Comportamento

Vaidade e força: garis de Feira de Santana são exemplo para as mulheres

Mesmo diante das críticas, assim como outras agentes, Taira acredita que o trabalho de limpeza pública deve ser visto como outro qualquer.

Laiane Cruz

A presença da agente de limpeza Taira, de 26 anos, não passa despercebida pelos condutores e pedestres no centro de Feira de Santana. Por onde ela passa, são muitos elogios e olhares curiosos.

Mãe de dois filhos e solteira, a trabalhadora do setor de varrição da Secretaria Municipal de Serviços Públicos chama muita atenção pela beleza e diz ser bastante paquerada. Ela diz também que ainda sofre preconceito por causa da sua profissão.

“Tem pessoas que dizem que não, que não tem preconceito, mas existe sim. Algumas pessoas não entendem e acham que gari tem que ser preto, analfabeto, e feio, como eu já ouvi algumas pessoas falarem. Só que isso pra mim é uma ignorância”, afirma.

Mesmo diante das críticas, assim como outras agentes, Taira acredita que o trabalho de limpeza pública deve ser visto como outro qualquer. Mas mesmo não sentindo vergonha do que faz, espera um dia melhorar de vida.

“É um trabalho pesado, porque a gente fica debaixo do sol quente, às vezes passa da hora de almoçar. Tempo de chuva a gente se molha, mesmo com capa. Mas a gente tem que levar, porque a vida é assim, a gente tem que lutar pelo que a gente quer. Mas não é esse o futuro que eu quero pra minha vida. Eu espero algo melhor”, diz.

Ela relata que não conseguiu concluir os estudos; teve que abandoná-los aos 16 anos para cuidar dos filhos. “Vim morar em Feira por necessidade. Eu precisava de um emprego e o que surgiu foi de agente de limpeza. Me arrependo muito, mas eu tenho que trabalhar, porque eu sou mãe e pai ao mesmo tempo”.

Sempre otimista, Taira se mantém firme em suas convicções e pretende lutar pelos seus sonhos. “Pior do que a derrota é a vergonha de não lutar por aquilo que você quer. Se você ficar o tempo todo se preocupando com o que as pessoas vão dizer, o que elas vão achar, porque elas estão olhando, você nunca vai seguir. As pessoas nos olham em tudo, porém ninguém ajuda a sair do lugar. Quem faz algo por você, é você mesmo”, finaliza.

Sempre bem arrumada, maquiada e com um belo sorriso no rosto, a também agente de limpeza Maria Rosendo, de 44 anos, sente orgulho do que faz. Natural da cidade de Jacobina, mãe de dois filhos, um de 23 anos e outro de 14, ela diz não ter receio nem vergonha de trabalhar limpando as ruas de Feira de Santana, cidade que adotou há 23 anos como sua terra.

“Sou do batente e enfrento qualquer trabalho. Trabalhei em postos de gasolina e na construção civil, no setor de almoxarifado. Aqui é uma profissão como qualquer outra, o importante é você ter disposição”, afirmou a agente de limpeza.

Questionada sobre a sua vaidade, Maria Rosendo diz que todo final de semana vai ao salão de beleza. E os cuidados não param por aí. Trabalha sempre com luvas para não causar calos nas mãos. “É muito importante para a pessoa que trabalha na limpeza estar sempre limpo, cheiroso, com as unhas limpas”, disse, acrescentando que já se habituou ao trabalho nas ruas e não se sente cansada.

“Nunca tenham vergonha de trabalhar, se orgulhem do que vão fazer. Porque aqui é uma profissão, um trabalho digno”, declarou Maria, muito bem humorada.

De acordo com Tércio Costa, coordenador administrativo da Sustentare, empresa responsável pela coleta de lixo da cidade, o serviço de limpeza emprega 441 pessoas, entre gerentes, varredores, motoristas, mecânicos, borracheiros, coletores e porteiros.

Dentre os funcionários que trabalham diretamente com o lixo, no setor de varrição, 35 são mulheres 85 são homens. Ainda de acordo com Tércio, 192 homens trabalham no setor de operações especiais como coleta de lixo domiciliar e condução de caminhões.

Fotos e informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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