Daniela Cardoso e Rachel Pinto
Embora muitas pessoas critiquem, a Praia de Cabuçu, localizada no município de Saubara e distante de Feira de Santana cerca de 85 Km, é sem dúvida um local muito procurado pelos feirenses durante o verão.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A praia de águas calmas e mornas tem em sua extensão várias sombras de amendoeiras e estes são alguns dos atrativos para feirenses em veraneio, passeios e excursões. Além disso, muitos comerciantes e ambulantes aproveitam o período de férias e o movimento da praia para ganhar dinheiro.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A beleza da praia por vezes é ofuscada pelo lixo, a desorganização do espaço, alguns problemas como falta de água, de segurança, queda de energia e até a acessibilidade da estrada principal. Mas, o local não deixa de ser o ‘point’ de muitos feirenses e daqueles que enchem a boca para dizer: “Bora descer pra Cabuçu?”.
O local é simples. Conta com algumas pousadas, comércios locais, como mercadinhos, bares e a maior parte das pessoas que vai visitar a praia se hospeda em casas alugadas. E se engana quem pensa que a apesar dos problemas o aluguel é barato. Os preços e as estruturas de casas variam. Sendo possível encontrar desde um quarto e sala até mansões com acesso direto à praia, piscina e área gourmet.
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
Em Cabuçu tem mesmo de tudo. Tem a mistura dos guetos, visitantes dos bairros mais periféricos de Feira de Santana, até grandes empresários que possuem casas na praia, lanchas, moto aquáticas e barcos que passeiam de Cabuçu até Salvador e pelas ilhas vizinhas.
Na muvuca do centro de Cabuçu tem sempre um pagodão hit do verão tocando e um carro com um paredão de som. As coreografias ficam por conta dos grupos de amigos que se reúnem para beber, dançar e fazer aquela resenha.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O local é movimentado o ano inteiro e na praia ainda é possível sentir um pouco da cultura nativa com as marisqueiras de Saubara e alguns comerciantes locais.
Há pratos típicos com tempero do Recôncavo Baiano vendidos pelas marisqueiras que logo nas primeiras horas da manhã percorrem a praia para vender as iguarias. Tem caruru, vatapá, peixe e moqueca de camarão, sururu e chumbinho (marisco típico da região). Têm um cheiro inigualável e é muito difícil sentar em uma barraca em Cabuçu e não se render aos temperos das marisqueiras.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Elenice dos Santos Silva conta que há muitos anos trabalha como marisqueira em Cabuçu. Com expectativas de boas vendas ela conta que tem dias que garante um dinheiro bom com a venda dos seus produtos.
“Tenho moqueca de marisco, siri catado e o caldo de sururu. Tem dias que o movimento é muito bom”, acrescentou.
Além da culinária das marisqueiras, em Cabuçu tem vendedor de tudo quando é coisa para comer e também roupas e acessórios. Tem vendedor de queijo coalho na brasa com melaço e orégano, vendedor de castanha, vendedor de empada, cocada, crepe, acarajé e o que se pensar. Tem os vendedores de cangas e biquínis que dão um colorido a mais na praia, vendedores de bijuterias, boias para crianças, brinquedos e é claro se você for à Cabuçu vai encontrar a cada vinte ou trinta metros de praia aquele vendedor simpático do kit clareador e bronzeador. Afinal, não adianta ir à praia se não for pra ficar com o corpo dourado e bronzeado do verão.
Embora o amor e admiração pelo local sejam muito expressivos, os visitantes que vivenciam os constantes problemas ficam chateados pela falta de estrutura da praia que há tantos anos faz parte do álbum de férias de muitos feirenses.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Luciene Santos da Silva é uma dessas feirenses que gosta muito da praia, mas não deixa de registrar a sua indignação em relação aos problemas.
“A praia de Cabuçu é maravilhosa, o que falta aqui é organização com relação a um banheiro químico, um banheiro público para os banhistas. As estradas também precisam melhorar, além da limpeza. A população também precisa se conscientizar com relação a limpeza e a organização, não custa nada a pessoa trazer seu saco e colocar o lixo para o carro recolher. Também tem muita reclamação de falta de água. Na virada do ano muitas pessoas reclamaram que ficaram dois dias sem tomar banho. A gente viu um pai dando banho em uma criança com água mineral”, relatou.
Falta de água
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A estrada ruim e cheia de buracos e a falta de água estão entre as maiores queixas dos veranistas e comerciantes. Há 25 anos trabalhando como barraqueiro em Cabuçu, o comerciante Luis Carlos Gonçalves desabafa: “Aqui está faltando melhores condições para trabalhar, por exemplo, a água que falta muito. Além disso, o aluguel é bem caro, chegando a dois mil reais por mês. A praça também poderia ser mais organizada”, disse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
De acordo com ele, os lucros estão compensando as despesas, mas só depois do verão que vai dar para saber melhor quanto ganhou. As promoções ajudam a chamar os clientes e ele vende coco por R$ 4, caldo de cana a partir de R$ 3, e a cerveja três por R$ 10 e duas por R$5.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A comerciante Eunice Brito, que trabalha há cinco anos na praia, também engrossa o coro da reclamações e lamenta as dificuldades de estrutura. Para ela, o comércio só não é melhor devido a essas questões.
“Às vezes a água vem tão fraca que não enche o tanque. Todos os anos é a mesma coisa. Desde dezembro que a água está caindo bem fraca e as vezes não dá pra usar. Todos os comerciantes reclamam”, contou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Desenvolvimento
Em uma relação de amor e ódio, sempre em alguma roda de conversa entre feirenses vem aquela pergunta: “Você já foi em Cabuçu?” e entre cada “sim” e “não”, cada um tem as suas justificativas. Uns defendem, enquanto outros falam mal.
O fato é que muitos pontos negativos vão sempre sobressair enquanto não houver medidas para o aproveitamento, para potencializar e desenvolver o local. A praia é bem acessível, agraciado de belezas naturais e há décadas interessa a muitos, com ressalva para os vários feirenses e visitantes, que entra ano e sai ano, batem o ponto certo na praia de Cabuçu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.