Acorda Cidade
Cleiton Silva, professor de economia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) produziu recentemente um material sobre a recuperação do emprego formal em Feira de Santana após a recessão. Segundo ele, os dados coletados e monitorados mensalmente na Uefs tem sugerido que já há uma recuperação do emprego formal em Feira e região, mas a notícia ruim é que essa recuperação ainda tem sido muito lenta.
“Passamos por um período recessivo bastante profundo, da segunda metade de 2014, o ano de 2015 e 2016 inteiro, e nós começamos a recuperar a economia em 2017. Tecnicamente em 2017 começamos a crescer ainda que lentamente, o emprego voltou a crescer tanto o formal quanto o informal, então hoje nós não estamos mais naquela recessão. A resposta clássica dos economistas é que a recessão não vai ficar pra sempre. É um movimento cíclico da economia, então tem muitas outras coisas que influenciam essa retomada, uma delas é a economia internacional que tem crescido, além da política monetária mais expansionista do Banco Central do Brasil”, afirmou em entrevista ao Acorda Cidade.
O professor de economia Cleiton Silva afirmou que o estudo está comparando a dinâmica do emprego mês a mês tanto de Feira de Santana quanto da capital do estado e de algumas outras grandes cidades brasileiras. Nesse estudo, segundo ele, foi verificado que essa lenta recuperação não é um caso apenas de Feira de Santana, em Salvador também acontece um movimento de recuperação desde 2017 bastante similar.
“Infelizmente não temos um índice mensal de desemprego em Feira de Santana, mas se a gente observar o índice de desemprego em Salvador está num patamar muito alto, embora tenha caído lentamente, assim como no Brasil. Temos observado também, nos nossos estudos, que a dinâmica do emprego tanto em Feira de Santana quanto na Bahia, ela meio que dança casado com o PIB da Bahia. Acompanhamos mensalmente um indicador de atividade econômica para o estado da Bahia, divulgado pelo Banco Central e a gente acompanha isso e quando cruzamos os dados, observamos que a dança entre a dinâmica da economia baiana e a dinâmica do emprego formal na cidade de Feira de Santana, é bastante parecida”, disse.
O professor disse ao Acorda Cidade que ainda não tem respostas sobre os motivos da recuperação está tão lenta e disse que está analisando as grandes figuras, coletando os fatos, tanto para Bahia como para Feira de Santana. Num segundo momento, segundo ele, que é um momento mais difícil, o estudo vai tentar identificar possíveis causas da queda de empregos que foi muito profunda com mais de 12 mil postos de trabalho formais perdidos no município de Feira de Santana em apenas 2 anos (2015 e 2016).
“Está na nossa agenda identificar as causas tanto da queda quanto dessa lenta recuperação que não é apenas em Feira, mas na Bahia, embora em Feira tenha sido um pouco mais lento. Do ponto de vista local é muito difícil pensar em intervenções, políticas que venham incentivar o emprego formal, uma vez que no Brasil o poder público municipal tem poucas ferramentas de política econômica. No plano federal, eu atribuiria a duas coisas, uma é a política monetária e o outro ponto é arrumar a casa, que faz parte da macroeconomia. Acho que com todos os problemas políticos que estamos vivendo, estamos seguindo na direção de arrumar a casa do ponto de vista fiscal”, opinou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade