Feira de Santana

Mulher é acusada de aplicar golpe da casa própria em cerca de 200 pessoas

Um homem, que será identificado nesta matéria apenas como Vieira, disse que uma média de 200 pessoas podem ter sido enganadas.

Daniela Cardoso

Cerca de 15 pessoas compareceram ao Complexo Policial, 1ª delegacia, para prestar queixa contra uma mulher, que, segundo eles, vende casas da Caixa Econômica Federal, pega a entrada e depois some. Segundo o grupo, a mulher cobrava de cada pessoa entre R$ 2 a R$ 7 mil. Além dessas 15 pessoas, existe a suspeita de que muitas outras possam ter caído no suposto golpe. Um homem, que será identificado nesta matéria apenas como Vieira, disse que uma média de 200 pessoas podem ter sido enganadas.

Segundo Vieira, a mulher dizia que não era funcionária da Caixa, mas que conhecia pessoas influentes que trabalham no local. Ele disse que tem, inclusive, gravações em que ela cita o nome de algumas pessoas. A mulher pedia a entrada em dinheiro e dizia que iria facilitar a casa, que devia sair em um ano, porém, de acordo com Vieira, o prazo já se esgotou há seis meses.

“Hoje quando entramos em contato, ela nos fala outro prazo. Não suportamos mais isso. Ela mexeu com o sonho das pessoas. Uns amigos foram indicando outros e agora ficamos esperando essas casas que nunca saem”, afirmou.

Ainda conforme Vieira, a mulher informou que as casas eram do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), que já é extinto. “Ela disse que a Caixa Econômica tomou alguns imóveis de pessoas inadimplentes e que ela ia dar um jeito de passar a casa para outras pessoas. Para isso, cobrava um valor de R$ 2 mil, inicialmente, mas algumas pessoas pagaram até R$ 7 mil. Ela dizia que a gente receberia a casa um ano depois, mas o prazo já extrapolou”, disse.

Vieira relata que nenhuma das pessoas que prestaram queixa tem comprovantes de que pagou os valores à mulher, mas acredita que registrar a queixa é uma segurança para eles.

“Não temos nenhum comprovante, pois a gente sabia que estávamos dando esse dinheiro para facilitar a negociação. Seria o famoso ‘jeitinho brasileiro’. Com o sonho de ter uma casa, não procuramos e nem pedimos nenhum recibo. Não temos documentação. Com a queixa, vamos resguardar também a nossa integridade física, já que algumas pessoas estão sendo ameaçadas”, disse.

‘Não tem vínculo com o município’, diz secretário

O secretário municipal de Habitação, Sandro Ricardo, esclareceu que a mulher não tem nenhum vínculo com a prefeitura. Segundo ele, o PAR não existe mais e que quando ocorre casos em que a Caixa Econômica Federal retoma esse tipo de imóvel, ele é leiloado para que todos possam participar.

“O PAR é um programa anterior ao Minha Casa, Minha Vida, onde era feita uma análise de mercado e as famílias se inscreviam. Não existe a possibilidade de empreendimentos do PAR, que foram retomados pela Caixa, serem revendidos. Parece uma tentativa de golpe. É importante que isso venha à tona para que as pessoas fiquem atentas, pois não existem facilidades”, ressaltou.

Investigações já foram iniciadas

A delegada Milena Calmon, que já ouviu algumas pessoas que prestaram as queixas, disse que as investigações já foram iniciadas e que algumas dessas vítimas passaram a identificação e o endereço da suposta estelionatária.

“Já fomos a um dos possíveis endereços e não conseguimos encontrá-la. Agora temos um novo endereço e acredito que em 24 horas iremos localizá-la para que ela venha a ser interrogada. Estou aguardando o depoimento de outras oito supostas vítimas”, disse.

Segundo a delegada, as vítimas disseram que ficaram sabendo, através de uma propaganda boca a boca, que uma pessoa ligada à secretaria de Habitação do município estaria oferecendo casas com algumas facilidades. “Em troca disso, essa mulher cobrava uma quantia em dinheiro, como entrada, que variava de R$ 2 mil a R$ 8 mil, e depois que recebia o dinheiro, não atendia mais aos telefonemas”, relatou.

Milena Calmon disse que as investigações terão como base o que foi dito pelas vítimas e que, se houver necessidade, pessoas ligadas à secretaria municipal de Habitação também serão ouvidas. “Tivemos a informação de que essa mulher teria alguma ligação com o setor da Habitação e se for necessário vamos oficializar responsáveis para que prestem esclarecimentos aqui na delegacia”, finalizou.

As informações são do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade 

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