Laiane Cruz
Se por um lado dizem que a mulher é um bicho de sete cabeças, difíceis de entender e completamente ‘de lua’, por outro as mulheres se queixam da incapacidade de muitos em compreendê-las e aceitarem o modo como lidam com as dificuldades, seus desafios, sua rotina diária e o amor.
“Mas, qual é o ser humano que não é bicho de sete cabeças? Quem é que é tão bem resolvido e tão simples assim”, questiona a psicóloga Marina Queiroz, em entrevista ao Acorda Cidade, em matéria especial pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quinta-feira, 8 de março.
Na verdade, diz ela, as mulheres têm sua complexidade, até por uma questão neuronal, pouco menos simples do que os homens, que são mais práticos. “O que me parece é que, às vezes, a gente tem negado muito as particularidades e peculiaridades de ser mulher. A sociedade nega isso, e a gente pode ser mal compreendida nesse sentido. Se houvesse mais aceitação das particularidades de uma mulher, talvez fosse menos complicado”, pontua.
De acordo com Marina Queiroz, as mulheres são realmente ‘de lua’ e isso é algo completamente natural. Os hormônios é que nos regem, obedecemos ao nosso ciclo menstrual e a cada semana o humor pode variar, assim como a lua tem suas diversas fases.
“Toda mulher é cíclica. E se a gente aceitar isso, no dia em que estivermos mais minguantes, digamos assim, mas quietinhas, e darmos esse tempo pra nós mesmas e quem estiver ao redor entender que esse é o momento pra gente estar assim, a aceitação não fica tão complicada. Haverá semanas em que a gente vai estar mais alegre, e vai atender e vivenciar aquilo, sem o sentido pejorativo do que se diz: ‘Essa mulher é de lua’, pois sim ela é de lua e está tudo bem.”
A grande questão é que muitas vezes a própria mulher não consegue se compreender e se aceitar do jeito que é.
Razão x Emoção
Segundo a psicóloga Marina Queiroz, a sociedade atual permite que a mulher acesse e vivencie mais as suas emoções, em comparação com os homens, que não têm tanta permissão para isso. Assim, a mulher, que também possui seu lado racional – umas mais do que outras-, tem propensão a agir mais de acordo com a emoção, porque assim a sociedade lhe permite.
“As mulheres podem chorar, ‘dar piti’, só que elas também têm o lado racional e isso depende de mulher para mulher, da vivência e da personalidade dela. Tem mulheres com um lado racional mais aflorado do que outras. Contudo, a mulher tem mais propensão a utilizar a emoção por causa de permissões sociais.”
Nesse turbilhão de emoções misturadas com a razão é que a mulher moderna busca o seu espaço, seus direitos e seus ideais, de forma mais igual, justa. E é nessa luta diária, em que muitas mulheres precisam administrar vida profissional, casamento, filhos, família, amigos e realização pessoal, que a mulher também se cansa, se sobrecarrega.
“Quando eu estava na faculdade, escrevi meu TCC sobre a mulher moderna e o casamento. E nas pesquisas que eu fiz ficou muito nítido que a mulher caiu numa armadilha, de certa forma, porque por um lado é muito bom que ela tenha conquistado espaço no mercado de trabalho, todas as conquistas, mas por outro lado isso custa muito caro. Não basta ser uma boa mãe e dona de casa. Tem que ser uma boa profissional, ter um corpo maravilhoso, estar com um cabelo em dia, as unhas feitas, a roupa da moda, então são muitas exigências, e a mulher muitas vezes se cansa disso e sente que não tem autorização para ser simplesmente ela. Precisa ser o que as exigências sociais pedem. Isso causa adoecimento emocional e psicológico”, alerta a profissional.
Buscando o equilíbrio
Conforme a psicóloga, para que a mulher consiga ter uma vida equilibrada e desempenhar bem seus diversos papéis, ela precisa, acima de tudo, se amar e se respeitar.
“Isso envolve autoconhecimento, pois como o amor se manifesta para cada mulher. E a manifestação do amor-próprio pode ser dizer não a determinadas atribuições. A mulher precisa se conhecer, saber quais são suas limitações e suas necessidades, e respeitá-las; não exigir mais de si mesmo e do que pode dar; não bancar a supermulher e aceitar o fato de que ela é só humana. Assim fica mais tranquilo de lidar”, ressaltou.
E ilustrou: “Eu tenho diversas atribuições e eu, absolutamente, não preciso ser perfeita em todas. Eu tenho determinada conduta com meus filhos e em certo nível me sinto frustrada porque eu não consegui ser perfeita nisso, mas aí eu respeito os meus limites e ao invés de me agredir, me criticar profundamente e duramente porque eu não consegui ser 100%, eu me acolho, eu me respeito, me amo e digo que fiz e vou fazer sempre o meu melhor" finalizou a psicóloga.
Colaborou com esta reportagem a jornalista Orisa Gomes do Acorda Cidade.
Acompanhe o trabalho da psicóloga Maria Queiroz pelo Facebook https://www.facebook.com/login/?next=httpswww.facebook.comMarinaQueirozPsicologa