Daniela Cardoso
O advogado Marco Aurélio conseguiu junto a justiça de Santo Amaro a transferência da advogada Gláucia Ottan do Complexo de Delegacias para o Conjunto Penal de Feira de Santana. Glaucia é acusada de ser a mandante do assassinato do ex-marido e também advogado Júlio Zacarias Ferraz, ocorrida no dia 16 de janeiro. Segundo Marco Aurélio, o juiz responsável pela custódia acolheu um dos pedidos feito pela defesa da acusada.
“O pedido principal era a revogação da prisão, o primeiro pedido alternativo, conversão da prisão preventiva em domiciliar em razão dos fundamentos que acredito que você e todos já conhecem notadamente porque ela tem um filho menor de doze anos, e que é indispensável os cuidados com esta criança, e o terceiro pedido alternativo, se nenhum desses fosse recolhido, que ao menos ela fosse transferida da cadeia que ela se encontra para a unidade prisional de Feira de Santana, o Conjunto Penal”, afirmou.
Gláucia Ottan está custodiada no Complexo de Delegacias de Feira de Santana, no bairro Sobradinho, já que, segundo o capitão Allan Araújo, diretor do Conjunto Penal, na unidade não há disponibilidade de uma sala especial para acolher a acusada, que é advogada e tem direito a essa sala de estado maior, como determina o estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Porém o advogado Marco Aurélio informou que, entendendo as circunstâncias e as condições da carceragem na Bahia e no Brasil, abriu mão da sala de estado maior, com o consentimento da acusada para que ela seja instalada aqui mesmo em Feira de Santana e não seja transferida para o presídio de Lauro de Freitas.
“Aqui ela está próximo dos familiares, próximo deste advogado, terá uma assistência melhor. Eu acredito na unidade de Feira de Santana, acredito no trabalho dos profissionais, acredito que ela terá uma assistência, agora desde que ela seja acolhida lá separadamente, em um lugar condizente com o status de advogada. O juiz decidiu desta forma determinar de imediato a transferência”, afirmou em entrevista ao Acorda Cidade.
Marco Aurélio disse ainda que já entrou em contato com o capitão Allan, que teve o cuidado de mostrar a realidade do Conjunto Penal de Feira, que não tem uma ala que possa acolhê-la de forma separada, até porque a ala feminina é menor do que a masculina. Ainda assim, segundo o advogado, houve uma ponderação do diretor do presídio para atender a acusada para que a família da mesma tenha acesso para ministrar medicamentos.
“Ponderei com ele e disse que eu aceitaria essa transferência ainda que seja provisoriamente, até que o juiz da causa dê um novo rumo, adote situação. O que eu não posso admitir, eu acredito que nem mesmo o promotor de justiça e o próprio entendimento do juiz, é que ela fique enclausurada em uma cela de delegacia, onde não é para ficar preso nenhum. Ela precisa mais de um cuidado, pois tem uma enfermidade psíquica. Não estou dizendo aqui que ela é louca, não estou fazendo nenhuma colocação de mérito antecipada. Mas ela precisa de cuidados e precisa ter um acompanhamento da enfermagem, porque possa ser que tenha alguma crise, como outro preso qualquer”.
O advogado Marco Aurélio informou ainda que está aguardando uma resposta do diretor do presídio sobre a transferência de Gláucia, mas destacou que acredita que essa transferência provisória será de logo efetivada. Os próximos passados após a transferência, segundo ele, será verificar se ela vai ser colocada em um local com outras mulheres, em situação que possa correr risco. Caso isso ocorra, o advogada de defesa de Glaucia disse que vai ponderar junto ao juiz, que não tendo estabelecimento adequado, que converta a prisão em domiciliar.
“Não sei se tem tornozeleira eletrônica, mas se o Estado não tiver, aí é um problema do Estado, nós vamos requerer que a prisão seja convertida, se esses pleitos não forem acolhidos, obviamente na minha missão constitucional exercendo o meu papel, vou bater na porta do Tribunal de Justiça, pleiteando o que for melhor para ela”, finalizou.
Delegado diz que investigações continuam
Após a prisão do terceiro suspeito de envolvimento na morte do advogado Júlio Zacarias Ferraz, ocorrida no dia 16 de janeiro, o delegado Roberto Leal informou ao Acorda cidade que as investigações continuam e que ainda há pessoas suspeitas de participação do crime, que devem ser investigadas e é necessário que estas pessoas sejam conduzidas à delegacia de polícia.
“Estamos seguindo com as investigações, está muito cedo para dizer realmente quantas outras pessoas participaram do crime, uma vez que a própria Gláucia não nos esclareceu os fatos e acabou indo na linha da negativa da autoria e por esse motivo estamos ainda trabalhando com algumas informações que estão sendo angariadas, algumas provas testemunhais e aguardamos provas técnicas. Materiais foram enviados para Salvador, estamos aguardando empresas fornecerem as imagens que solicitamos, então tudo isso vai ser utilizado para identificação de todas as pessoas que possivelmente participaram do crime”, afirmou.
Sobre a prisão Cleidson Marques Vasconcelos, conhecido como Vermelho, ocorrida na última sexta-feira (22), o delegado informou que o nome dele já era apontado desde o início das investigações, devido a informações passadas pela empregada, que também está presa.
“Em conversas que tivemos, ela conseguiu identificar os suspeito por foto, por esse motivo foi possível a prisão preventiva dele. Iniciou-se o processo para localizá-lo, demorou muito, porque ele estava ciente do envolvimento no fato, sabia que a polícia estava o procurando, então ele evadiu-se de três endereços que anteriormente estava. Foi necessário fazer várias ações, até ser possível realizar a prisão do mesmo”, destacou.
De acordo com o delegado Roberto Leal, em depoimento, Cleidson Marques Vasconcelos negou a participação no crime. Porém, conforme o delegado, a polícia tem provas técnicas e testemunhais sobre a participação do mesmo no crime.
O que diz a direção do presídio
O Capitão Allan Araújo informou que caso ela vá para o conjunto penal, ela terá que ter convívio coletivo, pois não há sala especial para que ela permaneça isolada das demais presas.
“Informamos das condições atuais e das dificuldades de cumprimento do que preconiza o estatuto da advocacia no que se diz respeita a sala de estado maior para advogados. Encaminhamos ontem mesmo para aquele juízo e aguardamos a manifestação. Caso haja uma flexibilização no entendimento do que seria essa sala ou essa cela, que essa advogada tenha que permanecer, aí sim poderemos recepcioná-la e mantê-la aqui, ou seja ela terá que ser acondicionada com as demais presas. Ela vai ter que ter um convívio coletivo, não tem outra forma de conviver aqui. Aguardamos uma nova manifestação do judiciário e caso haja essa flexibilização no quesito das condições necessárias para que ela permaneça no convívio coletivo, aí sim, ela permanece. Caso contrário, teremos que justificar a impossibilidade e aguardar uma nova decisão do magistrado. [Também] não temos como custodiá-la em enfermaria aqui, a enfermaria funciona diuturnamente, seguindo o modelo dos Posto de Saúde da Família que funcionam nos bairros”, explicou o capitão Allan.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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