Feira de Santana

Ciclista relata desafios da rotina de quem se desloca de bike em Feira de Santana

A falta de segurança no trânsito e a falta de manutenção nas ciclovias são as principais dificuldades enfrentadas.

Milena Brandão

Economiza tempo, dinheiro, serve como atividade física e ainda protege o meio ambiente com emissão zero de CO2. Interessante, né? Essas são algumas das inúmeras vantagens de andar de bike. Em Feira de Santana, tem sido cada vez mais comum encontrar ciclistas pelas principais ruas e avenidas.

Os desafios, entretanto, são inúmeros e dificultam o dia a dia de quem se desloca dessa maneira. Em conversa com o Acorda Cidade, Neydson Eloy, integrante do grupo GT Lobo Guará, contou como é o dia a dia do ciclista na cidade. 

Foto: Milena Brandão/Acorda Cidade

“Nós ficamos expostos aos automóveis e motos e existe uma falta de educação no trânsito, mas eu ainda tenho mais medo de ser assaltado nas ciclovias do que em relação ao tráfego. Além disso, o uso indevido da faixa dificulta também o tráfego pelas ciclovias da cidade. “É raro não encontrarmos motos paradas, carros, animais ou pessoas fazendo cooper”, afirmou. 

A ação, inclusive, pode gerar multas. De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (Art. 193), transitar com o veículo em local proibido como ciclovias e ciclofaixas é infração gravíssima, menos 7 pontos na carteira e multa no valor de R$ 880,41. 

Condições da ciclovias

A falta de sinalização, pintura e placas dificulta o acesso dos ciclistas. ”Temos interferências de comerciantes e empresas de gás e de água que utilizam a via. Recentemente, a construção de um posto de gasolina impediu o acesso desses ciclistas à via”, contou.

Foto: Milena Brandão/Acorda Cidade

Ainda segundo Neydson Eloy, depois das obras do BRT alguns pontos da avenida Getúlio Vargas foram danificados. 

Quando não for possível a utilização ou não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, o art. 58 do Código Brasileiro de Trânsito permite a circulação de bicicletas, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

Em complemento, o art. 59 prevê que, desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.

Ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota

Muito se fala sobre esses três termos, mas para algumas pessoas ainda não é clara a diferença entre eles. Entende-se como ciclovia um espaço segregado para fluxo de bicicletas, há uma separação física isolando os ciclistas dos demais veículos (como por exemplo, miniaturas de gelo baiano).

Para a ciclofaixa, há apenas uma faixa pintada no chão sinalizando o espaço, e a ciclorrota é uma rota, sinalizada ou não, recomendada para quem está de bike em circuito turístico, esportivo ou em algum deslocamento. 

Manual de Sobrevivência

O grupo GT Lobo Guará, do qual Neydson faz parte, existe há 11 anos na cidade. Conhecedores da realidade da cidade, os integrantes criaram, há pouco mais de um ano, um manual de sobrevivência para o ciclista e para a ciclovia. 

“Abordamos tanto a orientação e os cuidados com a via, que está sendo atacada por diversas intervenções, como também para o ciclista que ainda não tem educação de tráfego. Por exemplo, a ciclovia tem duas faixas e as pessoas usam as faixas erroneamente, na contramão.”

O grupo é ativo. Incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte, participa dos fóruns, promove o cicloturismo na cidade e faz reivindicações. “Nós estamos sempre denunciando, questionando. Mas, infelizmente, só quando há um acidente fatal, os órgãos públicos se mobilizam para fazer intervenções necessárias”, afirmou. 

As ciclovias da cidade

Em Feira de Santana são 19,4 km de ciclovias ou ciclofaixas, divididas nos seguintes locais: 8,1 km na Avenida Nóide Cerqueira (sendo 2 km para pista de cooper); 3,5 km na Avenida Presidente Dutra; 2,3 km na Lagoa Grande; 4 km no Parque da Cidade e 1,5 km na Fraga Maia. 

No entanto, diante das condições de acesso, Neydson acredita que as pessoas que pedalam para deslocamento não são atendidas por essas ciclovias, a não ser pela Avenida Nóide Cerqueira. 

Como melhorar?

Algumas pequenas práticas e hábitos podem mudar significativamente a realidade dos ciclistas. A experiência de nove anos como ciclista permitiu a Neydson enumerar algumas: 

1. As leis precisam ser respeitadas;

2. Sempre que possível, os ciclistas devem denunciar os problemas à Superintedência Municipal de Trânsito;

3. Promover a educação de trânsito, não só de ciclistas, mas pedestres e motoristas;

4. Promover a inclusão de ciclistas no trânsito, uma vez que a cidade é plana e isso favorece o uso de bicicletas.

Leia mais: Secretário explica a existência de poucas vias para ciclistas em Feira de Santana
 

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