópia e original do cartão de vacinação atualizado.

 

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
 

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