Feira de Santana

Comandante do CPRL esclarece sobre blitz da PM em Feira de Santana

Ele afirmou que a polícia convive com as reclamações, mas que as blitzes são necessárias.

Acorda Cidade

Muitas reclamações chegam até a produção do Acorda Cidade sobre a realização de blitzes realizadas pela Polícia Militar em Feira de Santana, especialmente com relação a cobrança do IPVA. O comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), coronel Luziel Andrade, em entrevista ao Acorda Cidade na manhã desta sexta-feira (4), falou sobre o assunto. Ele afirmou que a polícia convive com as reclamações, mas que as blitzes são necessárias.

“Sempre foi feita a blitz, independente de IPVA ou do que quer que seja, mas quando você faz uma blitz você não faz focada somente em uma coisa. A blitz é uma dinâmica, são várias situações que você identifica. Toda essa polêmica gerada ocorreu devido a uma blitz que foi feita próximo à Vipal, o que é que estava ocorrendo? O pessoal estava fazendo ‘pega’, exibição de motocicletas, alguns alegam que a rua ali é isolada, mas não temos uma rua destinada a este tipo de prática em Feira. Não posso deixar de fazer uma blitz para recolher veículos, independente de quem está certo. Se seu carro está correto, você passa em uma blitz, apresenta seu documento e não tem o carro retido, então quem tem o veículo retido é quem está irregular. Essa blitz que foi feita próximo à área da  Vipal, 130 veículos foram apreendidos, desses, 70 estavam conduzidos por pessoas não habilitadas”, destacou.

O coronel defendeu que as blitzes são realizadas para coibir diversos tipos de crimes. Ele informou que nos últimos oito meses foram 16 mil situações na cidade de ocorrências envolvendo perturbação do sossego, somente no ano passado foram 349 homicídios na cidade e neste ano já são 264 homicídios, sendo que a maioria desses crimes são praticados por pessoas em carros e motocicletas. Além disso, ele afirma que existe uma quantidade enorme de veículos que são furtados em Feira de Santana.

“Respeito a opinião dos outros, mas na minha visão a blitz é feita e ela recolhe veículos irregulares, ela não recolhe veículos regulares, inclusive a polícia vem evoluindo porque se você está em uma blitz e esqueceu seu documento em casa, e a polícia pesquisa ali no aparelho eletrônico e verifica que ele está regular, estando tudo certo, ele é liberado na mesma hora”, destacou.

O coronel Luziel Andrade afirmou que antes os veículos eram apreendidos por irregularidades no pagamento do licenciamento, IPVA e seguro obrigatório, mas que hoje com esse trabalho de verificação eletrônica, o veículo só é recolhido pelo licenciamento. 

“O IPVA muitas vezes tem problema na Secretaria da Fazenda, não está atualizado e a polícia está procedendo por causa de IPVA e isso é uma forma de facilitar para o cidadão. Outro detalhe, você é um cidadão e está com seu veículo, esqueceu de pagar ou sua esposa está na rua com seu veículo e esqueceu de pagar o documento, hoje você paga em qualquer telefone, qualquer banco você entra ali no telefone faz o pagamento, ou então você vai na agência bancária, faz o pagamento retorna e o veículo não é apreendido”, disse.

Situações em que o veículo é apreendido

Condução por pessoa não habilitada, o veículo quando está com adulteração de características, ou seja, ele está com uma placa cortada, essa placa está com esparadrapo, ou que cubra qualquer um daqueles números, que altere o número, quando o veículo é de cor branca e está lá de cor vermelha, quando o veículo está atrasado com determinado tempo e ele não está com o proprietário original. Essas são situações mais comuns para o recolhimento de veículos em Feira de Santana, segundo informou o coronel Luziel.

Reclamações sobre o pátio

Com relação às reclamações referentes ao pátio terceirizado do Detran, o comandante do CPRL afirmou que a Polícia Militar não tem nada a ver com o pátio. Segundo ele, a PM recolhe o veículo e o pátio é um controle feito pelo Detran. Luziel Andrade destaca que se o pátio tem um mau atendimento, essa cobrança por parte das pessoas tem que ser em cima do Detran, para que facilite esse atendimento.

‘Blitz do IPVA’

Um dos fatores que as pessoas mais reclamam é a forma que a blitz é realizada. Segundo a população, as abordagens são feitas apenas para verificar se o veículo está com o IPVA pago, mas não existe uma abordagem para verificar outras situações.

O coronel justificou que o policial fica na blitz com o telefone porque ele tem um aplicativo que já detecta se aquele veículo está atrasado ou não e se tem restrição de furto ou roubo, então se ele vai fazer uma blitz e a pessoa está com o veículo atualizado, não existe a prioridade na abordagem e sim aqueles motoristas que estão com o veículo alterado ou com restrições.

“Em uma blitz você não tem como parar todo mundo que passa pela via, você para veículos por amostragem. Em uma blitz também passam pessoas que estão irregulares, mas a gente não pode abordar todo mundo. Eu tenho 10 veículos para abordar e estou aqui com um aplicativo que me indica qual veículo que está com alguma irregularidade, eu vou parar o cidadão que está correto e o livrar o que está errado? É uma observação, uma visão minha”, defendeu.

Ele acrescentou ainda que geralmente quem tem o veículo com alguma pendência tem a oportunidade de resolver a situação no mesmo local, a não ser que seja uma alteração de característica, onde a pessoa terá que corrigir junto ao Detran.

“Se ele está com o documento atrasado é só ir ao banco e pagar, traz aquele recibo, mostra ao policial, e o veículo não é recolhido. Então a maioria é por o veículo não ser do proprietário, e aí eles reclamam porque não podem resolver junto ao pátio, porque só quem pode responder pelo próprio veículo é o proprietário, o que pergunto, quando o veículo está irregular, atrasado, não mudou de propriedade, ele vem recebendo multa, aí ele atropela alguém, se esse veículo está atrasado e sem o seguro obrigatório pago, ele vai cobrir o dano à vítima como? E o Detran por sua vez vai responsabilizar quem? Se qualquer pessoa pode estar conduzindo, tem que responsabilizar o proprietário”, afirmou, destacando ainda outros motivos que comprovam a necessidade da blitz .

“A blitz é necessária e só para você ter uma ideia, vamos a números que acabam também na blitz. A ronda Maria da Penha, por exemplo, 309 foram situações encontradas em abordagens, então se a polícia não faz abordagens como é que vai detectar esses casos? em uma blitz a polícia encontra alguém dentro de um carro que está sendo conduzindo e está sequestrado dentro do porta-malas. Uma pessoa que a gente encontra, estamos salvando uma vida. A blitz não tem essa finalidade de buscar arrecadação. A blitz é feita por quesitos de segurança, agora se você está com veículo adulterado, atrasado na via, é um problema de segurança, porque imagine você sendo vítima de um atropelo de um veículo que está sem o seguro obrigatório pago, se a pessoa não está nem pagando seguro obrigatório do veículo, ela não vai pagar o seguro de tratamento de ninguém”, declarou.

Reunião com deputado Zé Neto

Essa semana o deputado federal José Neto se reuniu com o coronel Luziel Andrade para tratar desses assuntos relacionados às blitz. O coronel informou ao Acorda Cidade que foram apresentados para ele esses números e esses motivos para as realizações das blitz, assim como a necessidade das fiscalizações serem constantes.

“Ele comentou com relação a locais e horários e, veja bem, eu não sou o dono da verdade, a polícia não está aqui para atrapalhar a vida das pessoas, então se a gente está fazendo uma operação e chega sugestões, chega indícios de que aquela aplicação deve ser avaliada, nós vamos avaliar locais, horários. Mas a blitz é necessária. Em plena pandemia, tivemos quase 16 mil ocorrências de poluição sonora, imagine você se a polícia não interferisse nessa poluição sonora, nós teríamos 30, 50 mil e o número de mortes muito maior, pois a poluição sonora é indicativo de violência. Imagine com indicativo de quantidade de veículos furtados em Feira de Santana, de homicídios acontecidos, de drogas que são apreendidas, se a polícia não fiscaliza os veículos, seria muito maior. A gente fazendo isso acontece essas coisas, imagine se não fizéssemos”, avaliou.

Veículos apreendidos

Sobre os números de veículos roubados em Feira de Santana por mês, o coronel Luziel informou que é uma média de mais de 70. Porém, conforme disse, foi registrada uma queda desde julho. Ele informou ainda que devido ao número expressivo, o secretário informou que estará instalando na cidade um quantitativo de câmeras que identificam veículos com queixas de furtos.

“A pessoa que tem o seu veículo furtado, registrando a queixa no telefone, de imediato vai ser lançado isso no sistema e onde essas câmeras estiverem, esse veículo será detectado. Tenho certeza que nos ajudará e muito porque nós temos pontos estratégicos em Feira de Santana e esse equipamento vai realmente ser de grande valia.”

Combate aos ‘paredões’

O paredão é um dos grandes problemas referentes a poluição sonora. De acordo com o coronel, a Polícia Militar tem duas operações que são feitas exclusivamente na sexta, sábado e domingo para combate à poluição sonora. Com isso, ele afirma que o combate ao paredão teve uma intensidade dentro da cidade e as pessoas passaram a migrar para os distritos.

“Fizemos também cercos nos distritos, mas o que acontece é que a pessoa liga para o 190 e essas duas operações estão em andamento e estão ocupadas em algum local, e aí pela demanda, se você me perguntar se tem ocorrências que não são atendidas na sexta-feira, no sábado ou no domingo, a resposta é sim. E geralmente tem um número maior no sábado e domingo devido, porque a guarnição que trabalha com paredão perde um tempo grande com identificação de pessoas, recolhimento de equipamentos, vai para delegacia, então esse registro demora. Por outro lado as outras viaturas estão também em operações, então nem todas as ocorrências são atendidas, por isso estamos estudando esses horários e quantitativo de demandas para que a gente possa intensificar as viaturas”, afirmou.

Ele acrescentou ainda que apenas nos finais de semana a polícia recebe mais de mil mensagens direcionadas somente para averiguação de poluição sonora em Feira de Santana.

Apreensão de arma de fogo

Já com relação as apreensões de armas de fogo, o coronel informou que somente no mês de agosto foram 93 armas de fogo apreendidas no Leste. Dessas, 26 foram em Feira de Santana e quase 50 foram nos outros municípios. Além disso, segundo ele, 725 pessoas foram conduzidas à Delegacia. Dessas, 93 foram em Feira de Santana. Casos envolvendo drogas foram 204 só no mês de agosto. Desses, 40 foram em Feira. Ainda foram registrados 22 atos de resistência no Leste, sendo 7 em Feira.

“Isso é um demonstrativo mais do que claro do quanto a polícia está combatendo o crime e quanto o crime é intenso. Esses números não podem deixar de ser avaliados. Inclusive, se você juntar um elemento crucial que é o fato de estarmos vivendo a pandemia, então mesmo assim, os números se apresentam dessa forma”, avaliou. 

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