Cultura

Protesto contra Temer e a defesa da mulher se destacam no desfile do Bando Anunciador

Ao todo, 29 grupos desfilaram com diferentes tipos culturais, além de pessoas que se caracterizaram de forma individual.

Laiane Cruz e Ney Silva

O Bando Anunciador, considerado um dos maiores eventos da arte e da cultura popular de Feira de Santana, levou aproximadamente 12 mil pessoas às ruas da cidade neste domingo (9). Ao todo, 29 grupos desfilaram com diferentes tipos culturais, além de pessoas que se caracterizaram de forma individual como Zorro, Batman, Diabo e até a Mulher Maravilha.

Um protesto feito pela APLB sindicato, contra o presidente Michel Temer, e a defesa das mulheres vítimas de violência chamavam atenção entre as atrações do evento. O Bando Anunciador é promovido pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) através do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca).

Segundo o reitor da Uefs, Evandro Nascimento, o Bando Anunciador é a maior manifestação cultural da cidade.

“Eu acredito que hoje, após a consolidação do Bando Anunciador, e completando 10 anos, quando falamos de manifestação com organização difusa, espontânea, colocando as representações do bando, que vêm de cada bairro, que se reúnem e se organizam junto com o Cuca e os parceiros, como a prefeitura, sim, eu acredito que esta é a maior manifestação cultural popular de Feira de Santana”, afirmou Evandro Nascimento.

Ele afirmou ainda que a Uefs deu o pontapé inicial ao evento há 10 anos e de lá para cá o Bando Anunciador foi se consolidando, contando com a parceria da prefeitura municipal, mas sobretudo da população.

A presidente da APLB, Marlede Oliveira, falou sobre o protesto contra o presidente Michel Temer. “Este já é o quarto ano que a APLB marca presença no Bando Anunciador. A gente tem que unir a alegria e a cultura popular com o momento político de crise econômica. Não podemos deixar de vir para as ruas curtir, mas também dar o nosso protesto em relação à retirada de direitos, com a reforma trabalhista, reforma da previdência e toda essa crise conjuntural”, declarou.

Em busca de visibilidade e empoderamento, as mulheres foram às ruas em protesto contra toda forma de violência. Através do projeto Versos de Mulher, elas formaram um grupo.

A coordenadora do projeto, advogada Fabiana Machado, explicou a participação no Bando Anunciador. “Foi a nossa primeira vez este ano, mas muitas companheiras de luta aderiram e vestiram a camisa do Versos de Mulher, na luta pelas mulheres e meninas da nossa cidade. O projeto tem uma ação no núcleo que fica na Rua Carlos Valadares, nº 240, no Edifício Nali Campos, e atendemos de segunda a sábado”, informou.

A rainha do Bando Anunciador, Marcilene Costa, era só alegria e mostrava-se feliz de ter sido a escolhida. “Um orgulho muito grande, sobretudo de ser feirense. Parabéns ao Cuca, a Uefs, por terem resgatado essa cultura por muito tempo esquecida. Nasci em 80, em um momento que foi extinta a festa e só ouvia falar pela mãe. Hoje estou aqui para contar pra meus filhos e netos”, destacou.

Foram muitas as manifestações individuais. O contador Ângelo Máximo saiu este ano com a vestimenta do Zorro. “Já são 11 anos saindo, desde quando o Cuca resgatou a tradição, e a cada ano eu venho saindo com uma fantasia diferente”.

A cuidadora de idosos Celiane Bispo se apresentou com trajes do diabo. Com chifre e tridente em mãos, ela atentou muita gente. “O pessoal disse que eu fui muito atentada. Vesti um vestidinho, meia-calça de tela, com chifrinho, e o tridente para dar aquela cutucada”, disse aos risos.

A coordenadora do Cuca, entidade que organiza o Bando Anunciador, Rosa Eugênia Vilas Boas, fez uma avaliação do evento. “Cada vez a gente vê o bando se afirmando. A gente só fez organizar, mas é o povo que faz a festa. Tivemos grupos que se formaram este ano, e a gente vê as pessoas se mobilizando cada vez mais e vindo. Então a gente enquanto Cuca cumpre o nosso papel em organizar, mas é o povo que faz a festa. Foi muita gente desde cedo”.

Ela acrescentou que os grupos nos bairros organizam suas charangas e se vestem com vários personagens. "É muito democrático".
 

As fotos são do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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