Saúde

Condutores e técnicos de enfermagem do Samu fazem protesto em Feira de Santana

Os profissionais relataram que os enfermeiros foram retirados das equipes de trabalho para não sejam expostos ao risco de contaminação pelo coronavírus.

Rachel Pinto

Condutores e técnicos de enfermagem que trabalham no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizaram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (8), na sede do Samu para reivindicar melhores condições de trabalho, aplicação de testes de covid-19 aos profissionais que estão trabalhando na linha de frente e também para manifestar contra a suspensão de uma colega técnica de enfermagem.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Os trabalhadores relataram à reportagem do Acorda Cidade que a coordenação técnica de enfermagem e a coordenação geral do Samu estão determinando que compareçam aos chamados das ambulâncias apenas o condutor e um técnico de enfermagem. Os enfermeiros foram retirados das equipes de trabalho e segundo os trabalhadores, o motivo é que não sejam expostos ao risco de contaminação pelo coronavírus.

O condutor do Samu, Wilson Carlos disse a reportagem do Acorda Cidade que os condutores além de dirigirem a ambulância, auxiliam a equipe médica e de enfermagem nas ocorrências. Ele relatou que semana passada uma equipe foi chamada para atender um caso de covid-19 e durante a organização dos profissionais que iriam para o atendimento, a enfermeira foi retirada da equipe e deixada apenas o condutor e a técnica de enfermagem. No entanto, a técnica de enfermagem se negou a comparecer ao chamado e foi punida. Levou uma suspensão. Wilson considerou a decisão da coordenação de punir a técnica de enfermagem como arbitrária.

“Estamos reivindicando aqui para tirarem a punição da colega que ela é da equipe. A punição foi arbitrária e nosso protocolo não diz isso. Estão beneficiando só a categoria de enfermeiro”, comentou.

Diego Vidal que é técnico de enfermagem do Samu, declarou que a orientação da coordenação é que os enfermeiros fiquem na base e o deslocamento das ambulâncias para atendimento das ocorrências ocorra somente com o técnico de enfermagem e o condutor. Na opinião dele esse tipo de posicionamento preserva os enfermeiros, mas expõe ao risco os demais profissionais. Ainda segundo ele, a falta de enfermeiro na equipe socorrista reflete também no atendimento ao paciente.

“Causa a desassistência ao paciente porque o paciente deixa de ter uma assistência mais qualificada. A coordenação está negligenciando isso, deixando a mercê a população e expondo mais ainda os profissionais que estão aqui dentro. Isso começou recentemente e como uma medida de economizar material. É uma determinação da coordenação técnica de enfermagem e da coordenação geral”, relatou.

Uma técnica de enfermagem do Samu que se identificou como Vivian, afirmou que desde que começou a pandemia da covid-19 que ela está trabalhando na linha de frente da doença e embora tenha tido contato com várias pessoas infectadas pelo vírus, nunca realizou nenhum tipo de testagem.

“Eu nunca fiz nenhum teste. Já estou há três meses trabalhando e nem o teste rápido eu fiz”, lamentou.

Entre outras queixas recebidas pela reportagem do Acorda Cidade, os profissionais relataram que tem apenas um uniforme de trabalho, que passam anos com um macacão e ficam expostos em locais de contaminação por várias horas com pacientes nas ambulâncias por conta da dificuldade de unidades de saúde em recebê-los.

A coordenação do Samu informou ao Acorda Cidade que irá se reunir com os funcionários para apurar quais são as queixas e reclamações e assim irá emitir uma posição sobre o assunto.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
 

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