Sob forte comoção, vítimas de trágico acidente em Ribeira do Pombal são veladas em Feira de Santana

Teve início no final tarde desta segunda-feira (29) no ginásio de esportes do bairro Caseb, em Feira de Santana, o velório de Miqueias Souza de Jesus, 23 anos, vítima de acidente automobilístico na BR-110, próximo do município de Ribeira do Pombal na tarde de domingo (28).

Junto com ele, em outra moto, Igor Santos Alves, 33 anos e Camila Correia, 30 anos, também morreram, após colidirem as motocicletas contra um veículo. As vítimas retornavam de um evento de motocicletas que aconteceu neste final de semana na cidade de Paulo Afonso.

O casal Igor e Camila foram velados no Cemitério Jardim Celestial, localizado no bairro SIM.

Com ginásio lotado, familiares, amigos e conhecidos, aguardavam o início do velório. Houve um atraso, e até por volta de 17h, os corpos ainda não tinham sido liberados do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

O corpo de Miqueias chegou ao Ginásio de Esportes por volta de 17h45.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Valdeir da Cruz, primo de Miqueias, contou que o veículo envolvido no acidente, tentou fazer uma conversão proibida na pista.

“Nós participamos do Grupo Rolê Aleatório, eu já estou no grupo há dois anos, é praticamente uma família, todas as quintas nós nos reunimos para dar um rolê. Com relação ao acidente, pelo que estamos aqui em Feira colhendo de informações, já que eu não estava lá em Paulo Afonso, os meninos foram na sexta, inclusive era o primeiro evento que Miqueias estava participando, ele estava super feliz, tirando fotos com as crianças, e já no domingo, na volta entre Ribeira do Pombal e Cícero Dantas, um carro na pista da direita, já que é pista simples, desceu para o acostamento e queria adentrar à esquerda. Quando ele fez a conversão em cima da pista, meu primo, o Miqueias vinha logo atrás, Igor junto com a esposa também estava acompanhando, tentaram tirar, mas não deu, um pegou na dianteira do carro, foi arremessado, o outro pegou bem no fundo do carro”, contou.

De acordo com Valdeir, o sonho de Miqueias sempre foi ter uma moto de alta cilindrada.

“Eu e Miqueias fomos criados juntos, ele tinha uma distribuidora de bebidas aqui no Caseb, era um menino alegre, feliz com tudo que fazia, viveu seus 23 anos bem vividos. Desde criança ele sempre teve um sonho de ter uma moto. Andava com um Biz, depois uma Pop, comprou uma 250, trocou e pegou uma 600, uma XJ6. E há mais ou menos um mês, ele realizou o sonho de criança, e pegou uma 750 cilindradas com 106 cavalos de potência”, explicou.

Presente no velório, Luiz Santana, presidente da Associação Amo Feira e organizador de eventos de motocicletas em Feira de Santana, lamentou a morte dos três jovens.

“Conhecia as três pessoas que foram vítimas desse trágico acidente, pessoas muito relacionadas no mundo do motociclismo. A gente fica muito sentido pela perda. Eu mesmo fiquei chocado assim que eu tomei conhecimento. Naquele momento eu não acreditava que tinha causado uma fatalidade a tal ponto de comover tantas outras pessoas. De ontem pra hoje foi o dia que teve mais comoção das pessoas. As pessoas se sensibilizaram pelas perdas, e pra nós que andamos de moto, é o nosso hobby, é para quem gosta. Nós sabemos que a moto é um transporte perigoso sim, qualquer transporte é perigoso”, afirmou.

Luiz tem uma motocicleta que pode atingir 100km/h em apenas três segundos.

“Eu tenho um Hayabusa 1.340 cilindrada, é uma moto considerada hoje a nível mundial, a moto de rua mais rápida do mundo, ela passa dos 300 km por hora, mas não é por isso que a gente vai andar nessa velocidade, é uma paixão que a gente tem que comprar e a gente compra. Consequência disso, na verdade, eu promovo um evento que tem gente de todo quanto é parte do Brasil. A Hayabusa mesmo, é uma moto que ela vai de 0 a 100 em 3 segundos”, disse.

Ao Acorda Cidade, Luiz Santana também descreveu alguns cuidados que os motociclistas devem ter ao pilotarem motos de alta cilindrada.

“Eu tenho 63 anos de idade, ando de moto desde 1978. Graças a Deus, todo esse tempo nunca me envolvi num acidente, não tenho um arranhão de moto. Agora, é preciso que nós tenhamos muita habilidade, muita consciência, muitas vezes a gente tem que pensar muito na direção defensiva, porque nós sabemos que a gente tem que pilotar, não só pra gente, mas pilotar com as pessoas que estão do nosso lado. Então assim, é uma missão de pilotagem muito difícil. Quando eu falo isso, que tenho 63 anos e não tenho um arranhão de motocicleta, é porque Deus colocou a mão em mim várias outras vezes, e a gente, com a fé que tem e nele, a gente se livra de muitos acidentes. Mas, não é fácil, nesse Brasil afora, você andar na estrada disputando com outro veículo”, comentou.

Para ele, há particularidades ao pilotar na estrada.

“A estrada é totalmente diferente do que nós aprendemos no trânsito. Na estrada, o maior sempre vai dominar o menor. E a moto na estrada é vista como nada, é como se fosse um gafanhoto. Então assim, o sujeito que utiliza a moto na estrada, ele precisa ter primeiro muita habilidade, paciência, muita harmonia, muito livramento e principalmente o livramento de Deus. A gente não tem que pensar que pilota bem, principalmente hoje que dominou a plataforma digital, dominou a questão do celular e a maioria dos condutores de veículos anda diretamente falando ao celular, porque o celular se tornou um instrumento de trabalho e às vezes usa-se o celular e não presta-se atenção nas vias, ocasionando muitos acidentes de trânsito e até mesmo fatais, como a gente vê aí nas estradas o dia a dia”, declarou.

O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, também esteve no ginásio de esportes. Ao Acorda Cidade ele se solidarizou aos familiares e amigos das vítimas.

“Acidente de motocicleta numa circunstância onde as pessoas neste caso, são pessoas muito responsáveis na condução das motos. São pessoas que têm motos de maior potência, de maior cilindrada, normalmente são famílias e infelizmente nessa circunstância, aparentemente alguém, um motorista acabou fazendo uma manobra que foi uma manobra que não foi prudente ou imprudente e acabou fechando a passagem. Essas três pessoas faleceram. De vez em quando essa história se repete, mas dizer que neste caso especificamente, as pessoas que são motociclistas, que são muito responsáveis, fazem essa condução de motos, são motos de maior potência, são famílias que se deslocam e que neste momento, pelo que nós temos informação, aconteceu em decorrência de uma manobra inábil, de alguém que acabou levando essas pessoas ao falecimento, e nós estamos aqui pra poder manifestar a nossa solidariedade”, declarou.

Rodrigo Brandão também conhecia Miqueias e fazia parte do mesmo grupo. Ao Acorda Cidade, ele relembrou dos momentos vivenciados com a vítima.

“Eu conheci Miqueias basicamente neste ano, ele foi um grande amigo no grupo, ele já tinha outras motos anteriores, sempre gostou disso, era uma paixão que ele tinha. Na quinta-feira passada, a gente até se encontrou, conversou, deu risada, estava até tudo combinado para ir nesta viagem, mas por conta de alguns problemas musculares, eu não fui junto com o pessoal. Ele sempre teve o desejo de comprar uma moto maior e quando comprou, ele comemorou bastante essa conquista, porque foi um sonho realizado”, disse.

De acordo com Rodrigo, no veículo envolvido no acidente, tinha um casal de idosos.

“Pelo que foi relatado, a moto que Igor estava junto com Camila atingiu o veículo primeiro. Era um casal de idosos que estava neste veículo, o carro fez uma conversão errada e por conta disso, por conta também da velocidade que o pessoal estava, Igor junto com Camila colidiram com o carro, Miqueias vinha atrás, ainda tentou tirar, tanto que tem frenagem na pista, mas não deu, colidiu com carro também”, afirmou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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