Feira de Santana

População reclama de demora para conclusão de obras em viadutos; engenheiro cita interferências

Para comerciantes e moradores das imediações dos viadutos, o atraso nas obras tem gerado prejuízos.

Laiane Cruz

Segundo a prefeitura municipal de Feira de Santana, a conclusão das obras de duplicação do viaduto Wilson Falcão, que liga a Avenida Maria Quitéria à Fraga Maia, estava prevista para o mês de março. Já a previsão da obra no viaduto Francisco Pinto, que liga a Getúlio Vargas à Noide Cerqueira, foi anunciada para este mês de maio. No entanto, o ritmo dos serviços caminha de forma lenta e tem gerado insatisfações por parte da comunidade.

Leia também: SMT interdita trechos do Anel de Contorno; veja os horários

Para comerciantes e moradores das imediações dos viadutos, o atraso nas obras tem gerado prejuízos.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O proprietário de uma loja de veículos no final da Avenida Maria Quitéria, Paulo César, não vê a hora das obras acabarem. De acordo com ele, por conta das barreiras que foram colocadas na área do viaduto da Fraga Maia, os clientes precisam deixar o carro distante da loja, que ficou sem visibilidade. E isso tem gerado prejuízos financeiros.

“A minha avaliação é muito baixa, está prejudicando a gente demais. Gosto muito de Colbert, votei nele e voto de novo, mas peço que dê uma agilizada nisso aqui, porque está prejudicando muito a gente. Os motoristas que entram do lado do Prime não voltam mais para a loja, vão embora, e a gente fica sem vender. Infelizmente, já paguei o IPTU, e uma obra dessa prejudicando a gente. Uma obra que era pra fazer em quatro ou cinco meses e já tem quase oito meses e não sai do lugar”, reclamou o empresário em entrevista ao Acorda Cidade.


Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ele disse que tem utilizado sites de vendas na internet para tentar vender os veículos. “A gente está nessa pandemia, o comércio fraco, começando a se erguer agora um pouco. Isso não era pra ter sido feito agora, que a gente numa pandemia, atrás de vacina, para o povo não morrer, era pra ter se preocupado com outras coisas. As pessoas para virem à loja tem que conhecer o local, não tem acesso à frente da loja, taparam tudo. Eu acho que vai melhorar, vai ficar bonita a frente da loja, o problema é a demora”, lamentou.


Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O taxista Paulo Gomes dos Anjos, que faz ponto no final da Avenida Getúlio, afirmou que a obra no viaduto Francisco Pinto tem gerado um transtorno muito grande.

“Essa obra está uma negação, parece obra de pobre, que começa e nunca termina. Porque tem aproximadamente uns 10 meses que começaram esse viaduto e gera um transtorno muito grande, principalmente pra gente que trabalha e tem que trafegar nas imediações desse viaduto. Para chegar ao ponto eu tenho que vir por dentro do Parque Getúlio Vargas, pegar a Rua São Roque e a Rua Italeira. Se eu vier do centro da cidade, eu tenho que subir a Getúlio Vargas, entrar por dentro da Santa Mônica, sair de junto do Atacadão São Roque, fazer uma conversão no Anel de Contorno e depois outra”, relatou.

 


Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ele não acredita que as obras cheguem ao fim até o dia 31 de maio, conforme foi anunciado.

“Pelo que estou vendo, está no meio do caminho ainda. Acredito que vai levar o ano todo nessa enrolação. Quem tem comércio nas imediações, quem mora próximo do viaduto, está todo mundo prejudicado e ninguém fala nada. A gente está sofrendo com essa situação aqui.”

Prazo estendido


Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O engenheiro responsável pelas obras, Wagner Souza, explicou ao Acorda Cidade como está o andamento dos serviços, e disse que o término de fato não ocorrerá dentro do prazo que foi dado.

“Esse mês não está prevista a conclusão. A gente está com uma estimativa que até o final de junho, início de julho, a gente vai concluir as obras de duplicação.”

O profissional citou que uma série de interferências influenciaram no andamento das obras, como redes de alta tensão da Coelba.

“A gente tem em ambos os viadutos um número enorme de interferências, e próximo ao viaduto da Fraga Maia com a Maria Quitéria tem uma subestação da Coelba, que tem cabos de alta tensão que abastecem toda a cidade de Feira de Santana e cidades vizinhas. Para a gente executar o serviço da fundação, por exemplo, das estacas, houve uma interferência com o equipamento e esses cabos. A gente precisou paralisar as obras, discutir com a Coelba qual seria a melhor solução, alugar um outro tipo de equipamento e fazer operações noturnas, e tudo isso impacta no cronograma da obra.”


Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ele disse que atualmente a empresa está dependendo de uma relocação de rede da Coelba, pois alguns postes estão impedindo a obra e o içamento de vigas para poder prosseguir.

“Desde fevereiro que estamos em contato com a Coelba. Já fizemos o pagamento da obra à Coelba, que está aguardando uma autorização do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), devido ao Anel de Contorno ser uma rodovia federal e qualquer obra que seja feita lá precisa de autorização. Nós, da prefeitura, já temos autorização para realizar as obras, contudo a Coelba também necessita dessa autorização. Já estamos com todas as vigas do viaduto concretadas, estamos finalizando a parte da terra armada, semana que vem iremos realizar o içamento de vigas que não sofrem com a interferência da Coelba, contudo a parte que tem essa interferência a gente precisa aguardar essa obra da Coelba em ambos os viadutos”, esclareceu.

O engenheiro informou que na Avenida Getúlio Vargas também tem uma rede da Coelba que precisa ser relocada, que está na lateral do viaduto, e é preciso manter uma distância de segurança do viaduto com essa rede.

“No momento que esse viaduto for duplicado, vai se aproximar muito da rede, então a gente precisa afastar essa rede do viaduto, também para a gente poder içar as vigas com os guindastes. O braço do guindaste corre o risco de tocar nessa rede, então é preciso que a Coelba desligue e reloque os postes para gente içar essas vigas. Desde fevereiro, entramos em contato com a Coelba, realizamos o pagamento do serviço e estamos aguardando a empresa iniciar essas atividades. Atualmente a gente está concluindo a terra armada, que é a rampa de subida dos viadutos, e estamos prosseguindo para conclusão das cabeceiras que faltam até o final da próxima semana.”

Viadutos serão fechados por um mês


Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

Wagner Souza lembrou também que para realizar o içamento das vigas, o Anel de Contorno será fechado à noite. E ambos os viadutos vão precisar ficar fechados um mês depois do içamento das vigas para demolição da laje existente e a construção da laje nova.

“As barreiras de proteção e os gradis vão ser removidos, vai ser demolida a laje existente e após isso vai ser concretada a nova laje do viaduto, então cada viaduto vai necessitar ser fechado por cerca de um mês. Vamos discutir com a SMT como vai funcionar esse fechamento e como vai ser a rota alternativa para os bairros, pois nesse período a gente não tem como liberar o viaduto. A operação noturna aconteceu logo no começo, a gente precisou fazer algumas atividades noturnas. O içamento da viga no Anel de Contorno é à noite também para não atrapalhar o tráfego.”


Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Com relação ao piso dos viadutos, o engenheiro Wagner Souza disse que ocorreu o abatimento da terra armada do viaduto, porém não se trata de um problema estrutural.

“É um problema simplesmente no aterro da terra armada. Esse aterro se acomodou durante os anos e devido à execução das obras, com a vibração de acomodação de estacas e equipamentos, causou um pouco mais de acomodação e as estruturas que estavam apoiadas sob esse aterro, como a barreira de concreto, proteção e o guarda corpo, cederam também e isso provocou rachaduras. Essa patologia é monitorada diariamente. Os motoristas podem ficar despreocupados, foi apenas um abatimento, a parte estrutural do viaduto está totalmente íntegra”, salientou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
 

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários