Foi divulgado pelo Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) um relatório dos atendimentos realizados pela unidade contendo os Indicadores de Violência no Trânsito. Entre janeiro e abril deste ano, foram atendidos 1.436 pacientes envolvidos em algum tipo de acidente no trânsito.
A diretora-geral do HGCA, Cristiana França, esteve no Programa Acorda Cidade, na manhã de quarta-feira (5) para apresentar detalhes importantes sobre o relatório, para compreender porque a unidade recebe tantas vítimas da violência no trânsito.
Recentemente, o Acorda Cidade tem registrado muitas ocorrências do tipo. Nos últimos meses têm ocorrido atropelamentos com vítimas vindo a óbito e acidentes fatais que retiram a vida, como o caso da mulher que morreu ao bater uma motocicleta contra um micro-ônibus, no bairro Queimadinha, em abril. No mesmo mês, outra mulher morreu ao ser atingida por dois carros que colidiram.
O estudo foi baseado nos prontuários dos pacientes que dão entrada no HGCA envolvidos em algum tipo de acidente no trânsito. Segundo Cristiana, uma das máximas levadas em conta foi a geolocalização do hospital, que fica no maior entroncamento rodoviário no norte/nordeste do país.
Coincidentemente, o HGCA está próximo de quatro BRs que possuem um tráfego intenso (BR 324 / BR 101 / BR 116 / BR 242), e isso acaba influenciando o número de ocorrências atendidas pela unidade.
“Cada dia a gente vê o Clériston mais cheio, com pacientes mais graves devido esses acidentes. Esses acidentes são distribuídos em vários tipos de veículos, carro, ônibus, pedestres, ciclistas, mas o que chama atenção é cada vez mais o aumento dos acidentes de moto”, destacou a diretora ao Acorda Cidade.
Conforme o relatório, das 1436 ocorrências, 1089 foram provocadas por acidentes com motocicletas, o que revela que quase 80% dos acidentes atendidos pelo Clériston há o envolvimento de motos.
No geral, homens, entre 15 a 44 anos, são os mais inseridos na violência no trânsito. Foram 1123, contra 313 mulheres envolvidas em acidentes até abril. Destes dados, 58% das vítimas são da região de Feira de Santana.
“Isso demonstra que na idade mais produtiva do indivíduo é justamente quando acontecem os sinistros. Quando o paciente não chega a óbito, eles ficam com sequelas irreversíveis. Então, precisamos chamar mais atenção. O objetivo é esse, para que as pessoas tomem cuidado. O cuidado deve ser de cada um”, disse.
Apesar do número de pacientes que vem a óbito ser baixo, 2%, muitos acidentes deixam sequelas para o resto da vida. Os principais traumas acometidos são o politraumatismo (que podem ser braços, pernas, cabeças) e as fraturas.
Os números do HGCA relacionados às mortes envolvendo acidentes podem ser subnotificados na medida em que muitas vítimas dos sinistros, nem chegam a ser socorridos, porque morrem no local.
Vale destacar que também há um alto índice de pessoas com traumas na face e com Traumatismo Craniano (TCE), respectivamente, 126 e 138 casos. Esse registro acende o alerta para o uso errôneo ou a ausência do equipamento de segurança, que são, no geral, o uso do capacete.
“O quantitativo de óbitos desses pacientes não é grande porque primeiro há a rapidez no socorro desses pacientes, e segundo, pela qualidade dos profissionais que atendem quando esse paciente chega na emergência. Às 24h são extremamente delicadas”.
Fim de semana x bebida x direção
Outros dois pontos apresentados pela diretora que ajudam a entender o grande número de acidentes é o período do fim de semana e o envolvimento dos acidentados com a bebida alcoólica.
“O maior número de acidentes é no final de semana. Estamos desde sexta-feira com mais de 40 pacientes no corredor do Clériston, justamente por conta disso. Isso porque vai chegando e a gente vai operando. Fim de semana é crítico, principalmente por causa da ingestão de álcool, precisamos ter uma atenção mais redobrada quanto a isso”, observou.
De acordo com Cristiana França, quanto mais leitos são abertos para atender esse tipo de sinistro, envolvendo bebida e direção, mais pacientes chegam. Por isso, é imprescindível trabalhar também na prevenção dessas ocorrências, na conscientização dos condutores.
“O que gostaríamos é que cada dia mais, menos pacientes precisassem da emergência do Clériston, mas o que vemos é cada dia mais pacientes com essa patologia. Nós temos que conscientizar cada motorista, motociclista, ciclista, pedestres da responsabilidade do trânsito. Precisamos de mais políticas voltadas para essa questão. Educação no trânsito”.
Cristiana ainda reforça que a grande mensagem que deve ser incentivada é a preservação da vida, porque o maior patrimônio a ser resguardado é a vida. Os acidentes acontecem, mas a imprudência é o que gera o grande volume de pessoas acidentadas.
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