Feira de Santana

Obrigados a sair da Marechal Deodoro, feirantes reclamam que não há diálogo e local adequado para eles

De acordo com o secretário de Agricultura e Recursos Hídricos, Pablo Roberto, que está à frente da remoção dos feirantes da Marechal Deodoro, a prefeitura já vinha mantendo o diálogo com eles.

Laiane Cruz

Os vendedores ambulantes com barracas instaladas na Rua Marechal Deodoro receberam um prazo até hoje (26) para retirarem seus equipamentos do local. Os feirantes, em sua maioria de frutas e verduras, deverão ser realocados para outros locais, a exemplo do Centro de Abastecimento.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Para a vendedora de frutas Mariana Ferreira, a decisão da prefeitura trouxe insatisfação para os feirantes. Segundo ela, o espaço escolhido para eles no Centro de Abastecimento é inadequado.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

“A prefeitura não tem conversa com a gente. Eles querem colocar a gente num local inapropriado, que não cabe, não tem um sanitário, não tem limpeza, não tem nada. É isso o que a prefeitura quer, sem diálogo. Não tem galpão reservado pra ninguém lá. O galpão já é das pessoas que se encontram lá. Querem colocar a gente com eles, mas não dá. Eu vendo banana já há mais de 15 anos aqui na rua. Vendo banana da terra e da prata. Tenho três filhos pra sustentar, e aonde eles querem nos colocar não tem como eu tirar meu pão de cada dia. É um local sem visibilidade, que não passa ninguém. Aqui tem fluxo de pessoas”, reclamou a vendedora.

Segundo ela, foi informada pelo diretor do Centro de Abastecimento, Cristiano Gonçalves, é que nesta terça-feira (27) seria feito o sorteio dos espaços para os feirantes no Centro de Abastecimento. “O que Cristiano passou pra mim é que é pra comparecer na terça-feira, a partir das 9h, que será realizado o sorteio pra definir o local, que lá tem dois galpões. Um galpão que o pessoal conhece como Pau da Miséria e outro de junto do peixe. Vai dividir o pessoal nesses dois galpões, mesmo assim já estão todos ocupados”, frisou.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

A vendedora ambulante Célia Ramos também reclamou da situação. Ela disse ainda que não condições de pagar pela remoção da barraca e acredita que a prefeitura deve fazer isso.

“Eles querem tirar as pessoas daqui da Marechal para levar pra um local inadequado e querem que a gente tire dinheiro do próprio bolso pra deslocar a barraca daqui pra lá. Eles têm que pagar alguém pra deslocar a barraca se eles quiserem tirar. Vamos levar a barraca, mas ninguém vai querer comprar. O local já está tumultuado”, disse.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

O vendedor de tapioca Miguel Miranda da Conceição afirmou que o galpão para onde os feirantes serão levados não tem segurança, nem limpeza.

“Chegou o momento em que o prefeito fez o acordo que quer tirar todos os vendedores da Marechal Deodoro, onde a gente ganha o pão de cada dia. Quer levar a gente pra o centro, pra um local onde só tem rato, barata e bêbado. A gente vê muita violência lá. Até agora a gente não vê acordo de que tem um lugar preparado, eles dizem que tem um local no centro de abastecimento, só que a gente não tá vendo local nenhum preparado pra gente lá”, afirmou.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Já o verdureiro José Militão Oliveira informou que a preocupação é com as vendas. “É triste, doído, mas o que é que vai se fazer. Já tem muito tempo eles falando que vão tirar a gente da Marechal. A minha preocupação é que lá no centro a gente não vai ter vendas como a gente tem aqui. Minha sugestão era que eles colocassem a gente em um lugar mais ampliado aqui mesmo na Marechal.”

Avanço das obras

De acordo com o secretário de Agricultura, Recursos Hídricos e Feiras Livres, Pablo Roberto, a prefeitura já vinha mantendo o diálogo com eles, em virtude do avanço das obras de requalificação do centro da cidade.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

“Nós já estamos nessa discussão do projeto Novo Centro há muito anos. Nós conversamos com os feirantes da Marechal por muito tempo. De num total de 200 pessoas que comercializam seus produtos ali, 70% já aceitaram a mudança, seja para o Centro de Abastecimento, a Cidade Nova, ou algum ponto no seu bairro. Algumas pessoas fizeram a opção de comercializar os produtos na frente da sua residência, e a prefeitura fez esse estudo e está viabilizando isso”, afirmou o secretário.

Ainda segundo Pablo Roberto, a prefeitura está no limite de prazo dos contratos com o consórcio que está fazendo a obra.

“Precisamos avançar. Fizeram o compromisso na sexta-feira da semana passada de que sairiam para algum desses lugares. Segunda-feira, estivemos na Marechal e Cristiano que é o diretor da área conversou e eles pediram um prazo até hoje, e nós esperamos que amanhã a empresa já possa dar início às obras na Marechal.”

O secretário ressaltou que existe uma força-tarefa de várias secretarias envolvidas nesse processo e caso seja necessário a prefeitura irá fazer a remoção daquelas barracas que resistirem. 

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

 

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade