Feira de Santana

Engenheiro Civil diz que Sistema BRT tem deficiências; secretário contesta

O engenheiro apresentou algumas ideias ao Governo Municipal, por acreditar que o projeto do BRT precisa ser repensado.

Daniela Cardoso e Ney Silva

O BRT (sigla em inglês para Ônibus de Trânsito Rápido), novo sistema de transporte urbano idealizado pela Prefeitura Municipal de Feira de Santana, tem deficiências. A observação é do Engenheiro Civil Danilo Ferreira. Ele defende que parte do dinheiro do BRT seja destinado para construção de um novo Anel de Contorno, onde os ônibus desse novo sistema de transporte pudessem se movimentar atendendo a população da periferia. O engenheiro apresentou algumas ideias ao Governo Municipal, por acreditar que o projeto do BRT precisa ser repensado.

“O BRT apresenta algumas deficiências. Uma delas é que ele liga o centro ao centro e não interconecta as regiões principais da cidade, que são a região norte, entre a Avenida Transnordestina e a BR-324 na altura da Avenida Presidente Dutra; a região sul, da Presidente Dutra até a BR-116; a região oeste, da BR- 116 até a Transnordestina. Acredito que essa é uma falha que precisa ser sanada. Acho que o projeto precisa ser analisado sob uma ótica diferente, não do centro da cidade e sim da periferia”, defendeu.

Segundo o engenheiro, seria um BRT que transitaria através do Anel de Contorno, que deveria ser urbanizado com o recurso que viria proveniente do próprio BRT. De acordo com ele, seria um Anel de Contorno que teria todas as suas vias marginais executadas e, através dessas vias, teria uma faixa separada para o BRT transitar e também se transitaria nas linhas truncais, que sairiam das periferias e iriam até o centro das suas respectivas zonas, levando o cidadão com mais velocidade para todos os locais dentro de Feira de Santana.

“O Anel de Contorno foi caracterizado pela lei do município de 1996 como uma via expressa. Hoje ele precisaria ter três faixas de cada lado das suas respectivas vias, então ele seria totalmente modificado com esse recurso que viria para a mobilidade urbana, com toda uma infraestrurura que traria ganho para a cidade”, afirmou Danilo Ferreira.

 

Intervenções nas avenidas Getúlio Vargas e João Durval

Sobre a intervenção que deverá ser realizada nas avenidas Getúlio Vargas e João Durval, para a implantação do BRT, o engenheiro civil considera muito arriscado. Segundo ele, para isso, uma das faixas das avenidas será retirada e os retornos serão eliminados, o que pode dificultar ainda mais o trânsito nesses locais. “Acho que não é preciso fazer uma intervenção dessa magnitude no centro da cidade, que atualmente tem outras necessidades”, afirmou.

Sistema Integrado de Transporte

Danilo Ferreira também criticou o projeto do Sistema Integrado de Transporte (SIT). “O atual sistema leva o cidadão para uma determinada região da cidade, que são os transbordos, sendo que muitas vezes é mais longe do que o local que o cidadão realmente quer ir. É um equívoco. O cidadão precisa fluir através do seu próprio caminho. Eu defendo que tenhamos nove ou 10 estações ao longo dessa linha sugerida para o BRT através do Anel de Contorno e que o cidadão se dirija pelo caminho mais próximo do seu destino. Assim ele conseguiria chegar em um tempo de, em média, 40 minutos em qualquer lugar da cidade”, defendeu.

Falta de demanda de passageiros

O secretário municipal de Planejamento, Carlos Brito, contesta o engenheiro Danilo Ferreira. Ele acredita que o BRT não pode circular pelo Anel de Contorno, pois não haveria demanda de passageiros. Ainda de acordo com o secretário, todo o projeto foi elaborado de forma criteriosa.

“O engenheiro Danilo entende de Trânsito do mesmo modo que eu entendo de cirurgia plástica: nada. Para ter o BRT são necessários corredores exclusivos e é necessário ter uma coisa primária, que é carregamento. Qual carregamento teremos no Anel de Contorno para suportar o investimento no BRT? Vai circular com ônibus vazios? Quanto seria o preço dessa tarifa? As ideias dele são de quem não viu o projeto e não conhece o que é um sistema de transporte coletivo”, afirmou.

Carlos Brito afirmou que a escolha do local para o BRT foi feita a partir de pesquisas de origem e destino de passageiros, que verificou os locais por onde passam mais pessoas. “O trabalho não foi feito de forma aleatória. Acho que o engenheiro deveria observar um pouco e a partir daí fazer as críticas, que são bem- vindas”, disse.

O secretário afirmou, ainda, que não existe possibilidade de colocar o sistema BRT nas periferias, devido à falta de espaço. “Como é que vamos colocar na periferia corredores exclusivos, se a rua tem uma caixa de sete metros e o BRT tem quatro metros? Os outros carros passariam por onde?”, questionou. Carlos Brito ainda defendeu que o local ideal para o BRT realmente é nas avenidas Getúlio Vargas e João Durval.

“Quando colocar uma faixa na Getúlio Vargas, os passeios do lado esquerdo vão desaparecer. Vamos colocar faixas e as pessoas vão andar por dentro do grande canteiro central. Vamos requalificar a Avenida Maria Quitéria para que as pessoas busquem como uma opção a mais. Além disso, vamos reduzir os passeios da Maria Quitéria para aumentar as vias, já que no local não tem uma circulação muito grande de pessoas e sim de veículos”, explicou.

Sistema precário

O secretário Carlos Brito informou que os corredores de tráfico do BRT serão pela João Durval e Getúlio Vargas e os ônibus das linhas truncais vão atender a periferia e chegar até as estações. Ele disse que o atual sistema de transporte não vai mudar, será apenas melhorado.

“A população está reclamando, pois atualmente o sistema é precário. Os ônibus estão sujos, quebrados e passam atrasados. O BRT vai fazer um sistema de integração na Pampalona, na Ayrton Senna e outra na Getúlio Vargas. Teremos novos ônibus, mais modernos, e vamos melhorar a qualidade do serviço, que é muito ruim atualmente”, disse.

Carlos Brito informou que recebeu a sugestão do engenheiro Danilo Ferreira e que encaminhou para a equipe técnica, que, segundo ele, não teve o que responder. “Acho que ele precisa estudar mais um pouco. Também não sou especialista, mas participei de todo o processo”, afirmou. 

Comentários:

Evandro Junior – É engraçado… o comentário "O engenheiro Danilo entende de Trânsito do mesmo modo que eu entendo de cirurgia plástica: nada" do Senhor Secretario.Carlos Brito Formação acadêmica – Ciências Contábeis Experiência profissional – É professor da Uefs, com mestrado em Ciências Contábeis. É especialista em Consultoria Industrial, em Administração Financeira e em Projetos Culturais. E de projeto físico e estrutural o que o Senhor entende? Qual a sua experiencia com obras? Quer criar caos no centro da cidade com o projeto do BRT, que vai levar ninguém à lugar nenhum, em quanto que o projeto no anel de contorno engloba todas as regiões da cidade principalmente as periféricas, consequentemente a massa da população. É só realizar a partir dos terminais de parada do BRT, um deslocamento igual como é realizado nos dias de hoje nos terminais do Tomba e Cidade Nova com transporte gratuito de bairro onde as Kombi realizam o deslocamento ate certos pontos do bairro. Acho que o problema é apenas politico, pois, o anel de contorno pertence a UNIÃO então seria fazer obra para o GOVERNO do Estado com recursos Municipal.

Manoel Dias – O problema, assim como na maioria das obras publicas em nosso pais, é que os gestores iniciam um projeto imaginando quantos votos iram ganhar. Jogam no lixo os pontos críticos dos projetos porque isso demanda tempo, algo que na política não é bom. O nosso sistema de transporte urbano atual, também foi feito todo um alvoroço com o foco de desenvolvimento, hoje vemos que "o tiro saiu pela culatra". Estamos repetindo o mesmo erro, claro, com proporções de investimentos bem maiores. Mais uma vez a parte técnica perde espaço para interesse políticos. E nossa "Princesa" não consegue deixar a plebe. "…Salve ó terra formosa e bendita, paraíso com o nome de Feira. Toda cheia de graça infinita És do norte a princesa altaneira… E o teu povo tão cheio de vida só trabalha por ver-te elevada". Te amo minha cidade!!!

CHRISTIANNE M. MACEDO – Concordo com o engenheiro, andar sentido centro e sentido centro não faz sentido. A população mais afastada do centro é quem mais sofre com esse sistema precário de transporte publico na cidade. Além do mais temos muito a perder principalmente na Av. Getulio Vargas. Em outros Países e Estados vemos o quanto os governos se importam com a funcionalidade do que deve ser feito para a população. Aqui nossos políticos sempre privilegiam o seu ego.

Laerte de Oliveira – Dilton, antes de por em prática o BRT, a Prefeitura deveria abrir concorrência para aumentar o número de empresas para explorar o transporte urbano. Com transporte de boa qualidade, muita gente deixaria seus carros em casa.

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