Feira de Santana

Sapateiro: uma arte de sobreviver

Apesar da tecnologia e das mudanças dos costumes, algumas atividades ainda resistem, como é o caso do sapateiro. Não é difícil encontrá-los em Feira de Santana. Basta ir a Getúlio Vargas para encontrar dezenas deles trabalhando, mesmo com a concorrência das lojas de calçados.

Williany Brito

Não é difícil encontrá-los em Feira de Santana. Basta passar na Avendia Getúlio Vargas, uma das mais movimentadas da cidade, para encontrar dezenas deles trabalhando, mesmo com a concorrência “forte” das lojas de sapatos. Apesar da tecnologia e das mudanças dos costumes, algumas atividades ainda resistem bravamente, como é o caso do sapateiro.

Antigamente, o sapateiro era o “médico” dos calçados. Fabricava sapatos, botas e botinas sob medida, para qualquer idade, homens e mulheres, com maior durabilidade. No passado, só se comprava um calçado quando fosse inviável consertar o velho. O sapateiro Antônio Coutinho, que há 40 anos trabalha no ramo, afirma que as coisas mudaram muito. Segundo ele, hoje se encontra sapatos com valores tão baixos que as pessoas preferem não gastar para consertar o mais antigo.

Algumas atividades ainda resistem bravamente, como é o caso do sapateiro

(Foto: williany Brito)

"Tem muito sapato barato sapato na loja. A pessoa chega e encontra calçados sendo  vendidos por R$ 10, R$15. Quando a gente fala o valor de um conserto, por exemplo R$15, o cliente diz ‘Está muito caro. Está querendo roubar?’. Eu respondo: ‘Não, rapaz. Estou aqui trabalhando’.

Antônio garante que o material usado para fazer a sandália desse valor na loja é inferior ao dos sapateiros, “mais resistentes”.

"Está difícil de sobreviver com a concorrência, pois tem sapatos de tudo que é jeito nas lojas. Os clientes não dão mais valor ao nosso trabalho. Mas a gente tem família e precisamos continuar trabalhando para poder sustentar", lamentou.

Um pequena parcela da população conserva o costume de mandar consertar, reformar ou ajustar seus calçados, roupas, bolsas e malas. João Branco, que há 46 anos está no mercado, lembra dos bons tempos, quando a profissão era mais valorizada, mas salienta que, ainda, dá para sobreviver com o que ganha.

De acordo com ele, já houve faturamento de R$150, em uma semana.

"Está difícil, mas devagarzinho a gente vai ganhando. Não podemos reclamar demais. Vamos levando como Deus quer. Temos a concorrência das lojas e também de outros colegas que também trabalham aqui. Mas, já tenho minha clientela", disse.

Há 21 anos no ramo, Antônio Alcântara informou ao Acorda Cidade que a “situação não está ruim, mas que já teve dias melhores”.

"As sandálias estão sendo vendidas muito baratas. Tem pessoas que preferem comprar do que consertar a antiga".

Antônio Alcântara diz que a “situação não está ruim, mas que já teve dias melhores”

(Foto: Williany Brito)

A profissão sofreu diversas crises provocadas pela produção industrial em série, a popularização do tênis e a qualidade do material empregado, mas não perdeu o seu lugar, pelo menos em Feira de Santana. (Com informações do répórter Paulo José)

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