As secretarias Estadual e Municipal da Saúde de São Paulo confirmaram ontem (9) o primeiro caso de varíola dos macacos (Monkeypox) no Brasil..
Para esclarecer sobre a doença, o Acorda Cidade conversou com a infectologista Melissa Falcão, que explicou sobre a originalidade do vírus, sintomas e formas de prevenção.
“A varíola dos macacos é uma zoonose, uma doença que é transmitida pelos animais, para os seres humanos. Foi descoberta inicialmente na África, em um macaco, então por isso que ela ficou conhecida como varíola do macaco. Ela causa um quadro de febre, de dor de cabeça, inchaço nos gânglios e cerca de um, a dois, até três dias deste quadro, aparecem umas manchas no corpo, inicialmente na cabeça, que passam para o corpo inteiro como uma coceira dolorosa. Pode acometer qualquer público, mas o risco maior de gravidade é principalmente nas crianças. Então o que acontece agora, é um alerta para que todos possam ficar vigilantes, porque se tiverem casos suspeitos, para serem notificados e ser feito um controle adequado e isso deve acontecer principalmente para aquelas pessoas que estiverem viajando para países com a confirmação da doença”, explicou.
Segundo a infectologista, a transmissão pode acontecer pelas vias respiratórias e por contato com feridas dos animais.
“A doença pode ser transmitida através dos animais domésticos, tendo um contato próximo com a ferida ou com secreção ou de pessoa em pessoa, através do contato próximo pelas gotículas como acontece com a Covid-19. Quem tiver próximo por tempo mais prolongado ou secreções respiratórias. Tivemos aí relatos ao longo do mundo, que o principal fator de transmissão, foi o contato na relação sexual, então está sendo investigado porque ainda não tinha relação de transmissão sexual previamente, mas acreditamos que não tenha sido pela relação da secreção que pode também acontecer, e está presente na secreção, mas sim pelo contato próximo e prolongado entre essas pessoas”, informou.
Ao Acorda Cidade, a infectologista chamou a atenção da população, pela falta da imunização contra a varíola, já que a doença foi erradicada na década de 80.
“A varíola foi erradicada no mundo, então desde 1980 que o Brasil não utiliza mais a vacina da varíola, apesar de ser um vírus diferente do que causa a varíola dos macacos, ela é semelhante. Então as pessoas que tomaram a vacina da varíola, têm um certo grau de proteção para a varíola dos macacos, e a nossa população brasileira está em praticamente mais da metade sem tomar esta vacina, porque todo mundo que nasceu depois de 1980, não foi vacinado para esta doença, então o que faz o alerta é, ela chegando no país vamos encontrar uma população não imunizada e exposta a este vírus, mas a taxa de transmissão dela é muito menor do que a que estamos vendo com a Covid-19. Então não existe uma preocupação com a pandemia de grande porte como aconteceu, mas realmente é um alerta, uma doença que não costuma ter uma gravidade maior do que a própria varíola, mas em alguns casos podem agravar principalmente nas crianças e aquelas pessoas que têm baixa imunidade. O que chama atenção, é a confirmação de casos fora do seu ambiente onde acontece com mais frequência que é a África. Inicialmente em meados do mês de maio, foi identificado no Reino Unido, depois deste alerta, talvez a própria atenção das pessoas tenha ficado maior com relação a isso, em outros países começaram também a ser notificados a ter casos confirmados. Então o que chamou mais a atenção e que deixou a doença mais em alerta, foi ela ter saído do seu habitat natural e ter se espalhado para outros países, o que leva o risco dela está com algum componente a mais, o que pode estar fazendo com que ela tenha uma disseminação maior, então isso ainda está em investigação que é que causou o estado disseminação, mas a preocupação é com coisa nova”, destacou.
Segundo Melissa Falcão, a varíola dos macacos não tem uma infectividade tão grande e é uma doença que tem cura, que ocorre de forma espontaneamente.
“Dura no máximo de duas a quatro por semanas, melhora só com medicações para os sintomas, e não costuma ter maiores complicações, exceto em uma pequena parte das pessoas”, disse.
Prevenção
De acordo com a infectologista, as pessoas devem aplicar as mesmas medidas que são utilizadas contra a Covid-19, ao exemplo do uso de máscaras.
“As formas de prevenção, são com o uso da máscara que a gente já utiliza para a prevenção da Covid-19, para evitar também a transmissão por conta dessa questão da gotícula. As pessoas que tiverem suspeitas, precisam ficar isoladas, fazer uma avaliação das pessoas ao redor, para que essa doença não se espalhe e vá passando de um para o outro, apesar de não ter uma taxa de infecção alta”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade