Andrea Trindade
Atualizada às 12:43
Mais um detento do Conjunto Penal de Feira de Santana fugiu da unidade. É o segundo caso nesta semana, nos primeiros dias de desinterdição.
Bernadinho Silva dos Santos, 22 anos, natural de Ruy Barbosa, fugiu do presídio na manhã desta sexta-feira (10) após conseguir pular o muro. Ele foi condenado a 20 anos de prisão por assalto, e cumpria pena desde 22 de março de 2016.
A fuga anterior foi registrada na madrugada da última quarta-feira (8), quando Carlos José Pereira de Macedo, de 19 anos, natural de Coração de Maria, conseguiu deixar a unidade prisional durante a madrugada. Apenas pela manhã, durante a verificação matinal, foi notada a ausência do presidiário condenado a 10 anos e 8 meses de prisão, por assalto.
A direção do Conjunto Penal abriu sindicância para apurar as fugas. Os dois fugitivos estão sendo procurados.
Desinterdição
O Conjunto Penal de Feira de Santana foi autorizado a receber novos presos desde terça-feira (7). A desinterdição foi anunciada na segunda-feira (6) pelo presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Gesilvado Britto, que considerou que a interdição parcial da unidade prisional, ocorrida desde o dia 26 de abril, agrava o problema de superlotação de outras unidades carcerárias do estado.
O que diz os agentes penitenciários
O diretor do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado (Sinspeb), Marcelo Mascarenhas, relatou ao Acorda Cidade que respeita a decisão do juiz, mas não concorda.
“Não concordamos porque os itens estabelecidos pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), pelo Ministério Público do Estado da Bahia e pelo juiz da vara de Execuções Penais de Feira de Santana, Valdir Viana, não foram cumpridos. Como, por exemplo, a instalação de bloqueadores de aparelhos celulares, o sistema de monitoramento por câmera na unidade prisional, a contratação de novos agentes penitenciários, mesmo com o concurso em aberto, a correção dos pontos cegos nas guaritas em onze pavilhões e na penitenciária feminina, a porta giratória na entrada de visitantes e o estabelecimento do scanner humano. Ou seja, destes itens, o governo apenas cumpriu, forçadamente, a abertura do minipresídio e de mais dois pavilhões, o seis e o onze”.
Ele também destacou que a quantidade de agentes penitenciários é insuficiente para atender um presídio com quase dois mil detentos e que há pontos cegos nos muros do Conjunto Penal.
“Nós já tínhamos um número de agentes reduzidos, que agora está mais reduzido ainda. Nos itens do TAC, o aumento da altura da muralha interna e externa dos pavilhões, bem como a solução para os pontos cegos da guarita não foram resolvidos. Na reforma e ampliação, foi construída uma muralha, que impede a nossa visão. Então, os presos estão tomando banho de sol e a gente não consegue enxergar. Nós ficamos encurralados, então, no momento em que o preso pula o muro ou comete um crime, a gente não consegue ver. Para consertar, é só cortar as paredes e fazer a correção dos pontos cegos”, informou.
Reunião
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade
O tenente-coronel Moraes, comandante da Companhia Independente de Polícia de Guarda, responsável pelo policiamento na área externa do Conjunto Penal, esteve na manhã de hoje na unidade e conversou com o diretor do presídio, capitão Allan Araújo. Segundo o tenente-coronel, o fugitivo pegou carona em uma motocicleta quando conseguiu pular o muro.
“Não temos como mobilizar o preso com tiros e as viaturas que aqui estavam o perseguiram. A câmera de um estabelecimento próximo mostrou que ele teve apoio para fugir. Ele pegou uma carona em uma moto e tomou destino ignorado. A suspeita é que essa pessoa já estava o esperando. A câmera flagrou o veículo passando em alta velocidade. Encontramos um short amarelo, uma porção de drogas e um bilhete dentro de um saco plástico, e isso quer dizer que ele trocou de short para dificultar a identificação visual”, relatou ao Acorda Cidade.
Segundo o tenente-coronel, o policiamento nas guaritas é feito em forma de rodízio, uma vez que algumas ficam vazias. “Os policiais ficam nos pontos mais vulneráveis e temos um número razoável de policiais que tem como fazer essa cobertura de forma ininterrupta. O policiamento nas guaritas é 24 horas. A gente faz esse rodízio para o preso não detectar qual guarita que ficará vazia.
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade
O diretor, Capitão Allan, informou que durante a reunião com o comandante definiu estratégias para melhorar o policiamento, afetado pelo número reduzido de policiais e agentes penitenciários.
“Esse número reduzido é uma constatação que deve ser discutida para que se crie com ações de governo e estratégias para minimizar essa deficiência de efetivo. Realmente existiu esse apoio do motociclista na fuga e o veículo já foi identificado”, informou.
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Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade