Laiane Cruz
Familiares de detentos do Conjunto Penal de Feira de Santana realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (15) alegando maus-tratos e humilhações em dias de visita aos presos. De acordo com um dos manifestantes, que não quis se identificar, os visitantes chegam a esperar até mais de oito horas para entrar no local.
“Não tem um local com proteção adequada contra o sol e a chuva para a gente que visita os nossos internos ou parentes. Demora na fila pra adentrar as instalações da unidade. Tem visitantes que chegam às 5h da manhã e quando conseguem entrar já são 15h e isso é um absurdo”, afirmou a entrevistada.
Ainda segundo ela, os familiares trazem itens que estão na lista para os presos, mas que estão sendo retirados pelos agentes penitenciário.
“A comida eles que escolhem. Se trouxermos macarrão, não pode entrar o arroz, sendo que são quatro vasilhas e a gente já traz no padrão, e mesmo assim eles estão mudando. A gente traz a roupa e eles carimbam parecendo que é o estado que dá. Tem agente que humilha a gente, que destrata”, acusou.
O diretor do Conjunto Penal, capitão Allan Araújo, informou em entrevista ao Acorda Cidade, que já tomou conhecimento das denúncias de maus-tratos contra familiares dos presos e que está apurando para tomar as medidas cabíveis.
“Vamos apurar, porque nós temos o pensamento de que visitante de preso não é preso. São pessoas alheias ao crime, parentes, entes queridas de pessoas presas e que não merecem ser destratadas. Acabei de tomar conhecimento disso e me reuni com algumas pessoas, uma comissão de sete visitantes, que relataram algumas situações, que vamos apurar, pois o servidor público precisa ser responsabilizado pelos seus atos”, afirmou ao site.
O capitão afirmou ainda que as reinvindicações foram anotadas. No entanto, segundo ele, algumas são pertinentes e outras não.
“Por exemplo, algumas solicitam que remédios adentrem à unidade e não podemos autorizar. Todo medicamento deve passar pelo crivo do médico do Conjunto Penal. Agora, situações como acomodação na parte externa da unidade para que possam se abrigar da chuva, nós acreditamos que o quanto antes podemos resolver isso, e já foi solicitado à secretaria de administração penitenciária e temos certeza que será atendido porque não é algo de custo elevado.”
Ele ressaltou que a manifestação ocorreu em um momento oportuno, porém delicado, de briga da classe penitenciária por alguns direitos. “Temos que ter muita cautela, mas toda falha vinda do servidor público, de um agente penitenciário do Conjunto Penal de Feira de Santana vai ser apurada.”
O vereador Edvaldo Lima, que faz parte da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, acompanhou a manifestação e disse que já conversou com o diretor do Conjunto Penal, que se comprometeu a buscar soluções.
“Ouvi o diretor e ele já me explicou que está tomando as devidas providências junto à Secretaria de Administração Penitenciária, e que tem interesse de resolver o problema. Como vice-presidente, irei levar o problema à Câmara de Vereadores na segunda-feira e à presidente da comissão, para que através da Câmara possamos fazer um requerimento, que sendo aprovado, encaminharemos ao governo do estado. As famílias tem que ser recebidas com dignidade e o estado tem que ter respeito com as famílias dos presidiários”, declarou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.