Feira de Santana

Transporte coletivo de Feira de Santana mantém greve por tempo indeterminado

Sindicato disse que está aberto a negociação.

Andrea Trindade

Trabalhadores do transporte coletivo urbano de Feira de Santana iniciaram, nesta segunda-feira (23), uma greve por tempo indeterminado conforme comunicou o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros Urbano, Intermunicipal e Interestadual de Feira de Santana (Sintrafs). Eles reivindicam reajuste salarial de 10,1%.

O Acorda Cidade esteve nas garagens das empresas São João e Rosa na madrugada de hoje até o horário da saída dos ônibus e constatou que os veículos permaneceram estacionados. Desde ontem (22, às vésperas da greve, em reação do sindicato à retirada de mais 15 ônibus da empresa Rosa, o serviço de transporte público está suspenso nos bairros da região norte da cidade, cujas linhas são de responsabilidade da Rosa.

A Prefeitura de Feira, através da Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), informou, nesta manhã que “acionou as 105 vans e micro-ônibus do Sistema de Transporte Público Alternativo e Complementar (Stpac) para atender parcialmente a demanda de passageiros que dependem do serviço de transporte (Saiba mais aqui).

Greve antecipada

O sindicalista Antônio Carlos Lima observa que a atitude da empresa, no domingo, antecipou a greve, e, além disso, nenhuma proposta foi apresentada aos trabalhadores.

“Eles mesmos jogaram a toalha. Estamos abertos a negociação desde a última sexta-feira (20). Aguardamos a prefeitura, aguardamos as duas empresas, e ninguém até agora se pronunciou. A empresa não fez nem questão de colocar o carro da panha (que vai buscar os trabalhadores), não tinha nem o fiscal noturno para liberar o carro da panha ou da leva, então eles jogaram a toalha. Estamos abertos a negociação, estamos abertos a qualquer chamado dos empresários”, declarou o Antônio Carlos ao Acorda Cidade.

Garagem da empresa São João no  bairro CIS | Foto: Paulo José/Acorda Cidade 

Josué de Oliveira, 1º secretário do Sintrafs, informou que a categoria negocia o reajuste salarial desde o mês de maio.

“Estamos já na data base, desde o mês de maio estamos sentados para tentar negociar algum tipo de acordo com os empresários, mas até agora nem proposta eles têm apresentado. Não é da vontade do sindicato essa paralisação, mas infelizmente, foi a única forma que achamos para tentar uma negociação, e até agora nenhum representante das empresas apareceu. As duas empresas dizem que estão com dificuldade de apresentar alguma proposta por causa da situação financeira em que se encontram no dia de hoje, mas essa conta não é o trabalhador que tem que pagar. O trabalhador está há dois anos sem reajuste salarial e é preciso fazer alguma coisa” disse. 

O presidente do Sintrafs Alberto Nery cobrou o resultado do estudo feito para saber a real situação financeira das empresas e informou que os trabalhadores de Salvador, mesmo com o sistema de transporte em crise, tiveram reajuste.

“Se ele reduz 48% da frota, como ele vai manter o mesmo faturamento que anteriormente? Nós também cobramos da prefeitura que apresente os estudos. Ficaram de fazer uma auditoria para saber a real situação das empresas. Que seja apresentado para acabar com essa celeuma de as empresas fazerem uma alegação, e o poder público alegar que injeta mensalmente um milhão de reais nas empresas e mesmo assim as empresas pagam os salários a pulso, com dificuldade. O trabalhador não pode pagar a conta do erro de má gestão de empresa e do problema que vem acontecendo no município há mais de 20 anos. Toda empresa que vem para Feira de Santana termina nesta situação. Nós encaminhamos a pauta para as empresas no dia 28 de março deste ano e até o presente momento a gente vem discutindo, tentando encontrar uma alternativa para que eles possam atender a pauta de reivindicação dos trabalhadores. Nós entendemos que eles não têm condições de atender a pauta na sua totalidade, mas mesmo com as empresas de Salvador sofrendo, as reivindicações foram atendidas. A empresa Santana, que está passando por uma grande crise, atendeu a reivindicação dos trabalhadores. 10,1%, este foi o reajuste dos trabalhadores em Salvador e é exatamente esse valor que estamos reivindicando para Feira. 

Empresa diz que não tem condições de dá reajuste sem aumento da passagem

Por meio de nota divulgada na tarde de domingo (22), a empresa Rosa respondeu sobre a retirada de ônibus e a greve dos rodoviários.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Empresa Rosa esclarece que a retirada dos ônibus de circulação que prestavam atendimento à comunidade feirense, neste domingo, 22, e recolhidos posteriormente à garagem, foi de iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sintrafs).

Todavia é importante destacar que a frota operacional ativa e também a reserva estão mantidas no município: são 64 ônibus e micro-ônibus, e mais 8 veículos reservas que suprem, satisfatoriamente, a atual demanda de passageiros mediante ordens de serviço da Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito. Vale ressaltar que esta quantidade de ônibus reservas é superior a 10%, conforme determina edital do poder público.

Mais uma vez, em respeito à comunidade feirense, salientamos que a deflagração da greve se dá em razão da falta de consenso mediante a Pauta de Reivindicações da Categoria dos Rodoviários no tocante ao aumento de salário.

As receitas do sistema de transporte da cidade despencaram mais de 70% e, por isso, não há condições de realizar reajuste salarial neste período de crise sanitária enfrentada no mundo.

Outro fator agravante é a tarifa de remuneração da Empresa Rosa estar defasada, há vários anos, pela ausência de revisão da Prefeitura de Feira, medida a qual torna-se urgente e necessária.

O serviço essencial de transporte público é de competência do Município e o poder público manteve-se inerte nesta pandemia, vide que não conseguiu ajustar o equilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão, inviabilizando as nossas receitas para custear o serviço que vem sendo ofertado à população da cidade.

O contrato de concessão continua totalmente desequilibrado economicamente, notícia pública e notória de anos, e não temos receitas para aumentar custo de pessoal.

Enquanto o Município de Feira de Santana não restabelecer o equilíbrio econômico financeiro do contrato, não teremos condições de acatar o pleito da categoria.

Notadamente, cabe ao poder público municipal apurar os custos do serviço e revisar nossas receitas para que possamos, de forma justa, pagar nossos fornecedores e colaboradores.

Feira de Santana, 22 de agosto de 2021.

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