Daniela Cardoso
Após a confirmação do terceiro caso de coronavírus em Feira de Santana, o secretário estadual de saúde, Fábio Vilas-Boas, analisou a situação e afirmou, em entrevista ao Acorda Cidade na manhã desta quinta-feira (12), que “não tem nenhuma dúvida que a epidemia vem e vem forte”. Ele ainda recomendou “distanciamento social” como estratégia para diminuir a progressão do coronavírus.
“É recomendável que as pessoas procurem evitar aglomerações. É uma estratégia que se mostrou eficiente em outros países fazendo com que a curva de progressão diminuísse”, afirmou.
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Dentro dessa recomendação, o secretário falou ainda sobre a realização da Micareta de Feira de Santana, que está programada para ocorrer entre os dias 23 a 26 de abril. Ele disse estar muito preocupado com qualquer tipo de evento que congregue milhares de pessoas em um espaço de circulação restrita e que fará uma avaliação técnica junto com especialistas e ainda hoje encaminhará um parecer ao Ministério Público.
“O relatório deve ser entregue hoje para o promotor do MP. Vamos ter uma reunião para concluir esse parecer técnico. Temos especialistas em vigilância sanitária e epidemiológica e com base em dados científicos faremos esse parecer”, disse destacando que a secretaria estadual de saúde não tem poder de decisão e apenas fará uma recomendação sobre a realização ou não da Micareta.
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Expectativa de crescimento de casos
O secretário estadual de saúde, Fábio Vilas-Boas, informou que existe um estudo comparativo que mostra a progressão de casos de coronavírus em outros países. Com base nesses dados, ele afirma que se o Brasil seguir a progressão como ocorreu em outros países, em cerca de duas semanas deveremos ter no país em torno de quatro a cinco mil casos. Mas ele lembra que é importante observar como o vírus vai se comportar aqui no Brasil.
“Hoje estamos com um pouco mais de 40 casos. Essa progressão geométrica se torna com uma curva muito inclinada e passa a ter uma velocidade de crescimento de 10 vezes por semana. Então quando a gente chegar a 50 casos, daqui a sete dias vamos ter 500, daqui a 15 dias vamos ter cerca de quatro a cinco mil e aí começa a cair um pouco a velocidade. A expectativa é que em 21 dias a gente tenha no Brasil 39 mil casos e o pior cenário possível. Isso com base na velocidade de crescimento que ocorreu em outros países, mas pode ser que seja menos . Alguns locais conseguiram diminuir a velocidade de progressão de forma significativa. A gente não sabe como esse vírus vai se comportar e as próximas semanas é que dirão”, explicou ao Acorda Cidade.
Antecipação das férias escolares
Ontem (11) o Ministério da Educação recomendou a antecipação das férias escolares, devido a proliferação do coronavírus. O secretário Fábio Vilas-Boas comentou o assunto e disse concordar com essa recomendação, “dependendo de como vão ocorrer as coisas nas próximas duas semanas”.
Segundo ele, se consumar essa projeção de crescimento de 10 vezes o número por semana a partir do 50º caso, o mês de maio seria uma época boa para se ter férias.
Providências
Com relação às providências adotadas pela secretaria estadual de saúde para diminuir a velocidade da progressão do contágio do coronavírus na Bahia, Fábio Vilas-Boas disse que a primeira recomendação é com relação às medidas de higiene. Ele lembrou o fundamental papel da imprensa no processo de divulgação das informações. Mais uma vez ele solicitou que as pessoas evitem o contato pessoal e recomendou que quem puder, trabalhe de casa.
“Temos tomado várias providências. A primeira em relação às medidas socioeducativas para a população, através da própria imprensa, orientando as pessoas a adotarem medidas de higiene. Também uma coisa muito importante que precisa ser debatida é o chamado distanciamento social, que é uma série de medidas que visa afastar as pessoas umas das outras. Evitar beijo, aperto de mão, abraço, evitar contato corpo a corpo, aglomerações. Tudo isso com o objetivo de que cada um fique dentro do seu metro quadrado e assim evite se contagiar de pessoas que eventualmente estejam doentes. A gente tem que buscar isso ao longo dos próximos dias. Pra quem for possível, deve trabalhar em casa, evitar eventos em massa, tudo isso ajuda a reduzir o contágio”, destacou.
Além disso, o secretário informou que o estado já vinha trabalhando na estruturação dos hospitais, da rede de vigilância, com o objetivo de fazer o enfrentamento ao coronavírus. Fábio Vilas-Boas disse que existe um plano de ampliação de leitos de UTI e toda uma estratégia que está sendo trabalhada nas últimas semanas para diminuir o impacto da epidemia no estado.
Casos confirmados e suspeitos
Os casos confirmados até agora em Feira de Santana são uma mulher de 68 anos de idade, que contraiu o vírus da filha – segundo caso anunciado, semana passada. A filha havia sido infectada pela patroa, de 34 anos de idade, primeira a contrair o vírus na Bahia. Residente em Feira de Santana, ela havia chegado de viagem da Itália (Roma e Milão). O secretário afirmou ao Acorda Cidade que está seguro de que todas as pessoas que tiveram contato com os casos confirmados estão sendo monitoradas.
“Temos um caso importado da Itália e os outros casos são transmissões que consideramos familiares, já que são relacionadas ao primeiro caso. Não há nenhum caso até o momento fora do núcleo familiar relacionado ao primeiro caso, portanto estamos relativamente tranquilos em relação ao controle. O último caso vinha sendo monitorado e assim que começou a apresentar sintomas foi feita a dosagem laboratorial”, garantiu.
Sobre os casos suspeitos, ele disse que existem em vários municípios do interior do estado e também na capital. Fábio Vilas-Boas considera normal que nos próximos dias outros casos suspeitos apareçam e destacou que o Lacem é um dos laboratórios mais qualificados do país, sendo um dos poucos que faz teste respiratório através de genoma viral e mais 21 vírus diferentes.
Atualmente o Lacem tem mais de 50 casos de coronavírus em análise em toda a Bahia, sendo que mais de 100 já foram analisados e mais de 80 já foram excluídos.
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Isolamento domiciliar
Questionado sobre como funciona o isolamento domiciliar, o secretário estadual de saúde informou que é feito com um acompanhamento. Segundo ele, a secretaria recomenda que as pessoas permaneçam em quarentena, é feito um monitoramento por telefone e periodicamente um agente de saúde vai a residência para avaliar se está sendo feito o que foi recomendado.