Gabriel Gonçalves
Os familiares dos detentos do Conjunto Penal de Feira de Santana, realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (10) em frente à unidade prisional, contra as más condições de carceragem do local.
Ao Acorda Cidade, a mãe de um detento, Marlene Ferreira da Conceição, explicou que os internos não estão recebendo a devida assistência médica.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eles não estão recebendo assistência médica, se algum deles estiver com dor de dente, ficam com a dor de dente, se estiverem com febre, ficam com febre. Até dizem que a assistência está sendo dada, mas não é isso que acontece. Além disso, tem uma situação do castigo chamado de 'Chapão', assim que os detentos chegam aqui, já colocam nesse tal de Chapão, não tem uma higiene, os bichos ficam andando pelo meio, os colhões podres e velhos que ficam soltando os pedaços. Também não estão mais tendo direito ao banho de sol todos os dias. Agora é um dia sim, um dia não", afirmou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Hoje estamos aqui apenas para entregar estes alimentos e materiais de higiene pessoal. As visitas foram suspensas por conta da Covid-19, a gente sabe que assim como aqui, também foram suspensas em outros locais, porém estamos com todos esses materiais aqui, mas infelizmente, quando entramos lá, muitos tiram e até jogam no lixo", disse.
Ao Acorda Cidade, a esposa de um detento que não quis se identificar, listou algumas das reivindicações que estão sendo feitas pelos internos.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eles estão reclamando do banho de sol que não está ocorrendo todos os dias, como determina a Lei de Execução Penal, isso está acontecendo porque não tem agentes suficientes para abrir todos os pavilhões e com isso, os presos estão sendo castigados ficando sem o devido banho de sol. Estamos com uma grande dificuldade para entregar os materiais de higiene para eles, os presos estão relatando que estão sem creme dental, sem sabonete, ficando sem fazer a higiene pessoal, ficam até 15 dias sem escovar os dentes, sem usar sabonete, andam descalços e ainda tem a situação da alimentação. Eles estão dizendo que muitas vezes, o alimento chega estragado ou não chega com uma procedência muito boa e por muitas vezes, a alimentação que é fornecida é insuficiente para a quantidade de internos que tem aí dentro. Eles estão reclamando também da falta de colchões, tem muita gente aí dormindo no chão e muitos familiares ainda não receberam a carteira de visita, porque nós temos o direito de visitar eles, assim como eles também possuem o direito de receber visitas, estamos lutando pelos nossos direitos e pelos direitos deles", concluiu.
Ainda de acordo com a esposa do detento, após a manifestação em frente ao Conjunto Penal, o grupo irá seguir para a Defensoria Pública.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O Acorda Cidade entrou em contato com a direção e o diretor da unidade e ele enviou a seguinte nota:
A Secretaria de Administração Penitênciaria considera o contato familiar como de fundamental importância para o processo de reinclusão social dos apenados, entretanto precisa seguir protocolos de monitoramento do sistema prisional no tocante a incidência da COVID-19 e do H3N2.
Com o crescimento do número de casos das doenças na sociedade e a consequente diminuição de leitos da rede pública, decidiu-se pela suspensão temporária das visitas sociais, o que tem gerado algumas manifestações.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade