Fé e Tradição

Santa Missa celebra 35 anos de saudade do Rei do Baião, Luiz Gonzaga

J Sobrinho relembrou as influências do Rei do Baião desde a década de 50, junto aos festejos juninos pelo Nordeste.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Celebrada anualmente toda primeira segunda-feira de agosto, a Missa em memória a Luiz Gonzaga foi realizada hoje (5), no Santuário Senhor dos Passos, em Feira de Santana. A celebração em homenagem ao Rei do Baião, a figura do vaqueiro e do sertanejo, marcas importantes da história e da cultura feirense, acontece desde 1989.

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Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, o organizador da missa, o forrozeiro J Sobrinho, falou sobre os 35 anos de saudade, mantendo a tradição, sendo até considerado por ele, a primeira cidade a realizar o feito no país. Luiz Gonzaga, grande propagador da cultura nordestina, faleceu em 2 de agosto de 1989, de câncer de próstata.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Feira de Santana provavelmente foi a primeira cidade a fazer esse tipo de trabalho, 30 dias depois da morte dele. É a força dele que faz isso aqui continuar dessa forma, não é a minha força, não é a sua força, é a força de Luiz Gonzaga. O legado dele é muito forte e é isso que tem movido tudo isso que a gente tem feito aqui”, apontou.

Sobrinho relembrou as influências do Rei do Baião desde a década de 50, junto aos festejos juninos pelo Nordeste, que perdurou até os dias atuais e continua lutando para se destacar no cenário cultural do país.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Quando entrou a década de 60 e 70, a coisa ficou muito caracterizada a ponto de ser uma marca registrada, cultural para nós. O que vem acontecendo depois da década de 80 e o próprio Luiz Gonzaga já havia denunciado e chamado atenção, é uma descaracterização praticamente total dos nossos festejos juninos. Fazem uma propaganda mentirosa aí, mas, na verdade, nas noites de São João o forrozeiro que passa o ano todo aguardando. Você não tem ideia, tem sanfoneiros, forrozeiros que estão passando dificuldade, porque não há trabalho. Espera o ano todo o mês de junho, quando chega, vai concorrer com uma força imensurável”, declarou.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Com J Sobrinho, estava Baio do Acordeon com sua sanfona branca, presente dado por Luiz Gonzaga em 1974, quando o ícone do forró esteve em Feira de Santana.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Carlos Mattheus que comanda a banda Os Bambas do Nordeste ao lado de Baio, também participou da celebração com outros sanfoneiros, zabumbeiros e trianguleiros em um bonito coral de forró.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, Carlos Mattheus reforçou a importância de Luiz Gonzaga para a história e manutenção da cultura nordestina.

“Eu não sei se Luiz Gonzaga bebeu na fonte do curso de administração ou a administração bebeu na fonte de Luiz Gonzaga. Ele foi um artista completo, um marqueteiro, empreendedor, foi ele quem criou o forró, ele foi inovador, então tudo tem que passar pelas mãos de Luiz Gonzaga para chegar até hoje onde a gente vê o cenário do forró de forma nacional e internacional. E dentro de Feira de Santana, Luiz Gonzaga tem o título de cidadão feirense na década de 80, essa figura ícone que passeava pelas ruas de Feira de Santana”, disse.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Mais especificamente falando de forró, esse gênero genuinamente brasileiro, criado em meados de 1930 no Nordeste, foi popularizado nas canções de Gonzaga para todo o país. Para Mattheus, ele “nordestinou o acordeon”, que hoje é chamado de sanfona.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Sanfona branca presente de Luiz Gonzaga para Baio do Acordeon | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Foi quem deu régua e compasso para que nós forrozeiros hoje viessem beber na fonte muito bem de um artista completo como eu já disse. Então Luiz Gonzaga representa a cultura. Ele mexeu em toda a cadeia produtiva. Ele pensou na culinária, na bebida típica, no artesanato, pensou na rede hoteleira, na dança. A gente vê hoje o pessoal, os grupos de dança, os quadrilheiros representando muito bem a dança, ele pensou na vestimenta característica própria. Então, Luiz Gonzaga foi um artista completo que pôde existir”, afirmou.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

J Sobrinho ainda considerou que a tradição do São João está comprometida, mas o legado, a história da cultura nordestina é um combustível para não deixar essas manifestações morrerem. A conscientização da população é um caminho para isso.

“Tem que haver um levante, uma reação muito forte do povo nordestino e percebendo isso, se juntar aos forrozeiros, aos detentores da nossa cultura para tentar reverter esse quadro, porque está uma coisa absurda, uma coisa insuportável. É muita resistência, é muito amor à nossa cultura e é também paciência para enxugar gelo. A gente tem enxugado muito gelo, lutando contra essa força maior, esse consumismo, esse poder econômico, financeiro, essa coisa que só pensa em dinheiro, não tem compromisso com a cultura, tem sido muito difícil. A luta é árdua, mas não vou jogar a toalha. Eu vou lutar pela nossa cultura até o último forró da minha vida”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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