Feira de Santana

Debate sobre direitos e identidade marca o Dia do Orgulho LGBTQIA+ em Feira de Santana

Para o coordenador do Grupo de Trabalho LGBTQIA+ da Secretaria de Saúde, Valternei Morais, a data celebra o orgulho e a história dessa população, que foi e ainda é marcada pela luta contra o preconceito e a discriminação.

Laiane Cruz

O Dia Internacional do Orgulho Gay é comemorado anualmente em 28 de junho em todo o mundo. Também conhecido como Dia Internacional do Orgulho LGBTI (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Pessoas Intersexo), ou simplesmente Dia do Orgulho Gay, esta data tem o principal objetivo de conscientizar a população sobre a importância do combate à homofobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e igualitária, independente do gênero sexual.

Para o coordenador do Grupo de Trabalho (GT) LGBTQIA+ da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana, o enfermeiro Valternei Morais, a data celebra o orgulho e a história dessa população, que foi e ainda é marcada pela luta contra o preconceito e a discriminação.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Hoje é um dia que nós falamos do orgulho do que somos e de cada vez mais aprender que somos resilientes. Resistimos a todo esse preconceito contra a nossa identidade de gênero e orientação sexual. Dentro dessa sigla, nós temos a identidade de gênero, que é como eu me vejo, não como alguém designou acerca de quem eu sou. Orientação sexual é o meu desejo, minha atração por alguém, pode ser uma pessoa ou outras pessoas. LGB é quando falamos de Lésbicas, Gays e Bissexuais, estamos falando de orientação sexual, o T fala das transgeneridades, das transexualidades, as travestis e pessoas trans, temos o Q, que vem do Queer, que é você questionar a imposição que a sociedade nos dá de sermos pessoas sempre binárias (masculino e feminino), o I dá visibilidade à intersexualidade, pois ser intersexo existe uma questão biológica, mas ela não determina o meu ‘eu’. Então nós aprendemos e muito que não devemos fazer cirurgia, se essa condição não interfere na sua qualidade de vida, na sua saúde, e o A é que temos cada vez mais que respeitar que existem pessoais assexuais, que não sentem esse desejo de ter relação ou por alguém, mas são pessoas livres”, explicou.

O coordenador do GT destacou que pensar em direito é registrar o quanto a população LGBTQIA+ sofre no dia a dia. 

“Você já pensou em sua identidade e sua orientação levar a um determinante social na sua vida? Você já imaginou não ter direito de falar o que você é, gosta, sente e deseja? Já imaginou transitar em esferas públicas e privadas e não poder falar o que você é? Pensar em direito é deixar bem claro que somos todos, todas e 'todes' humanos. Somos diferentes, mas temos os mesmos direitos. A mensagem que passo para minha comunidade LGBTQIA+ é que temos que ter orgulho do que somos, da nossa existência, e do quanto de fato nós resistimos a tudo que passamos diariamente. E para as pessoas que não fazem parte deste seguimento da nossa comunidade é que entendam que essa diferença é que faz a beleza da nossa vida e encerro pedindo pra que essas pessoas se perguntem por que a felicidade, o desejo e o gozo de alguém a incomodam”, questionou.

Valternei Moraes parabenizou ainda o prefeito Colbert Martins e o secretário Marcelo Britto pelas ações realizadas pela Secretaria de Saúde, que em maio deste ano publicou uma portaria criando o Grupo de Trabalho. “Por terem entendido e mostrado respeito a essas diferenças que existem e por terem legitimado em maio deste ano no nosso município o grupo técnico de profissionais que estão discutindo a operacionalização de uma política nacional, que este ano fará 10 anos, que diz que todas as pessoas têm o direito de serem tratadas de forma igual. Tratar de forma desigual é preconceito.”

O assistente social Fábio Ribeiro, presidente do Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual (Glich) em Feira de Santana, ressaltou que também hoje foi promovido um evento pela Secretaria Municipal de Saúde para conscientização dos profissionais de saúde acerca de como deve ser o acesso e o atendimento prestado à população LGBT.

“É uma população que ainda tem pouco acesso à saúde e à cidadania, então são pessoas violentadas e sofrem vários tipos de preconceitos, que acarretam em doenças. E por conta do preconceito e a discriminação que essas pessoas sofrem, acabam não acessando várias políticas de saúde. Então o evento de hoje foi voltado principalmente para os profissionais de saúde para falar de alguns direitos da população LGBT, que são o acesso à saúde, respeito à identidade e orientação sexual dessas pessoas. As travestis e transexuais que querem fazer a mudança de gênero, quais são os procedimentos para que essas pessoas não se automediquem, não utilizem o silicone industrial, e também voltado para os profissionais de saúde saberem atender, respeitarem os nomes sociais das travestis e transexuais, respeitarem quando chega um homossexual, reconhecer o planejamento familiar entre duas mulheres, por exemplo, entre várias outras ações de saúde que devem ser respeitadas em todos os locais. Por exemplo, se uma pessoa for ao posto de saúde tem que ser chamada pelo nome social com o qual se apresenta, que muitas vezes é um nome diferente daquele que está no registro de nascimento”, esclareceu.

Fábio Ribeiro destacou que o GT já se reúne há mais de um ano, mas agora foi assinada a portaria pelo secretário Marcelo Britto, em concordância com o prefeito Colbert Martins.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Atuamos com palestras, distribuição de materiais informativos, capacitação dos profissionais de saúde para que atendam a essas pessoas com dignidade. Então uma lésbica não pode ser atendida numa consulta da mesma forma que uma mulher que se relaciona com homens. Assim como um homem trans, que se entende como homem, mas tem vagina e tem que ser tratado por uma ginecologista. Então são especificidades dessa população que os profissionais de saúde têm que se adequar. Além da questão do preconceito, atender bem, com afeto, sem discriminar. Nas nossas ações a gente também trabalha com o 
o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), que tem atendimento psicológico para as pessoas que sofrem algum tipo de transtorno causado pela discriminação. Então Feira tem uma rede que atua, tem o consultório no Centro de Saúde Especializado (CSE) com a ginecologista Renata, que todas as terças-feiras ela atende a população LGBT sem necessariamente precisar passar pela regulação. Toda a população LGBT pode ser atendida pelo SUS, no CSE em frente ao antigo Feira Tênis Clube”, informou.

 

Veja abaixo um glossário sobre identidade LGBTQIA+ .

Gay e lésbica

Quando "homossexual" passou a soar clínico e pejorativo, no fim dos anos 1960, "gay" virou o termo para pessoas atraídas por parceiros do mesmo sexo. Com o tempo, "gays e lésbicas" se popularizou para frisar questões distintas das mulheres, e "gay" hoje é mais usado para homens

Bissexual

Alguém atraído por pessoas de seu gênero e de outros. Estereótipos de que seria uma transição ou camuflagem para promiscuidade são alvo de debate nos círculos LGBTQIA+. Defensores criticam o questionamento da identidade bissexual, mas há pessoas que veem no prefixo "bi" o reforço do binômio masculino/feminino

Pansexual

Quem sente atração por gente de todas as identidades de gênero ou pelas qualidades de alguém independentemente da identidade de gênero. Antes termo acadêmico, ganhou aderência com visibilidade de celebridades como Miley Cyrus

Assexual

Alguém que sente pouca ou nenhuma atração sexual. Não equivale à falta de atração romântica (os "arromânticos")

Cisgênero

Alguém cuja identidade de gênero se equipara ao sexo que lhe foi designado ao nascer

Transgênero

Termo amplo para pessoas cuja identidade ou expressão de gênero difere do sexo biológico designado ao nascer

Não conformidade de gênero

Quem expressa o gênero fora das normas convencionais de masculinidade ou feminilidade. Nem todos são transgênero, e alguns transgêneros se expressam da forma convencional masculina/feminina

Não binário

Pessoa que não se identifica como homem nem mulher e se vê fora do binômio de gênero, como o personagem Taylor Mason, da série "Billions"

Genderqueer

Outro termo para quem não se vê no binômio feminino/masculino e exibe características de um, de ambos ou nenhum

Fluidez de gênero

Termo usado por pessoas cuja identidade muda ou flutua. Às vezes podem se expressar como mais masculinas em um dia e mais femininas em outro

Neutralidade de gênero

Alguém que não se descreve por um gênero específico e opta pelo uso de pronomes neutros [em português, prevalece o uso de "x" ou "e" no lugar de "a" e "o", como "elx"]

Intersexual

Pessoa com características sexuais biológicas não associadas tradicionalmente a corpos femininos ou masculinos

+

O sinal denota tudo no espectro do gênero e sexualidade que as letras não descrevem.

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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