Quem passa pela Praça do Senadinho na Avenida Getúlio Vargas, em Feira de Santana, já deve ter notado a presença de sapateiros pela região. Aproximadamente 20 profissionais trabalham no local, realizando reparos e aumentando a vida útil dos calçados. Mas além da habilidade dos sapateiros e do preço baixo, o número de sapatos esquecidos nas bancas chama a atenção.
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Paulo Beirão é sapateiro há 44 anos, ele contou ao Acorda Cidade que existem milhares de pares de sapatos esquecidos na banca em que trabalha. “Nós estamos com um problema aqui, eu tenho mais de 4 mil pares de sapatos encalhados. Fica um sapato aí com 40 dias, 50 dias. Eu tenho sapato há mais de 5 anos. Botam para fazer meia sola e acham que a gente é um palhaço, não vem buscar. Tem gente que não dá nada. Tem gente que dá o sinal e não vem buscar o sapato”, afirmou.
Sem espaço para guardar o alto número de calçados, os sapateiros são obrigados a empilhar os pertences em qualquer espaço que sobra nas bancas. Beirão contou qual atitude pretende tomar se algum dia for obrigado a se desfazer dos itens.
“Eu vou deixar aí para quando a autoridade chegar e achar que pode agir, eu pego e jogo no mato. Mas por enquanto eu não vou jogar fora. E é todo mundo aqui assim, não tem um aqui que não tenha 50 pares, 100 pares, tudo guardado por medo das pessoas que deixam sapato aí. Eu não tenho medo”, declarou Paulo ao Acorda Cidade.
Meia Sola
Costura, ajuste de medida, pintura e a famosa “meia sola” são serviços oferecidos pelos sapateiros que transformaram a Praça do Senadinho em um ponto de referência para quem procura revitalizar um calçado de forma econômica. Paulo explicou o que é a “meia sola”, um dos serviços mais procurados.
“Meia sola é o serviço do meio para frente. Quando a gente faz direto, é o solado todo, mas quando se faz do meio para frente, se chama meia sola. Com a meia sola nós temos ganhado dinheiro, porque o povo às vezes não quer o solado inteiro, porque custa de R$ 50 a R$ 60 e a meia sola é R$ 40, até R$ 35 a gente faz. O povo não quer fazer, aí faz meia sola, fica a mesma coisa no sapato”, explicou.
São João
Uma das épocas mais importantes para o comércio é o período de São João. Além da tradição das comidas típicas e da fogueira, todo mundo quer dançar um bom arrasta-pé, de preferência com um calçado novo. Mas para os conservadores, um bom ajuste no sapato ou na sandália antiga é suficiente. E foi justamente esta clientela que garantiu um bom faturamento aos sapateiros este ano.
“Graças a Deus, até aqui o Senhor tem me ajudado, porque eu esperei que o São João não fosse aquele São João de anterior, mas São João para mim, foi decente. Deu para eu botar comida na mesa de minha família, deu para sobrar um trocado no bolso. Eu consegui pegar mais trabalho e ainda sobrou uma coisinha”, finalizou o sapateiro Paulo Beirão.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estudante de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves
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