Andrea Trindade
Duas variantes brasileiras, além da variante do Reino Unido e da Nigéria foram confirmadas em Feira de Santana. Das quatro variantes apenas uma está controlada, que é a da Nigéria, por ter sido um caso isolado, e que não houve transmissão para outras pessoas da cidade. Já as variantes brasileira e britânica já são comunitárias. A informação foi divulgada na manhã desta sexta-feira (5) em coletiva de imprensa com o prefeito Colbert Martins Filho, a médica infectologista Melissa Falcão, o diretor do Hospital de Campanha, Francisco Mota e o secretário municipal de Prevenção à Violência, Moacir Lima, responsável pelas ações de fiscalização.
Desde janeiro deste ano o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Feira de Santana vinha notando uma mudança no padrão dos casos no município, que vinha registrando mais infecções em pessoas jovens e que apresentava quadro precoce de agravamento da doença.
Diante deste alerta e suspeita de novas variantes, foram realizadas, posteriormente, coletas para investigar a causa desse descontrole. Os leitos clínicos e de UTIs estão sempre lotados e já existem filas, ou seja, há pessoas internadas nas UPAs e policlínicas do município, aguardando transferência.
“A nossa suspeita sempre foi de que tivéssemos uma variante que fosse responsável por essa mudança do padrão do vírus e também tivesse feito esse descontrole na epidemia no momento em que nós estávamos começando a mostrar indícios de controle. E ontem tivemos a confirmação da presença da variante em nosso município. Tivemos uma confirmação da cepa nigeriana, essa não com transmissão comunitária, uma pessoa que mora em Feira e que esteve na Nigéria, adoeceu quando chegou aqui e a gente conseguiu confirmar essa contaminação pela cepa africana. Não teve contactante positivo, fizemos o rastreio de todos os contatos dessa pessoa e só foi nessa paciente mesmo que conseguimos encontrar essa cepa até o momento, porém tivemos confirmação de outras variantes também aqui na nossa cidade”, explicou Melissa Falcão, que é a coordenadora do comitê.
Ela informou que desde dezembro já circulava a variante no município e agora veio a confirmação, inclusive, de que a transmissão é comunitária.
“Tivemos mais três pacientes com novas variantes e o primeiro caso confirmado foi de 17 de dezembro com início dos sintomas, ou seja, já temos a variante circulando em nosso município desde dezembro e não é mais transmissão isolada, já é transmissão comunitária. A gente não conseguiu identificar a fonte de transmissão dessa paciente. O segundo paciente já foi em dezembro perto do final de dezembro, então realmente temos transmissão comunitária de variante em nossa cidade, o que causou toda essa alteração no perfil dos casos, alteração do número de casos também e a superlotação do nosso sistema de saúde. No dia 3 de março, o estado lançou um comunicado informando que já temos transmissão comunitária na Bahia inteira da cepa de Manaus e da cepa do Reino Unido, então toda a situação do Brasil é causada por conta dessas variantes e não adianta apenas cobrar leitos”, continuou.
Melissa Falcão alertou para os cuidados das pessoas para evitar a doença, pois mesmo conseguindo vaga em UTI, há risco de morte. Os cuidados devem partir de cada um. A pandemia é um grave problema coletivo e todos devem colaborar.
“Se dependesse da gente, teríamos um Hospital de Campanha em cada bairro da cidade, mas isso é uma coisa que não depende da gente. Não é fácil assim abrir leitos, não é fácil custear esses leitos, então não adianta mais apenas ter mais leitos, porque pessoas que estão conseguindo um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), também tem o risco de morrer. Os pacientes mais graves precisam de uma ventilação mecânica, precisam de um cuidado mais intensivo podem morrer, apesar de ter a disponibilidade desse leito, então não podemos descuidar dos cuidados. Devemos manter todas as atividades econômicas funcionando dentro do possível, mas para isso é preciso que, além dos empresários, que a população também colabore”, alertou a médica.
Variante africana está controlada
O diretor do Hospital de Campanha, o médico Francisco Mota, informou que a paciente de Feira de Santana que contraiu a cepa nigeriana tinha viajado para a África e um dia após retornar começou a apresentar os sintomas de covid-19. Ela foi atendida em um hospital particular e depois foi internada no Hospital de Campanha.
“O prefeito Colbert Martins, que também é médico epidemiologista, foi logo informado do caso e pediu naturalmente que a vigilância epidemiológica do município agisse, e foram investigados todos os contactantes. Essa variante só não está circulando em Feira de Santana, graças ao serviço da Secretaria de Saúde, da vigilância epidemiológica que conseguiram realmente identificar todos os contactantes. Assim que chegou ao Hospital de Campanha, como ela vinha de fora do país, foi logo isolada e não teve contato com outros pacientes lá”, detalhou o diretor.
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Fonte: Acorda Cidade