Andrea Trindade
Diversos peixes morreram em uma lagoa no bairro Conceição II em Feira de Santana após as chuvas. A mortandade foi denunciada por moradores à prefeitura que enviou especialistas e técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Seman) ao local, nffa tarde desta sexta-feira (29).
A professora doutora Hilda Talma, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), informou que é recorrente aparecer peixes mortos após chuva intensa em determinadas lagoas.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Já é recorrente essa mortandade e sempre após chuvas severas. O que acontece quando vem essa quantidade de água das chuvas, é que ela revolve o sedimento de fundo da lagoa, e essa matéria orgânica do sedimento vai para o corpo d’água, consome oxigênio para se decompor e retira o oxigênio dos peixes. Principalmente as tilápias sentem muito essa diminuição da quantidade de oxigênio, agonizam até a morte. O esgoto doméstico lançado na lagoa vai para esse sedimento, essa matéria orgânica fica lá e com a chuva ele revira, e esse sedimento vai para a coluna d’agua”, explicou.
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
A professora fez um alerta para a população não consumir os peixes da lagoa, porque a água recebe muito esgoto doméstico.
“É um ambiente bem confortável para bactérias e vírus. Muitas doenças podem vir, diretamente por beber essa água, que provavelmente tem agentes patogênicos, bactérias e vírus. Pode ser uma contaminação direta ou indireta. E os peixes que estão em um ambiente como este acabam se contaminado também e, se for consumido, claro, vai acabar contaminando também a população. A gente faz um alerta para que a população não coma esses peixes. Se eles já estão em situação para não ser consumido, imagine agora após uma mortandade dessas, que aumenta e muito a contaminação da lagoa”, orientou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O chefe de Educação Ambiental da Semam, João Dias, informou ao Acorda Cidade que a secretaria solicitou uma análise da água e verá quais medidas o município adotará por conta do ocorrido.
“Inicialmente a gente entrou em contato com a empresa para analisar a água, medir alguns parâmetros da lagoa e depois do resultado, a gente vai se reunir para ver quais serão as providências serão adotadas. A gente identificou aqui a morte de traíra, de tilápia do Nilo e a morte de uma espécie de piaba. Provavelmente, serão as análises que indicarão o que provocou a mortandade de peixe. Estes peixes estão mortos desde o período que choveu. A lagoa adquiriu uma quantidade maior de água e isso muda os parâmetros de água. É comum morrer peixe em qualquer manancial quando chove, mas a quantidade que morreu aqui mostra que é um desequilíbrio, não foi normal”, afirmou João Dias em entrevista ao Acorda Cidade.
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
A bióloga Dalila Ferreira, responsável pelo laboratório Delta Lab, que atua no ramo de análises ambientais, esteve no local para coletar uma amostra de água e verificar o parâmetro do oxigênio absorvido, que é muito importante para a respiração dos peixes e sua sobrevivência.Também serão verificados os parâmetros orgânicos e químicos para tentar identificar a causa dessa mortandade.
“Para fazer essa coleta nós utilizamos em campo um aparelho para medir a temperatura. Ele tem uma sonda, e nessa sonda também é feita a captação do oxigênio. Além disso, nós utilizamos frascos para levar a amostra para o laboratório e colocamos em caixas térmicas com gelo para preservar a amostra. A gente emite um laudo e entrega para a secretaria. Esse resultado vai ser interpretado, tanto pela secretaria quanto pela professora doutora Hilda, que é química e também pode orientar umas correções”, concluiu.
Segundo Dalila, o laudo com o resultado da análise deve ficar pronto em dez dias.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade