Andrea Trindade
Um morador do bairro Conceição, cujo nome não foi divulgado pela Polícia Federal (PF), foi conduzido para a delegacia na manhã desta terça-feira (25), durante a segunda fase da Operação Glasnost, que combate a exploração sexual de crianças e o compartilhamento de pornografia infantil na internet. Ele teve o celular e notebook apreendidos para averiguação, e segundo o delegado, Josafá Bastista, da PF, o suspeito estava sendo monitorado há algum tempo.
O crime é afiançavel e o suspeito foi liberado após pagamento de fiança de mais de 30 salários mínimos, o equivalente a R$ 28.110,00. Ele responderá em liberdade.
Segundo a Polícia Federal, a investigação teve como base o monitoramento de um site russo utilizado como uma espécie de “ponto de encontro” de pedófilos do mundo todo, e resultou na identificação de centenas de usuários, brasileiros e estrangeiros, que compartilhavam pornografia infantil na internet, bem como de diversos abusadores sexuais e produtores de pornografia infantil, tendo sido identificadas, ainda, diversas crianças vítimas de abuso.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Em Feira de Santana tivemos um alvo, objeto de busca e apreensão, cujo material encontrado em seu poder está sendo periciado para avaliarmos a gravidade da situação dele. Desde 2013 nós ampliamos o leque de alvos em todo o Brasil e a coordenação da operação, que fica em Curitiba (PR), detectou lá o envolvimento deste alvo aqui em Feira e nos repassou e deste então passamos a monitorar seu envolvimento neste site russo, compartilhamentos e gostos relacionados a esta prática criminosa”, disse o delegado ao Acorda Cidade.
Conforme as investigações, os monitorados produziam e armazenavam fotos e vídeos de crianças, adolescentes e até mesmo de bebês com poucos meses de vida, muitos deles sendo abusados sexualmente por adultos, e as enviavam para contatos no Brasil e no exterior.
Advogado Joari Wagner (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)
Joari Wagner, advogado do suspeito em Feira, informou ao Acorda Cidade que aguarda a perícia do material e que “até o momento não há nada contra ele”.
“Ele foi apenas conduzido. Ainda é cedo para saber se é flagrante, se é inquérito regular. O relato é de que, em tese, havia algum material pornográfico em algum computador de posse dele, mas que nada leva a crer ser de pedofilia infantil”, disse o advogado.
Alerta aos pais e sociedade
Delegado Josafá Batista (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)
O delegado destacou que no artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) qualifica como crime grave armazenar ou compartilhar/divulgar fotos, gravações ou imagens de crianças ou adolescentes em situação de sexo explícito ou pornográfica. A pena é de 3 a 8 anos de reclusão e multa. (Veja a lei na íntegra aqui).
Ele faz um alerta aos pais para que acompanhem seus filhos o tempo todo para protegê-los de crimes como estes e outros praticados na internet.
“Fica um alerta os pais e mães, responsáveis: Grudem, colem nos seus filhos, cuidem de seus filhos. Porque há verdadeiros lixos humanos, pessoas talvez doentes, mas na sua essência criminosas, que estão a espreita dos seus filhos. Cuidado com a internet. Internet facilita muito a comunicação e nossas atividades, mas abre campos que é terra de ninguém, como conhecemos a Deep web, a internet profunda, onde não há regras, onde os criminosos se aproveitam e podem, senhores pais, estar assediando seus filhos”, alertou.
Leia também: PF realiza operação contra pedofilia em Feira de Santana e outras 50 cidades
A operação
Segundo a assessoria de comunicação da PF, cerca de 350 Policiais Federais estão participando da deflagração da operação, cumprindo 72 mandados de busca e apreensão, 03 mandados de prisão preventiva e 02 mandados de condução coercitiva, em 51 municípios nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Piauí, Pará e Sergipe.
Na Bahia a operação foi realizada em Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus e Jitaúna.
PF cumpriu mandados em mais de 50 cidades de 14 estados brasileiros (Foto: Divulgação/PF)
A ação é uma sequência da operação Glasnost, deflagrada em novembro de 2013, ocasião em que foram cumpridos 80 mandados de busca e apreensão e realizadas 30 prisões em flagrante por posse de pornografia infantil. Foram ainda identificados e presos diversos abusadores sexuais, bem como resgatadas vítimas, com idades entre 5 e 9 anos.
Anteriormente à deflagração da segunda fase da operação, foram cumpridas medidas urgentes nas cidades de Osasco/SP, Presidente Prudente/SP, Porto Alegre/RS, Vila Velha/ES, Jundiaí/SP, Praia Grande/SP, Campo Grande/MS e Cachoeira do Itapemirim/ES, tendo em vista a identificação de casos concretos de abusos sexuais contra crianças. Em todos os casos foram presos os abusadores e identificadas as vítimas dos abusos.
Com informações do repórter Ed santos do Acorda Cidade