Nesta quarta-feira (29), um grupo de barraqueiros fizeram um apelo durante o Programa Acorda Cidade pedindo mais sensibilidade ao secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Jairo Carneiro Filho.
Conforme os trabalhadores, se as barracas forem realocadas para as ruas transversais do circuito da Micareta de Feira, eles não terão visibilidade e serão prejudicados. Além disso, eles relataram outras situações inviáveis para trabalhar de forma digna e sem prejuízos.
O barraqueiro Domingos da Cruz Filho disse ao Acorda Cidade, que há quase 40 anos trabalha como barraqueiro e acredita que a proposta apresentada para os trabalhadores neste ano trará prejuízos.
“Sou do tempo da Micareta na Senhor dos Passos, e que depois foi para a Getúlio Vargas e sempre teve barracas na avenida. Este ano, o secretário proibiu de colocar barracas no centro da avenida e quer colocar a gente nas transversais e ainda assim com a distância de 40 metros da esquina para dentro. Com isso, principalmente eu que trabalho há quase 40 anos, sei que não vai dar certo, porque vai prejudicar a gente. A pessoa está na avenida e quer ficar do lado também, quer parar para tomar uma cervejinha, sentar para descansar as pernas. Como é que as pessoas vão entrar dentro de um beco? Porque a transversal também é um beco, então nós estamos reivindicando isso para colocar a gente junto do povo”, reivindicou.
Outra trabalhadora, Suzana Neves contou que assumiu uma barraca há 38 anos e também questionou as decisões da Prefeitura Municipal.
“Eu já acompanhava minha tia desde os meus 10 a 12 anos. Aos 17 mais ou menos, eu assumi uma barraca sozinha na Getúlio Vargas, no estacionamento da prefeitura, na época em que a Micareta era na Getúlio. Para nós, ficar em um lugar fora do circuito não tem condição. 170 barracas estavam na licitação, porém existem muitos mais do que isso, porque as barracas que ficavam nas transversais não entravam na licitação, que eram barracas de lanches. Mas o edital foi publicado e foi reduzido para 66. Depois dessa conversa, não teve mais comunicação nenhuma conosco. A gente não sabe nem quais são as transversais. No edital publicado ontem (28) diz o valores, mas não diz o local. A barraca ele reduziu para 4 metros, era 5 por 5, agora vai ser 4 por 4 e R$370,00”, informou.
Espaço
Suzana também questionou como trabalhará em um toldo 4 por 4.
“Quem trabalha com alimentação precisa ter uma área reservada para fazer o manuseio do alimento e colocar o balcão, mesa e cadeira. E é isso que estão oferecendo para gente, como vamos trabalhar em um espaço 4 por 4? E ele colocou 250 kits à venda, ou seja, 250 isopores, é o que a prefeitura está vendendo e que vai ter no circuito na cabeça do secretário, porque em um caminhão que já descarregou nas imediações do circuito tem mais isopor dentro desse caminhão do que o que a prefeitura está colocando à venda”, revelou.
Clandestinos
Segundo Suzana, nas redondezas do circuito já possuem, em média, 20 imóveis já alugados com isopores e carros de mão esperando para invadir a festa.
“Os clandestinos já estão chegando, alugando as casas e acontece isso em todos os anos. Eu conversei com o secretário a respeito e ele me disse que não iria acontecer e que eles iriam tirar, sendo que isso acontece depois que a avenida está cheia. Quem estiver na avenida vai ver. E quem será prejudicado mesmo é o povo de Feira de Santana”.
A barraqueira declarou que está faltando sensibilidade no secretário Jairo Filho e do prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins.
“Se eles colocassem uns 30 toldos na avenida intercalados não ia atrapalhar em nada e ia aliviar a dificuldade de muita gente”, concluiu Suzane.
A barraqueira Ana também compartilhou suas indagações em entrevista ao Acorda Cidade. Ela opinou que a prefeitura precisa repensar sobre a situação dos trabalhadores da Micareta.
“Nós não podemos ser humilhados como estamos sendo, vão colocar a gente na transversal, ainda 40 metros para trás e ainda vão fechar o fundo. E como é que vão colocar os banheiros químicos próximos de alimentação, junto aos barraqueiros? Isso não existe”, frisou.
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