Nesta quarta-feira (14), tem início o Tempo da Quaresma, período do calendário litúrgico do cristianismo que serve como antecipação e preparação para a Páscoa, celebração da ressurreição de Jesus.
É nesta quarta também, que é celebrada a Quarta-Feira de Cinzas, dia em que demonstra a intenção do fiel de se manter no caminho da devoção, mas também demonstra o caráter transitório do ser humano na Terra, ou seja, é uma lembrança ao homem de que, conforme a tradição cristã diz, do pó o homem veio e ao pó o homem voltará.
A reportagem do Acorda Cidade conversou com o frei Jorge Rocha, superintendente da Fundação Santo Antônio, responsável pelas emissoras da Rádio Sociedade News e Princesa FM. Segundo ele, o próprio nome do novo tempo litúrgico já sugere o período de 40 dias, em que os fiéis devem viver um momento de penitência e jejum.
“A Quaresma se inicia, é um tempo de penitência, se inicia na Quarta-Feira de Cinzas, e a partir da Quarta-Feira de Cinzas se estabelece, ao mesmo tempo, um período, um procedimento diferente dentro da liturgia da igreja. A própria palavra Quaresma já está sugerindo a sua durabilidade. São 40 dias de penitência, de jejum, de oração, de mais intensidade com amor, com respeito com os outros. Quaresma trazendo também, consigo, uma significação bíblica, porque ela remonta aos 40 dias de Jesus, aos 40 anos. É um número bíblico, traz consigo uma teologia, indicando 40 como um tempo de especulação, um tempo de fertilização do nosso interior, fazer com que nós vivamos um período de purificação maior. Então a Quaresma sugere todo esse procedimento e, por sugerir esse procedimento, ao final, sugere igualmente que seja um homem melhor, uma mulher melhor, um cristão melhor, um cidadão melhor, com uma intervenção na sociedade que proporcione, outro tipo de gente, outro tipo de sociedade”, declarou.
De acordo com o frei Jorge Rocha, é neste período em que as pessoas devem refletir se estão sendo um verdadeiros seres humanos, verdadeiro cristãos, independentemente da religião.
“Isso não é exclusividade, outras religiões também observam o período de penitência, talvez não coincida exatamente com o nosso período quaresmal. Então é percebido exatamente dessa maneira, uma maneira em que eu preciso pensar. Em quê? Na limitação humana. Limitação humana não é pecado, é uma característica. Mas eu preciso pensar nos pecados que essa limitação me leva a cometer. Pensar nesses pecados. Pensar se eu estou sendo um ser humano melhor. Pensar se o meu cristianismo está dando frutos. Porque às vezes, a gente é cristão de um jeito na igreja, mas é cristão de outro jeito fora dela. Nós temos às vezes um comportamento que o cristão é apenas da porta de casa para dentro da igreja. Então, é pensar que tipo de cristão nós estamos sendo. E à medida que nós fazemos esse tipo de espiritualidade, de jejum, de oração, desperta em nós um outro tipo de pessoa. Olha, está faltando isso. Jesus fala que há determinados tipos de espíritos malignos que só são expulsos com jejum e com oração”, informou o frei à reportagem do Acorda Cidade.
Durante o período da Quaresma, alguns simbolismos são observados, sobretudo na igreja católica.
“Tem muito simbolismo a nossa liturgia. O primeiro é a cor roxa. O roxo que reveste este período litúrgico, ele sugere, assim, uma introspecção. Sugere exatamente esse período de reflexão. Outro simbolismo está também no canto. Durante esse período da Quaresma não se entoa o canto do Glória nas celebrações eucarísticas. O Glória é reservado para outros momentos, embora haja uns intervalos nessa Quaresma para se pronunciar o Glória, mas como característica, o Glória não é assim pronunciado. Outro modelo, outro tipo, é também a sobriedade da nossa ornamentação. Uma ornamentação mais sóbria, provocando exatamente esta reflexão. Então, esses símbolos e essas atitudes, revelam que nós exatamente estamos nesse tempo quaresmal. Sem contar a própria liturgia, que a cada domingo traz consigo uma reflexão que evoca exatamente esses comportamentos, Jesus no deserto, a questão da conversão, esses elementos que nos provocam de fato uma grande reflexão nesse tempo quaresmal”, explicou.
Abstinências
Segundo o frei Jorge Rocha, a abstinência realizada nesse período, não precisa ser necessariamente apenas da carne, mas também, deixando de realizar outros desejos.
“A gente pode até fazer a abstinência da carne, mas, às vezes, não faz a abstinência da língua. Determinados comportamentos que nós precisamos fazer, que é este. Nesse período quaresmal, o que eu vou fazer como penitência? Vou me abdicar de falar mal de determinados elementos? Trazer elementos positivos na vida daquela pessoa? Uma coisa que eu goste de comer? Eu me sacrifico naquele momento para nos associarmos um pouco mais ao sofrimento de Cristo. Deixar de fazer algo prazeroso para sentir a falta. Isso é altamente terapêutico, mas é também espiritual dentro da nossa própria vida. Então, a Quaresma também evoca esse tipo de comportamento, esses modelos para que possamos ser melhores cristãos, melhores cidadãos, melhores seres humanos”, pontuou ao Acorda Cidade.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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