Feira de Santana

Voluntários de Feira de Santana levam assistência a pessoas em situação de rua

O objetivo do grupo de voluntários é que o Feira Invisível possa se tornar uma Organização Não Governamental (ONG) para poder dar maior assistência aos moradores de rua da cidade.

Laiane Cruz

Com o objetivo de prestar assistência social a  pessoas em situação de rua em Feira de Santana, um grupo de estudantes criou o projeto ‘Feira Invisível’. Juntos, esses jovens buscam fazer a diferença, trazendo mais dignidade a essa população, que frequentemente passa despercebida em meio à correria da grande cidade.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

De acordo com Sarah Rios Carneiro, que tem 21 anos e é estudante de Direito na Faculdade Anísio Teixeira (FAT), o Feira Invisível surgiu com o objetivo de dar mais visibilidade a pessoas em situação de rua, tanto em forma de assistência material quanto apoio moral e psicológico.

“Às vezes, tem mulheres em situação de rua que estão grávidas e solicitam materiais pra auxiliar a gravidez. As pessoas que estão em situação de rua normalmente não são vistas pela cidade, que vive a correria do dia a dia, o comércio aberto, tudo acontecendo, carros passando, e ninguém os vê. Quando as portas se fecham e a noite cai, eles continuam ali nas calçadas”, pontuou Sarah Rios em entrevista ao Acorda Cidade.

Segundo ela, o grupo já conta com mais de 140 voluntários, que semanalmente participam do projeto, se revezam nas compras, produção e distribuição dos alimentos e materiais que serão doados.

“Nós fazemos as ações semanalmente, distribuindo alimentos, kits de higiene pessoal com shampoo, escova de dente, desodorante, como também em situações específicas eles pedem alguns medicamentos, como analgésicos”, informou.

Estudante de Farmácia na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Julia Vitória Leal participa do projeto desde que ele começou há mais de seis meses. Segundo ela, entre 60 e 70 pessoas são atendidas semanalmente.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Começamos em julho de 2021, quinzenalmente, e agora estamos conseguindo fazer toda semana. Fazemos uma escala dos voluntários para não sobrecarregar ninguém. Temos uma diretoria, porque as atividades administrativas precisam de uma liderança, e gente que está mais à frente para deliberar as atividades para os voluntários. Cerca de 60 a 70 pessoas são atendidas nos finais de semana. Durante a semana, eles vão mais tarde para as ruas, e o número de beneficiados é menor”, explicou.

Para Julia, participar das ações traz experiências impactantes sobre a vida das pessoas que moram nas ruas, em situação de vulnerabilidade.

“Toda semana a gente se depara com situações que nos impactam muito, como mulheres grávidas com nenhuma renda e com filhos na rua passando muita dificuldade, pessoas muito doentes, soropositivas, que o município não dá assistência, idosos em situação muito precária, usuários de drogas, então a gente encontra muita pobreza, muita desigualdade, algo difícil de lidar toda semana.”

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Carlos Nô, 22 anos, também é estudante de Farmácia na Uefs e resolveu participar do grupo por meio da indicação da amiga Julia e depois foi convidado a participar da diretoria. Segundo ele, as doações são de extrema importância, pois as pessoas que são beneficiadas não têm nenhuma condição, renda ou trabalho.

“Então as doações são cruciais para uma existência mais digna, afinal a vida na rua não pode nem ser dita como vivência, mas sim sobrevivência. Então esse é o propósito do grupo, é cuidar das pessoas que são invisíveis e torná-las visíveis. Antes das ações, nós fazemos uma lista de pessoas voluntárias para que venham para a sede fazer o preparo, assim como a compra dos materiais, dos alimentos que vamos doar, e horas antes nos reunimos e preparamos o cachorro-quente, que é o lanche principal, o café, leite e sucos. O aluguel da sede também é pago com as doações, e temos um período do mês em que as doações recebidas são destinadas à manutenção da sede, com o pagamento do aluguel, energia, e o gás que utilizamos para preparar os alimentos”, esclareceu.

O objetivo do grupo de voluntários é que o Feira Invisível possa se tornar uma Organização Não Governamental (ONG) para poder dar maior assistência aos moradores de rua da cidade.

Assistência, que segundo Julia Leal, precisa acontecer de forma mais efetiva através dos órgãos públicos do município, com a garantia dos direitos das pessoas que moram nas ruas.

“Alguns recebem auxílio, mas é uma informação que não chega para todos de que podem receber alguma coisa da prefeitura. Em Feira existe o Centro Pop, que dá apoio aos moradores de rua, mas nem todos conhecem. O Centro Pop é uma central da prefeitura, mas é muito burocrático, às vezes, os moradores de rua não conseguem. E aí essas pessoas não são só invisibilizadas pela sociedade, a prefeitura e as outras instituições não vêem, e essas pessoas precisam ser assistidas, precisam de tratamento médico, assistência social, conselho tutelar, pois tem muita criança na rua que os pais são usuários, precisam de uma casa. A moradia que a prefeitura oferece, muitos deles não conseguem sozinhos, pois sofrem muito preconceito, tem o estigma social, alguns são usuários de drogas, de álcool. Eu sugiro que os órgãos tenham um olhar para essas pessoas, que os programas têm que funcionar na prática.”

Ela destacou que para as ações terem continuidade o projeto necessita da colaboração das pessoas da comunidade, que podem doar roupas, calçados, kits de higiene pessoal e alimentos. “A gente tem pontos de coleta espalhados por toda a cidade. A relação com os locais pode ser vista por meio da página da organização no Instagram @fsa.invisivel.”

As doações para o grupo também podem ser feitas em dinheiro, através do PIX [email protected], e o projeto tem um telefone para contato, que é o 75. 98206-2370. 

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

 

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