Feira de Santana

Ciclistas protestam após morte de colega em acidente na Avenida Getúlio Vargas

Em suas bicicletas, eles se concentraram em frente ao Feira Palace Hotel e realizaram uma bikeata em homenagem ao amigo.

Andrea Trindade

Um dos fundadores do grupo de ciclismo Águia do Sertão, o funcionário público Aurelino Fernandes Barbosa Filho, 50 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (7) no Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana. Ele sofreu um grave acidente na manhã de domingo (6), na Avenida Getúlio Vargas, quando seguia para o trabalho em uma bicicleta. Aurelino foi atropelado por um veículo ainda não identificado, cujo condutor fugiu sem prestar socorro.

Diante de mais uma perda por conta da violência no trânsito e para chamar atenção dos motoristas e do poder público, um grupo de ciclistas, entre eles amigos e familiares, realizaram um protesto na Avenida Getúlio Vargas, na noite de hoje (7). Com cartazes com frases de luto e  artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), eles se concentraram em frente ao Feira Palace Hotel e realizaram uma bikeata em homenagem ao amigo.

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

Durante o ato, o ciclista e funcionário público aposentado Florisvaldo Pereira alertou aos motoristas para o que diz o artigo 38 do CTB:

"Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem."

Em entrevista ao Acorda Cidade, ele disse que Aurelino trabalhava como motorista e que percorria várias cidades de bicicleta.

“Ele pedalava há mais de 20 anos, foi um dos criadores do grupo Águia do Sertão. Estava sempre conosco pedalando, viajando pela Bahia toda, pedalando para a Chapada Diamantada, Jorro, Capim Grosso, Salvador. Em todos esses pedais ele ia com a gente e nos de cicloturismo. Só andava de bicicleta, estava indo trabalhar no Melo Matos, onde trabalha como motorista, e foi colhido no início da manhã de domingo (6), por um motorista que evadiu-se do local, não prestou socorro. Não é o primeiro ciclista em Feira que falece, temos o caso de Valney, que foi atropelado na Nóide Cerqueira, Dona Maria, na Fraga Maia, e outros trabalhadores a caminho de seus trabalhos, que tiveram suas vidas ceifadas por um motorista irresponsável, que sequer para pra dar socorro. Código de Trânsito é muito claro. Quando a via não tem ciclofaixa, a bicicleta faz parte do trânsito e, portanto, ela deve utilizar a faixa que os veículos utilizam e os veículos têm que respeitar, tem que proteger o veículo de menor potencial que é a bicicleta. As vias de Feira de Santana já eram para ser projetadas com ciclovias e a bicicleta é um modal de transporte, além de fazer bem para a saúde das pessoas e embelezar a cidade”, declarou.

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

Raelson Macedo Barbosa, que é irmão de Aurelino e pedala há cerca de 20 anos por influência dele, contou ao Acorda Cidade que o ciclista era casado há mais de 30 anos, e deixou além da esposa, dois filhos, duas filhas e dois netinhos.

“Era um cara bastante conhecido, muito fluente na área, tinha 50 anos completados no dia 25 de setembro. É uma grande perda. O que fiquei sabendo, por volta de 9h da manhã, que o carro tinha pegado ele na Avenida Getúlio Vargas, perto do viaduto, e o cara não prestou socorro. Fomos ao hospital, mas quando o médico veio falar com a gente, já umas 15h, disse que o caso era muito grave. Pelos vídeos que tem aí dá para ver que ele voou uns três metros de altura até cair e bater com a cabeça no chão”, lamentou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O ciclista Laércio Andrade lembrou-se dos colegas que perdeu em acidente de trânsito em Feira de Santana, e pediu apoio dos governantes para tornar a cidade mais arborizada e com condições de pedalar com mais segurança.

“Aurelino era da Jovem Guarda dos pedais. Era veterano do pedal. Por meio deste protesto pedimos que o poder público acorde, os motoristas principalmente. Eu sou ciclista e sou motorista também. Os motoristas têm que saber que em cima de uma bicicleta vai uma vida. Uma vida que pode ser de um irmão dele e ele não sabe que está ali pedalando, a vida de um sobrinho, de um primo, alguém bem próximo, um pai de família, um trabalhador, uma pessoa que tem propósitos e um futuro”, declarou.

Outro artigo lembrado pelos ciclistas no protesto foi o 170:

"Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos: Infração – gravíssima; Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir; Medida administrativa – retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação."

O corpo de Aurelino será velado na casa onde morava no bairro Rua Nova e o sepultamento está marcado para às 15h no cemitério Jardim das Flores.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade 

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

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