Já são quase 40 anos levando toda a alegria, irreverência e muita criatividade para o circuito da Micareta de Feira de Santana. Nesta edição do evento, o tradicional bloco Lá Vem Elas promete garantir mais uma vez a animação dos foliões, que irão invadir a avenida Presidente Dutra (circuito Maneca Ferreira) fantasiados de ciganas.
A expectativa é que mais de 2 mil foliões desfilem com o Lá Vem Elas este ano. Diante da grande procura, o corretor de imóveis Valter Lima, que é fundador e diretor do bloco Lá Vem Elas, não esconde a satisfação por retornar à Micareta de Feira, após três anos sem realização do evento, em virtude do período de pandemia.
O empresário Valter Lima foi entrevistado do segundo episódio do Podcast Micareta com Dilton Coutinho, nesta quinta-feira (30), onde relembrou sobre a história do bloco e destacou que o Lá Vem Elas encarna o verdadeiro espírito da Micareta de Feira, que é a alegria e a diversão. O cantor feirense Djalma Ferreira também participou do podcast e embalou o projeto com sua voz e toda sua animação
“O Bloco Lá Vem Elas teve início em 1984, portanto a gente está completando 39 anos de avenida e vamos para cima mais uma vez para fazer um grande desfile. O Lá Vem Elas, como todos sabem, surgiu dos movimentos culturais de Feira de Santana, a festa da Matriz, que os formadores do bloco frequentavam, o Feira Tênis Clube e em uma dessas reuniões foi sugerido esse nome, a gente acatou, achou o nome interessante e estamos aí na avenida por todo esse tempo, fazendo a alegria e a irreverência da Micareta de Feira de Santana”, destacou Valter Lima.
Este ano, as ciganas irão desfilar ao som da banda Pagodart, com muito brilho, muita cor e sensualidade. De acordo com o diretor do bloco, a escolha das fantasias é feita de maneira informal entre os membros, mas sempre levando em consideração temas de relevância e que estão evidência.
“Ao longo dos anos, como o Lá Vem Elas foi sempre um bloco muito informal, a escolha das fantasias acontece entre os membros da diretoria, a gente sempre busca temas de bastante relevância na época, na mídia, na cultura, e nos últimos anos a gente contratou um estilista de Salvador, bastante conhecido, e esse ano foi escolhido esse tema e vamos para a avenida.”
Com a proximidade da festa micaretesca, as vendas das fantasias correm a todo vapor, além dos trâmites finais para apresentação do bloco, que sairá no sábado de Micareta.
“Como sempre o Lá Vem Elas tem muito trabalho, reunimos a diretoria, a sede está funcionando, os pontos de vendas também estão funcionando no Boulevard Shopping, Shopping Maria Luiza, Shopping das Fábricas e também na nossa sede, que hoje funciona no bar Resenharia, e é aquela luta de sempre: decidindo e mandando produzir fantasias, contratando bandas, segurança, esse cotidiano que faz a história de um bloco”, salientou o diretor ao podcast Micareta Acorda Cidade.
Tradição e resistência
Com a diminuição dos números de blocos no evento ao longo dos últimos anos e também a forte concorrência dos camarotes no circuito, o Bloco Lá Vem Elas se mantém como um ponto de resistência das tradições das antigas festas populares e antigas micaretas de Feira de Santana.
Para Valter Lima, a realidade da festa mudou com o enfraquecimento dos blocos na Micareta, ainda assim o Lá Vem Elas permaneceu e procura resgatar toda essa animação e brincadeira da festa de rua.
“Eu já fui diretor da Associação de Blocos nos anos de 2006 a 2008, e tínhamos naquela época, e até reclamávamos, 40 blocos. Hoje a gente vê a realidade bem diferente, mas esse foi um fenômeno que aconteceu no Brasil todo a diminuição de blocos tradicionais, que têm perdido a força, mas a gente sempre acredita em um ressurgimento. Precisamos estar sempre preocupados em resgatar a micareta e entender o que precisa ser feito para que esses blocos voltem a sair, que façam uma grande festa para alegrar o público na avenida e trazer as atrações.”
Nos primeiros anos, o bloco desfilava dois dias na Micareta, sábado e domingo. De acordo com Valter Lima, atualmente o desfile acontece somente no sábado, mas existem conversas para retornar ao formato anterior.
“A gente via que muitas pessoas estavam sem a fantasia, pois o pessoal se diverte demais e acabava perdendo partes da fantasia. No entanto, a gente tem muitas solicitações para que o bloco saia dois dias, e a gente está avaliando para que talvez no próximo a gente atenda aos associados.”
Armas de água
Sobre a polêmica envolvendo as pistolas de água e os abusos praticados pelos associados do Bloco Muquiranas, este ano, no Carnaval de Salvador, o diretor do Lá Vem Elas ressalta que as as brincadeiras só podem acontecer de forma consensual.
“Só posso brincar com você, se você permitir. Fora isso, acho que é assédio, violência, então a gente pede muito nas nossas redes sociais que os associados vão para a avenida se divertirem, mas brinquem com quem quer brincar com eles, que não forçem a barra com ninguém, respeitem as mulheres, que não agridam ninguém, essa é a tônica. A gente sempre coloca um informativo dentro do bloco: ‘Lembre-se que lá vai estar a minha, a sua, a nossa família’”, observou Valter Lima durante o podcast Micareta Acorda Cidade.
Ele informou que o Lá Vem Elas não possui histórico de problemas em Feira de Santana por conta do uso das armas de água.
“Não temos históricos de problemas em Feira de Santana com esse tipo de arma de brinquedo, porque os foliões brincam entre eles mesmos e entre as pessoas que permitem, mas se o Ministério Público entender que deve proibir estamos aqui para acatar. A procura do bloco está muito grande, é um bloco que encarna realmente o espírito do Carnaval, em que os homens se fantasiam de mulher e vão para a avenida se divertir com os familiares, encontrar os amigos. Então a gente entende que o verdadeiro espírito do Carnaval, da Micareta, é o bloco Lá Vem Elas.”
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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