Rachel Pinto e Laiane Cruz
A volta às aulas na rede estadual de ensino de forma semipresencial, nesta segunda-feira (27), em Feira de Santana, registrou baixa adesão dos alunos. Muitas escolas estiveram vazias e outras com pouca presença dos estudantes.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
No Instituto de Educação Gastão Guimarães (IEGG), mesmo seguindo todos os protocolos sanitários, muitos alunos não compareceram.
A diretora da unidade escolar, Alfreda Xavier, disse que essa baixa adesão nas primeiras duas semanas é esperada e aproveitou a oportunidade para conclamar os pais para que levem seus filhos para a escola.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Na opinião dela, esse é o momento de retorno, e os alunos precisam voltar às escolas. Alfreda Xavier frisou também que o colégio se preparou e tem como objetivo cuidar da saúde dos alunos, professores e de todos os funcionários.
“Peço aos pais dos alunos do IEGG que tragam seus filhos para a escola. A escola está totalmente preparada para receber todos os alunos. Tem todos os protocolos, desde a entrada, com aferição de temperatura, álcool em gel por todos os locais, remarcação de cadeiras e está totalmente arrumada. Há correntes, sinalização, pias instaladas e são esses os protocolos que nós temos. Fizemos com muito carinho e amor, porque são vidas. A minha vida também está aqui e nós temos que cuidar dos nossos alunos, dos nossos professores, funcionários. A escola está pronta para receber os alunos”, disse.
A diretora informou que neste retorno semipresencial as salas de aula estão com a capacidade de 50% e as turmas são divididas em A e B, ocorrendo as aulas em dias da semana alternados para cada turma.
“Salas grandes, não são salas pequenas e deu para arrumar tudo direitinho. Conversamos com os professores, eles sabem que a escola está preparada e sabem da nossa responsabilidade, estamos aguardando que os professores retornem, não é fácil, mas é o momento”, enfatizou.
Josemir Silva Santos, que é pai de uma aluna do Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde de Feira de Santana (Ceep), relatou que foi até o local para conferir se as aulas realmente começariam nesta segunda. Ele afirmou que viu poucos alunos e gostaria que esse retorno acontecesse quanto todos estivessem completamente imunizados.
“A minha opinião é que tanto os professores como os alunos devem ser vacinados para que haja essa liberação das aulas com mais segurança”, frisou.
Yasmin Araujo Mendes, que é aluna do IEGG, declarou ao Acorda Cidade que ficou surpresa com o retorno das aulas, mas estava animada para a nova realidade.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Para ela, o ensino remoto apresenta algumas dificuldades e com as atividades semipresenciais será melhor para absorver os conteúdos escolares.
“Em casa é ruim de aprender, porque não tem a presença do professor para explicar melhor, tirar as dúvidas. Eu não conseguia entender, mas dava o meu melhor. Com a presença do professor é melhor e minha expectativa é que dê tudo certo e breve volte à normalidade”, acrescentou.
Também aluna do IEGG, Renata Louise ressaltou que está seguindo todos os cuidados neste retorno semipresencial, com a higienização das mãos e o distanciamento. Ela avaliou que o colégio está bem preparado para esta etapa.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
“A escola está seguindo os protocolos, e eu já esperava. Tudo limpo e avaliamos que tem segurança. No entanto, eu achava que viria mais gente”, completou.
Retorno às atividades sem diálogo, diz APLB
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (APLB), Marlede Oliveira, afirmou ao Acorda Cidade que este retorno das aulas semipresenciais na rede estadual de ensino ocorreu sem nenhum diálogo com os professores, estudantes e famílias, e que cerca de 90% das escolas em Feira de Santana não retomaram as atividades.
Ela informou que muitas escolas ainda estão em reformas e que a maioria não tem condições de adotar as medidas sanitárias.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
“O governador agiu de forma precipitada e ele unilateralmente decidiu o retorno. A maioria da categoria só tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19, e os estudantes não tomaram dose nenhuma. Desde março que os professores estão dando aula remotamente com seus equipamentos e o governador não ofereceu nada. Hoje visitamos as escolas e mais de 90% das escolas não retornaram. Os pais não mandaram os seus filhos e isso reflete que o governador precisa ouvir. Ele foi eleito para ouvir a população, e é preciso sentar com o sindicato para resolver”, pontuou.
Segundo a sindicalista, haverá uma reunião da categoria com o secretário estadual de educação, Jerônimo Rodrigues, para discutir sobre o assunto.]
Ponto cortado
Conforme a Coordenadora do Núcleo Territorial de Educação (NTE 19), Celinalva Paim, em Feira de Santana existem 54 escolas da rede estadual e 54 mil estudantes matriculados. Do total de unidades escolares, apenas 23 retornaram nesta terça-feira, com uma média de 40 a 50% das turmas.
“Alguns professores ainda não estão se sentindo seguros para voltar à escola. Mas pelo decreto, a volta é certa, nessa fase híbrida. Em Feira foi o primeiro dia, por conta do feriado, e tivemos em torno de 40 a 50% do que a gente esperava nesse retorno, porque somente metade dos alunos vai à escola”, informou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Segundo Celinalva Paim, o retorno nesta terça-feira ocorreu somente para os estudantes do ensino médio. O ensino fundamental II só retornará a partir do dia 9 de agosto. Ela destacou que os professores que não retornarem para a sala de aula terão o ponto cortado.
“Por ordem do órgão central, o ponto desses professores será cortado, porque existe um decreto do governo publicado em Diário Oficial, que nessa fase escolar será híbrido para o aluno. O professor volta a trabalhar no seu horário normal em sala de aula. Então essas faltas serão efetivadas no sistema RH Bahia, porque a partir do momento que o governo decretou na forma híbrida, a presença do professor na escola é indispensável. Em Feira, um alto número de professores não compareceu. A APLB ainda está em discussão com a Secretaria de Educação, mas não tem volta. Nossos estudantes já ficaram muito tempo fora da sala de aula”, ressaltou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.