Andrea Trindade
Há um ano Feira de Santana registrou o primeiro caso de covid-19. Foi também o primeiro caso registrado na Bahia e no Nordeste. De lá pra cá, muitas recomendações foram feitas para evitar o contágio do vírus, e o uso da máscara passou a ser obrigado por lei. No entanto, o uso do transporte público faz os passageiros conviverem diariamente com o risco de contaminação em decorrência da inexistência do distanciamento social nos ônibus lotados.
A cozinheira Ana Cerqueira, estava saindo do trabalho e disse ao Acorda Cidade que aguarda cerca de uma hora esperando o ônibus do bairro Asa Branca para casa. O problema é antigo, mas agora, por causa da pandemia, ela disse que muitas vezes deixa de entrar no veículo por causa da superlotação.
“A gente não pegou o ônibus que passou agora porque estava muito cheio, não dá pra entrar. Um por cima do outro. Passo cerca de uma hora aguardando ônibus e quando chega só sai lotado. Estou cansada, a luta é demais”, disse.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Ela contou que já chega em casa preocupada com a ida ao trabalho no dia seguinte, e que mesmo com o lockdown, ela vai trabalhar neste sábado (06) por ser cozinheira em uma empresa que faz entrega de alimentos, considerado serviço essencial.
“É muito trabalho e o transporte atrapalha muito porque chego sempre atrasada”, afirmou.
Também moradora do bairro Asa Branca, Gilvaneide disse que antes o bairro tinha vários ônibus e agora tem menos da metade. Segundo ela, a quantidade é muito pouca para o número de passageiros de lá.
“É sempre assim esse atraso e só chega lotado. A gente fica com medo de pegar o ônibus, passou um lotado e eu não peguei. Quem é que não tem medo dessa covid? Moro há 30 anos na Asa Branca, antes tinha seis, sete ônibus, agora só tem três. É muito pouco”, reclamou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
A Prefeitura de Feira de Santana informou que no período do lockdown o transporte público urbano funciona neste sábado (6), e domingo (7) das 5h às 19h e que “a frota programada pela Secretaria de Transportes e Trânsito (SMTT) atenderá a demanda de passageiros, principalmente trabalhadores de atividades relacionadas à saúde e de serviços essenciais.”
Desde o início da pandemia, quando houve o fechamento do comércio e a suspensão das aulas, a frota foi reduzida por conta da queda no número de passageiros, porém o comércio reabriu, os ônibus estão sempre lotados e não houve adaptação da frota para o número de passageiros. Além disso, as empresas de ônibus alegam que está passando por crise financeira, já demitiu mais de 200 funcionários, abriu um programa de demissão voluntária e não apresenta nenhuma perspectiva de que aumentará o número de veículos em circulação, apesar das reclamações constantes.
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Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade