Feira de Santana

Residência com aumento na temperatura do piso é inspecionada neste sábado (22)

Uma investigação ambiental preliminar será realizada no local e na vizinhança.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Na manhã deste sábado (22), a residência situada na Rua Alcides Fadigas, no bairro da Queimadinha, em Feira de Santana, foi inspecionada por conta de, há vários dias, está com o piso esquentando. Um dos cômodos está registrando altas temperaturas, entre 60 a 100 graus.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A comerciante e moradora da casa, Roseane Conceição Santos, 49 anos, contou ao Acorda Cidade que está preocupada com a situação, e não sabe como ficará a condição da sua famíla se tiver que sair da residência.

“Hoje tem nove dias que aconteceu isso novamente. Fora que isso já tinha acontecido há 3 anos. Eu sou comerciante, tenho minha casa, herdei do meu marido. Quando compramos esse local já estava pronto, não tinha mais taboa. Moro com minha mãe e meus dois netos. Os técnicos querem me colocar em um hotel, ou me dá um aluguel de R$350. Mas eu vivo daqui, do meu comércio. Se eu sair daqui pra ir me hospedar no hotel, quem vai pagar minha dívidas? Quem vai pagar meus compromissos? Eu falei com eles que eu não quero nada de ninguém, quero tirar do meu suor, então eu quero que eles resolvam isso, para eu poder ficar mais tranquila dentro de casa”, desabafou.

Dona Roseane relatou ao Acorda Cidade que está aguardando as análises do geólogo e destacou que não tem como abandonar a sua casa.

“Como vou abandonar a minha casa? Eu não trabalho em outro local, sobrevivo do meu comércio, eu vendo comida, forneço quentinhas. Eu não tenho como abandonar a minha casa, mas eu falei com eles que podem quebrar o que quiserem…. os técnicos me falaram que estava com risco de explosão, então eu pedi para eles me darem uma solução, porque o que eu quero é uma solução. Eu fico preocupada, tenho medo. E quando o sol esquenta… fica a noite toda assim, saindo fumaça,” contou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, o Professor, Doutor em Geologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Luiz Rogério, esclareceu que para resolver a situação é necessária uma investigação ambiental.

“Quando temos esse tipo de situação em que há uma suspeita de produção de gases, a gente tem que fazer uma investigação ambiental, essa investigação não pode ser só e exclusivamente naquele ponto onde se está identificando o problema. Naquele ponto é onde está aparecendo, mas a questão tem que ser investigada de forma mais ampla,” explicou.

O geólogo recomendou que além do ponto onde está ocorrendo o problema, seja feita uma investigação ambiental preliminar.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Existe inclusive uma norma técnica da ABNT para se fazer isso que deve se investigar também o entorno. O entorno aqui dessa casa, onde está o problema. Existe uma metodologia pra se fazer isso, e é isso que a gente vai tá propondo aqui para a prefeitura e aos órgãos competentes,” disse.

O ideal, segundo o professor, é que se instalem poços de monitoramento chamados de piezômetros.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Esses poços de monitoramento, piezômetros, eu imagino que pode ser em torno de uns 20 no entorno dessa área, para que a gente faça a medição da composição e do volume dos gases gerados além da temperatura. Aí a gente vai tentar mapear qual é a área de risco, e qual o tipo de risco que essas pessoas que estão no entorno estão sendo expostas.”

Nesse momento não há necessidade de recolher material, as amostragens serão feitas no local.

“O ideal é que se instale várias perfurações, com uma rede de poços de monitoramento. E com isso a gente tem um diagnóstico mais preciso das causas e dos riscos. É isso que se recomenda e é a norma técnica que se preconiza,” ressaltou.

Explosões

O professor disse ao Acorda Cidade que é preciso estudar a composição e o volume dos gases.

“Pelos vapores que vemos no buraco, são vapores de gás, mas o que a gente precisa saber é qual é a composição e volume de cada gás. Para que ocorra uma explosão, primeiro precisamos estudar o volume. Como aqui é um ambiente aberto e ventilado dificilmente vão ocorrer explosões. Mas se tiver um acúmulo de gás em um ambiente fechado, corre o risco de explosão,” alertou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O professor Luiz esclareceu que essa é uma situação que pode acontecer em qualquer ambiente que se confine matéria orgânica.

“Toda matéria orgância confinada pode produzir gás Metano, CO2, enxofre, etc. Então o que a gente precisa é conhecer os materiais que estão subjacentes a esse conjunto de casas, que possivelmente foi fruto do aterramento da lagoa. Esse espaço não deveria ter sido ocupado por pessoas, porque é uma área de proteção ambiental. Mas já que possuem pessoas nós temos que buscar a causa e fazer a remediação e avaliar os riscos.”

O problema pode estar acontecendo em outros locais da residência e também da vizinhança.

“É preciso ampliar o raio de investigação não só para a casa, mas também para vizinhança. Essa investigação tem que passar, necessariamente, por uma avaliação de como se deu a ocupação do solo ao longo do tempo, e as imagens de satélites vão ajudar bastante nesse trabalho,” frisou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O diretor do Departamento de Educação Ambiental, João Dias, informou que será preciso abrir uma licitação por conta dos recursos que serão demandados.

“A partir de agora as providências que serão tomadas são providências baseadas em análise com equipamentos com especificidade pra tirar dúvidas. O professor sugeriu que temos que comprar imagem de satélite, porque as imagens estão ruins. A partir dessas imagens a gente vai determinar um perímetro e colocar o piezômetro que é um aparelho que vai medir os gases, para sabermos se tem gases só aqui, ou se tem fora daqui. Os gases serão analisados e a partir disso é que deverão ser tomadas providências. Só que o custo disso vai ficar entre 100 mil e 200 mil só pra analisar os gases, porque tem que ser uma empresa específica. Então vai ter a fase de licitação. O professor vai elaborar um relatório explicando como é pra ser feito isso. Quando nós recebermos o resultado aí que nós vamos dizer o que fazer ou não.”

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Segundo João Dias uma das providências, recomendada pelo técnicos é retirar Dona Rose e a família da residência.

“Inicialmente o professor quer que a gente tire a família por seis meses, por conta do período de avaliação. E ainda tem o problema com a licitação. Aí passando esse período e a gente tendo o resultado ela pode voltar pra residência ou não. Nós vamos nos reunir segunda-feira com o secretário da Seprev, com os técnicos da Defesa Civil, com os secretários Borges Junior e Antônio Carlos Coelho e determinar as etapas.”

Como envolve recursos, será necessário identificar qual será a fonte de custeio.

“Os recursos não serão baixo, a gente tem que identificar a fonte, e com o relatório em mãos vamos tomar as providências. A gente também chamou a Procuradoria para a reunião, porque tavez a gente não vá poder esperar os trâmites legais, porque a Dona Rose está dentro da casa,” disse.

Ainda não tem data para a interdição

“Não temos a data, mas será o mais rápido possível. Talvez não precise de interdição, mas precisamos retirar ela para que a gente possa trabalhar e quando se trata de vidas, e não temos o diagnóstico específico, a gente tem que agir para proteger as vidas envolvidas,” concluiu.

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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Mateus Oliveira lobo

Compra logo outra casa e resolve o problema dessa família.

Marco

Pelo gasto e tempo..
.seria melhor embargar o imóvel comprar uma nova casa e demolir