Matinha

Paróquia Quilombola do distrito da Matinha participa de Encontro Continental Afro no México

Nove países da América Latina participaram do evento, dentre eles o Brasil, Colômbia e Peru.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

O 15º Encontro Continental da Pastoral Afro (EPA), que aconteceu no México entre os dias 16 a 20 de outubro, teve a participação de representantes da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, criada recentemente no distrito da Matinha, em Feira de Santana. O padre da paróquia, Ibrahim Muinde Musyoka, e a professora Francisca das Virgens participaram do Encontro junto ao arcebispo Dom Zanoni Demettino Castro.

O Padre Ibrahim Muinde Musyoka, é natural do Quênia, país africano. Ele chegou ao Brasil há 8 anos, e começou a trabalhar em Feira de Santana no ano de 2020.

“O objetivo desse Encontro, seguindo a organização da pastoral afro, é organizar primeiro a partir das comunidades, temos essa articulação que sobe para as paróquias, arquidiocese, e do nível regional sobe para o nível nacional. E aí já conecta aos continentes onde acontece no nível continental, a cada dois anos. É por isso, que este foi o 15º, o que significa que já teve outros encontros,” contou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O evento envolveu a participação de nove país, a maioria da América Latina e do Caribe, como Brasil, México, Peru, Colômbia, Costa Rica, dentre outros. O padre destacou ao Acorda Cidade que o evento é continental, porque a questão do negro não envolve só um país, ou localidade.

“Olhando mesmo a própria questão da escravidão, muitos africanos vieram de vários países da América Latina, também caribenha e subindo para a América do Norte, e por muito tempo também foi percebido que os direitos dos negros não vem sendo reconhecidos. Por exemplo, a maioria das pessoas não sabem que possui negros no México, a Argentina é outro país que existe negro, mas ninguém fala. No México foi apresentado no Encontro que só em 2019 os direitos dos negros foram colocados na constituição Nacional. É um discurso que deve ser feito, porque existem negros invisibilizados e que também não conseguem estar nos espaços de liderança, articulação e protagonismo que precisam e devem ter,” alertou.

A história de cada país também foi abordada no Encontro.

“Foi falado sobre a história de cada país na sua especificidade; como aconteceu o processo de escravidão dos nossos irmãos, os trabalhos que vieram fazendo, e como ficou a vida dessas pessoas após a abolição da escravidão; como está essa realidade hoje dos homens e mulheres negras nesse país; como está o protagonismo deles dentro da política, da igreja e da sociedade. A gente conhece muitos elementos culturais fortes que a origem é afro, então vemos uma briga de aceitação desses elementos. E o desafio pastoral é esse reconhecimento desse povo, e de que somos protagonistas. E os negros precisam ter a mesma oportunidade de pensar e de ser protagonista nos espaços, porque o negro tem muita coisa para oferecer,” apontou.

Padre Ibrahim descreveu a sua experiência de visitar uma outra realidade cultural.

Eu só conhecia México nos filmes, como algo ligado às drogas, à violência que eu via nos filmes, e também a ausência dos negros. Mas quando chegamos lá tivemos um acolhimento muito forte, e uma troca muito grande de conhecimento, demonstrando esse dinamismo afro, parece que foi um encontro de irmãos, foi um momento de afirmação de alegria e força do povo negro. Esse Encontro foi importante para afirmar o futuro, essa alegria, esse dinamismo, foi um momento de reavivamento, encontrando pessoas que abraçam a mesma causa,” afirmou.

Foto: Arquivo Pessoal

Francisca das Virgens Fonseca, faz parte da equipe de Formação da Pastoral Afro Arquidiocesana.

“A Paróquia foi instaurada em 28 de novembro de 2021, a ideia veio por conta de uma necessidade e o arcebispo, Dom Zanoni, sensível a essa questão implantou, e tivemos a primeira Paróquia Quilombola do Brasil aqui no distrito da Matinha,” contou.

As atividades acontecem com o sentido de fortalecer as necessidades da comunidade.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Fazemos um trabalho de evangelização interligado com as questões sociais e com as necessidades concretas da vida do povo e despertando em outros espaços que ainda não existem essa questão,” relatou.

Conforme Francisca, participar de encontros nesse sentido aumenta as experiências com outros países.

“Outro ponto importante é a gente perceber que a questão do afro, as questões sociais, de identidade, de pertencimento, elas são iguais. A gente falando no Brasil, no Panamá, no Equador, no México…, essas questões relacionados ao negro, são todas idênticas em qualquer lugar do mundo. E participando desse encontro nos fortalece, fortalece as lutas, fortalece esse entendimento para fazermos esse trabalho de busca de valorização da identidade, de ocupar esse espaço, de entender o negro como específico do Brasil, e entender o papel do negro na construção desse país em termos de identidade, em termos de construção econômica, social e cultural,” revelou.

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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