Laiane Cruz
Com apenas 28 semanas e quatro dias de gestação, a moradora do Conjunto Feira X, Natália Tosta, deu à luz a pequena Liz. O parto prematuro ocorreu no dia 31 de agosto no Hospital da Mulher.
De acordo com Natália, o parto de Liz foi normal. Ela começou a sentir as dores no dia 29 de agosto, quando deu entrada na emergência do hospital. Apesar do susto inicial, a menina vem se recuperando bem e com ganho de peso na unidade mãe-canguru.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Ela nasceu com 1.050 kg, mas o hospital só libera a partir de 1.8 Kg. Estou com saudade da família, dos cachorros, de tudo, e estou na expectativa de sair com minha filha nos braços, com saúde, 100%”.
Até outubro deste ano, 400 bebês nasceram prematuros no Hospital da Mulher, em Feira de Santana, com uma taxa de 5,9% de prematuridade. Em todo o ano de 2020, foram 532 bebês que nasceram abaixo de 37 semanas, com uma taxa de 6,1%.
De acordo com a enfermeira Emylle Araújo, que atua na unidade hospitalar, a taxa de prematuridade no hospital é considerada alta, porém inferior ao registrado na Bahia, que é de 13%.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“São várias as causas da prematuridade. Mas, para evitar, é importante que a mulher realize um pré-natal adequado. As principais causas de nascimento de bebês prematuros são tabagismo, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, sangramento vaginal, diabetes, hipertensão arterial e gravidez gemelar. E durante o pré-natal podem ser detectadas causas que possibilitem a prematuridade, que podem ser tratadas, então tem como prevenir”, alertou a profissional de saúde.
Ela explicou ainda que o bebê prematuro é todo aquele que nasce com menos de 37 semanas e suas principais características físicas são a cabeça proporcionalmente maior que o corpo, pouco teor de gordura corporal, pele fina, brilhante e rosada, músculos mais fracos, movimentos físicos reduzidos, respiração rápida e irregular e as veias bem visíveis.
Conforme o médico pediatra Luciano Cavalcanti Santana, grande parte dos casos de prematuridade em bebês também está relacionada a mães em fase de adolescência. Outro dado importante é que bebês prematuros podem ter maior dificuldade no desenvolvimento.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Eles, portanto, vão precisar de uma equipe multidisciplinar, que inicia na primeira fase, que é a UTI, segunda fase é o berçário, e a terceira fase é a mãe-canguru aliada ao ambulatório, que faz o acompanhamento. Ele vai desde o nascimento na UTI, até ter o seu peso estar favorável para alta, e o ambulatório faz o acompanhamento. Os bebês prematuros podem ter alguns problemas no decorrer do crescimento, então é sempre bom prevenir através da assistência básica”, salientou.
A fisioterapeuta Rafaela Santana também ressaltou o papel deste profissional no desenvolvimento de bebês prematuros, atuando em todos os níveis da assistência hospitalar.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“O Hospital da Mulher hoje oferece todos os níveis de atenção ao bebê prematuro e à sua família, desde a UTI Neo Natal, passando pela unidade de cuidados intermediários, até chegar ao mãe-canguru, onde eles permanecem em ganho de peso até alcançar 1,8 kg, partindo para o ambulatório. O fisioterapeuta atua em todos esses níveis, e temos aqui uma equipe com 15 fisioterapeutas, todos capacitados em assistência ao bebê prematuro, então é uma assistência diferenciada, que requer um olhar global do profissional”, informou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Para ela, o bebê prematuro precisa ser visto como um todo. “A gente quer entregar esses bebês às suas famílias da forma mais saudável possível, com seu sistema nervoso central preservado. Então os cuidados são contingentes, respeitamos o sono do bebê e fazemos o cuidado organizado com a enfermagem.”
Também em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente da Fundação Hospitalar, Gilbert Lucas, que administra o Hospital da Mulher de Feira de Santana, contou que a unidade tem em curso a construção de um berçário com mais 12 leitos e já realizou a ampliação do programa Mãe Canguru, a fim de aprimorar o atendimento a esse público.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Também realizamos a aquisição de equipamentos necessários para essa assistência de bebês prematuros, como berço aquecido, ventilador pulmonar e incubadoras. É importante a gente salientar que a assistência para bebês prematuros não termina na alta, o que reforça muito toda a parte ambulatorial, porque a gente tem especialidades, como atendimento pediátrico até o primeiro ano de vida, equipe de fisioterapia, fonoaudiologia, e também aquelas especialidades necessárias, como neuropediatra, cardiologista pediátrico, todo o acompanhamento importante para uma vida saudável.”
A presidente da Fundação reforçou ainda a importância do Novembro Roxo e a realização do Dia D da Prematuridade na unidade, que ocorrerá no dia 17 de novembro.
“A gente vai ter uma programação extensa com a equipe multiprofissional da unidade, mas também o Dia D no dia 17, que vamos abraçar essa causa da prevenção com atividades para mães que estão internadas com bebês na UTI, berçário e mãe-canguru.”
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade