Micareta

Sambistas feirenses marcam manifestação para véspera da Micareta

O ato será realizado sem carro de som, sem trio, apenas instrumentos musicais e as vozes dos artistas.

Andrea Trindade

O Coletivo Unidos pelo Samba realizará uma manifestação pacífica no dia 24 de abril (quarta de Micareta), às 19h, no canteiro central da Avenida Presidente Dutra, nas proximidades do Amélio Amorim, em Feira de Santana. Segundo o grupo, trata-se de um movimento que visa questionar as autoridades, a opinião pública e todo o conjunto da sociedade feirense sobre o real valor da cultura para a cidade e em prol do resgate da Micareta.

O ato será realizado sem carro de som, sem trio, apenas instrumentos musicais e as vozes dos artistas. Entre os motivos do ato está o impedimento de desfiles de blocos e trios na Quarta-feira de Micareta, uma vez que neste ano não haverá festa no dia não oficial.

O Secretário Municipal de Cultural, Esporte e Lazer, Edson Borges, explicou que para que a festa na quarta fosse mantida como nos anos anteriores, a prefeitura precisaria ter uma estrutura geral, incluindo segurança pública e, segundo ele, isso não é mais viável, já que a prefeitura investe alto também em organização, iluminação, camarotes e limpeza.

Para o Coletivo Unidos pelo Samba, há falta de diálogo e de sensibilidade em relação às aspirações populares.

“Há anos temos visto a Micareta de Feira de Santana, um evento outrora reconhecido nacionalmente, entrar em profundo descrédito e rejeição, por falta de iniciativa, diálogo e sensibilidade em relação às aspirações populares e dos diversos setores que compõem o evento, considerado o coração do conjunto de manifestações culturais da cidade”, afirma em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira (20). E continua: "A quarta-feira de Micareta foi negada pelo Poder Público, como se não existisse memória cultural entre os cidadãos feirenses que frequentavam com entusiasmo o dia 'alternativo' da festa – justamente o dia que o Bloco Unidos pelo Samba desfilava, com centenas de associados celebrando nossa cultura: 'Não deixe o samba morrer!'".

Contratação de bandas

Ainda em nota, o Coletivo alega que outro motivo para a realização da manifestação é que diversas bandas locais, tradicionalmente contratadas pela Prefeitura, não se apresentação na festa neste ano, por burocracia na contratação das bandas. Edson Borges, no entanto, explicou que os critérios de contração são simples e que são importantes para prestação de contas da prefeitura. Além disso, ele informou que os critérios estabelecidos formalmente sempre foram uma reivindicação da imprensa e de vários artistas para manter a transferência da seleção e contratação de bandas. Segundo o secretário, muitos grupos musicais eram formados às vésperas da festa com o objetivo de seres contratados pela prefeitura.

Edson Borges pontuou ainda que até mesmo bandas tradicionais, conhecidas do público local, e que se apresentam há anos na Micareta deixaram de apresentar. 

“Primeiro critério, documentação, provar que existe. Para se fazer negócio com o poder público você tem que ter documentação, tem que está em dia com seus impostos, isso não é novidade. Uma curadoria para fazer uma avaliação da qualidade das bandas, uma pontuação para classificar por pontuação. Quem pode fazer essa avaliação? Professores de músicos com curso superior, maestros. Foram dadas notas em cinco quesitos que os próprios maestros definiram, derem as notas, pontuaram como em qualquer seleção pública. Estou vendo bandas tradicionais, que já tocaram na Micareta, e que foram inabilitadas por documentação, não foi nem pela audição dos maestros, foi por documentação, bandas que inclusive cobravam o tempo todo critérios para contratação. Espero que os que estão insatisfeitos façam uma reflexão”. 

Na nota, o Coletivo Unidos pelos Samba, que desde 2015 vem buscando a valorização, afirmação e qualificação do Samba na cidade, informa que as exigências apresentadas pela prefeitura inviabilizam as inscrições.

“As bandas que tradicionalmente eram contratadas pela Prefeitura Municipal, muitas delas tocando há mais de 10 anos na festa, não estarão presentes na grade da 'pipoca' neste ano, por exigências burocráticas novas, que inviabilizaram a inscrição dessas atrações. Argumenta-se que os critérios são os mesmos utilizados no Carnaval de Salvador, como se houvesse, na Princesa do Sertão, o mesmo ambiente de valorização e afirmação cultural da Capital. Aliás, esse parece ser um erro frequente entre os que 'pensam' a Micareta: tomam o Carnaval de Salvador como referência, como se não tivéssemos expressões e personalidade próprias”, declararam.  

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