Rachel Pinto
O Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico se reuniu na terça-feira (4), na Associação Comercial Empresarial de Feira de Santana (Acefs), com empresários e instituições das classes empresariais para discutir a proposta de extinção do Centro Industrial do Subaé (CIS), como autarquia,, conforme as determinações do Projeto de Lei nº 22.972/2018.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O projeto de lei de autoria do Governo do Estado modifica a estrutura organizacional da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, para enxugar a máquina administrativa, por meio de corte de despesas com cargos comissionados e reestruturação de empresas e autarquias do Estado. Entre as principais medidas do Projeto de Lei está a extinção do Centro Industrial do Subaé (CIS), como autarquia. Do CIS serão extintos 26 cargos. No total, são 1.742 cargos comissionados dos órgãos e entidades da Administração Pública.
Alfredo Falcão, da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), afirmou que a situação do CIS pode ser resolvida com bom senso. Para ele, o CIS é um órgão de interesse do município e é necessário o diálogo entre o governo do estado e municipal para que se chegue a um denominador comum. Para ele, a extinção do CIS pode causar grandes males para Feira de Santana.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Eu acho que a gente tem aí dois governos, o estadual e o municipal e ambos são conduzidos por pessoas que são responsáveis. O CIS é de muito interesse do município e não só interesse econômico, mas também interesse social”, frisou.
O empresário Edson Piaggio também é a favor do diálogo sobre a continuidade do CIS e de uma articulação entre empresariado e governo. Ele frisou que Feira de Santana é a segunda cidade da Bahia que mais contribui para a arrecadação de impostos e geração de empregos e é preciso que todas as consequências sejam avaliadas.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Os empresários de Feira de Santana devem se articular a partir de tudo que foi decidido e o governo do estado deve discutir que Feira não pode ficar desprovida desta interlocução que estabelece com os empresários que estão aqui e que querem se estabelecer”, acrescentou.
Na opinião do empresário João Batista, representante da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), o CIS não estava desenvolvendo ações significativas, mas ainda assim é um espaço que tem uma representação empresarial na cidade. Ele frisou que o equipamento precisa ser readequado, ter menos funcionários, mas não pode deixar de existir.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“A gente sabe que o CIS não vinha fazendo praticamente nada e nossa grande revolta é que de repente se acabe tudo, tiram tudo de Feira de Santana, sem consultar, sem apresentar outra forma de administrar o polo industrial. O que nós precisamos é uma nova forma de administrar o polo industrial. Não pode ser administrado por uma diretoria, uma secretaria que fique em Salvador. Não precisa ter uma coisa desse porte grande, com tantos funcionários, como se tem hoje. São mais funcionários do que cadeiras para poder sentar e isso não é necessário. O governador está certo quando ele vê que tem uma despesa muito grande que não traz resultado de volta e então com muito menos gente ele vai poder ter resultados muito melhores”, afirmou.
O Presidente do Centro das Indústrias de Feira de Santana (Cifs), André Regis, relatou que ainda não há informações precisas sobre a extinção do CIS. Segundo ele, há uma hipótese de que o equipamento funcionará em Salvador através de uma superintendência. André acredita que isso pode trazer consequências desde o processo legal de atração das empresas para a cidade, como também a nível de autonomia e informações.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Nós entendemos que essa representação deve ser local. Deve estar próxima do núcleo industrial e deve estar próxima aqui da cidade e vivenciar a realidade do município”, declarou.
Impactos na economia
Durante a reunião, as discussões sobre a extinção do CIS frisaram bastante sobre os impactos nos investimentos em Feira de Santana tanto relacionados aos empregos como aos novos investimentos. O secretário municipal de trabalho, turismo e desenvolvimento econômico, Antônio Carlos Borges Júnior, informou que a classe empresarial mostra a sua resistência e isso será apresentado à comunidade em uma carta aberta.
"A questão do fechamento do CIS mostra claramente que vai gerar falta de investimento na cidade e desemprego. O primeiro passo é buscar o diálogo, primeiro com a prefeitura, depois com as lideranças empresariais, com o governador e a assembleia, na busca do diálogo, para que a gente possa segurar essa estrutura que a gente tem. Mesmo que seja carente de algumas ações do governo do estado. Estamos sentando para definir a curto e a médio prazo como devemos trabalhar em conjunto para que a gente possa ter um equipamento que possa gerar emprego e renda. Vamos chamar o governador, as lideranças locais e o prefeito para poder conversar e buscar as melhores condições para que a gente possa criar uma política de desenvolvimento econômico na cidade”, completou.
Edson Nogueira, diretor da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), disse que a extinção do CIS vai tirar o direito de Feira de Santana pleitear novas indústrias. Ele ressaltou que o diálogo deve levar ao menos à permanência de um núcleo do polo industrial em Feira de Santana.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Não podemos perder o direito de pleitear as indústrias e gerar empregos. Temos que buscar com o governo uma solução para suprir essa demanda”, finalizou.
O Projeto de Lei sobre a extinção do CIS foi encaminhado na última sexta-feira (30) para votação na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). O governo do estado justifica o projeto alegando que é importante manter o equilíbrio fiscal e garantir o total cumprimento de suas obrigações financeiras.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.