Rachel Pinto
A morte do policial militar Wesley Soares Góes, ontem (28), no Farol da Barra em Salvador, está gerando muita discussão e polêmica, sobre a situação geral dos demais policiais militares da Bahia. O diretor da Associação dos Policiais e Bombeiros de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) em Feira de Santana, o policial militar Paulo dos Anjos, disse ao Acorda Cidade que o que ocorreu com Wesley expressa toda a revolta da tropa e a indignação de como o estado da Bahia trata esses profissionais.
Para ele, a sensação é de desapontamento muito grande e a Aspra pedirá uma investigação sobre a ação, uma vez que avalia como desastrosa.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade (Arquivo)
“Acompanhei também uma outra operação que o Bope participou em janeiro, no dia 10, no bairro 7 de abril em Salvador, onde quatro traficantes invadiram uma casa, com metralhadoras, pistolas, deram tiros e não tinha refém. Não tinha ninguém no local e mesmo assim as negociações foram para preservar a vida daqueles indivíduos.Enquanto um dos nossos não tem a vida preservada. Toma pra si uma luta muito grande, se revolta com o lockdown com o toque de recolher, fazendo com que o pai de família feche o seu ganha pão, ele dá voz a maioria da tropa que está revoltada, que não concorda com isso. Mas, tem que cumprir ordens e então nós vamos fazer todos os esforços para que os responsáveis compareçam à justiça”, disse o policial ao Acorda Cidade.
Dos Anjos relatou que o soldado Wesley falou durante vários momentos ontem que achava uma desonra para os policiais militares da Bahia atuar prendendo trabalhadores. Ele era contra as medidas restritivas impostas pelo governo e frisou que entrou na polícia para prender bandido e não os trabalhadores.
Para o diretor da Aspra, poderiam ter sido feitos mais esforços pra preservar a vida do PM. O deputado estadual e soldado PM Prisco, estava no local das negociações e na opinião de Dos Anjos, ele também poderia ter participado, intermediando as conversas, assim como poderiam ter sido convocados familiares e colegas de tropa que Wesley tinha afinidade.
“Faltou boa vontade para conduzir a negociação e a nossa revolta é justamente por isso. A família alegou que o soldado nunca tinha apresentado surto, colegas de turma, pessoas da unidade disseram que ele era um cara muito bem quisto pela tropa, muito tranquilo, um policial exemplar e esse foi um momento infelizmente fatídico, mas foi um grito de liberdade, um grito de revolta contra tudo isso. Temos policiais na linha de frente sem serem vacinados, desprestigiados, morrendo a todo momento e o comando não olha para a gente, não representa, não fala pela tropa, fala pelo governo. É punição, perseguição, cobrança e não se dá os meios necessários para que seja feito o serviço que eles pedem”, declarou.
Manifestação em Feira de Santana
O diretor da Aspra informou também que nesta segunda (29), às 9h haverá uma manifestação pacífica da categoria na Avenida Maria Quitéria e podem participar todos aqueles que se sentiram atingidos com a morte do policial Wesley.
“Estamos convocando policiais, bombeiros, cidadãos que se sentiram atingidos. Porque todos nós, a democracia, o estado de direito foi atingido por aqueles tiros, foi um policial, amanhã pode ser outro, como pode ser também um cidadão”, encerrou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.