Gabriel Gonçalves
Atualizada às 9h45
Na tarde da última sexta-feira (10), os feirantes da Marechal Deodoro em Feira de Santana, voltaram a se reunir para verificar o projeto elaborado em 2019 por uma estudante na época, de arquitetura e urbanismo da Faculdade Unef, que tem como objetivo manter os trabalhadores no centro da cidade.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o engenheiro civil, mestre em urbanismo e transporte da Faculdade Unef, Allan Pimenta, destacou que todo o projeto foi discutido e apresentado à prefeitura.
"Esse processo foi elaborado em 2019 antes do Projeto Novo Centro, feito para o TCC da estudante na época, Mariana Amaral, justamente sobre este propósito da Marechal ser requalificada, ter um espaço mais organizado para o pedestre. Ouvimos todos os integrantes como os lojistas, feirantes e a própria prefeitura, fazendo assim uma integração do espaço, com ruas compartilhadas, tendo veículos trafegando, um projeto amplo sem prejudicar ninguém, muito menos os lojistas, melhorando o fluxo das pessoas e mantendo o patrimônio histórico que é a feira da Marechal", disse.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
De acordo com Allan Pimenta, o projeto inicial teria como espaço dedicado aos feirantes, o canteiro central, mas como a prefeitura definiu para área verde, será feito um deslocamento dos trabalhadores, para que ainda sim, possam continuar na Marechal Deodoro.
"Em nosso projeto, nós definimos que colocaríamos todas as barracas padronizadas e alinhadas na área central, porém o projeto deles, é que este espaço seja das áreas verdes, então teríamos que deslocar os feirantes um pouco mais para a lateral para não competir nem obstruir com os pedestres. Por diversas vezes nós já discutimos esse projeto com o pessoal da prefeitura, já levamos para a Câmara, foi aprovado, mas ainda sim, a prefeitura se nega a receber os feirantes para ter um diálogo aberto e participativo, para que de fato, possam ter uma solução viável e não colocar os feirantes no Centro de Abastecimento, nem nas feirinhas dos bairros, que já estão totalmente saturadas", pontuou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Segundo o professor, o projeto visa que cerca de 80 barracas sejam colocadas na área central da Marechal.
"A gente pensou em um total de 80 barracas, todas elas com duas capacidades, uma de cada lado, o que seria suficiente para atender a todos os feirantes. Eles pagariam uma taxa por exemplo para manutenção como uma taxa de aluguel, porque eles até preferem pagar essa taxa, do que ir para o Centro de Abastecimento sem pagar nada. Basta que a prefeitura possa olhar este projeto, pois os lojistas em sua maioria apoiam, e vimos que na época, cerca de 68% dos lojistas, disseram ser a favor da organização, porque melhora o fluxo das lojas e os feirantes atraem clientes para a Marechal, melhorando também a venda no comércio", concluiu.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Ao Acorda Cidade, o secretário de Planejamento do município, Carlos Brito, explicou que não há conhecimento do projeto elaborado em 2019, na época a estudante Mariana Amaral.
De acordo com ele, este foi um trabalho acadêmico apresentado na Faculdade, o que diverge dos projetos técnicos para o centro da cidade. Para Carlos Brito, é necessário que todos os feirantes se desloquem para o Centro de Abastecimento.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Eu não lembro desse projeto, o que pude ouvir na matéria, se trata de um trabalho acadêmico de uma estudante ou engenheira, o que é diferente do trabalho dentro dos procedimentos técnicos para a execução dessa atividade. Nós estamos avaliando qualquer alternativa para o espaço da Marechal, mas primeiro, o que tem que ser feito, é que os feirantes sigam para o Centro de Abastecimento, porque a decisão do governo municipal, é esta", declarou.
Com relação ao patrimônio histórico que foi mencionado pelo professor Allan Pimenta, o secretário Carlos Brito, explicou que pode existir a tradição das feiras existirem em apenas um dia, mas esta possibilidade não foi definida.
"Eu achei muito interessante quando se diz na reportagem que a Marechal é uma tradição e sim, uma tradição, porém apenas um único dia da semana, quem é nativo da cidade, sabe que a segunda-feira, apenas um dia da semana, e não todos os dias, mas é preciso ter uma solução, é necessário estudar, mas nesse primeiro momento, os trabalhadores informais, precisam ir para o Centro. Não queremos agir de forma truculenta, nada com violência, mas a decisão do governo é que para que as obras possam ser concluídas, não pode ter nenhum feirante na região", disse.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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