Feira de Santana

Projeto busca capacitar pessoas da comunidade LGBTQIA+ para acessarem o mercado de trabalho

A professora Liz Santana, idealizadora do Transbordar, salientou que o projeto visa promover cidadania e igualdade na comunidade de Feira de Santana.

Laiane Cruz

Foi realizado na tarde desta quarta-feira (13), um evento do projeto Transbordar, de iniciativa da professora Liz Santana, voltado para a promoção de direitos à comunidade LGBTQIA+, em Feira de Santana. O encontro de hoje contou com aproximadamente 50 participantes e teve como foco central pessoas transgêneros e travestis, que ouviram palestras sobre a capacitação e o acesso desde público ao mercado de trabalho.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

O advogado Niwerton Tavares Ribeiro Junior, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB de Feira, informou que o principal objetivo do evento foi dialogar com pessoas trans e travestis para mostrar a elas mecanismos e oficinas, dentre outras formas, para que elas tenham mais chances de conseguir empregos.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Esses eventos do projeto Transbordar são voltados justamente para que a gente possa trazer inserção social para pessoas trans e travestis para que elas possam sair da marginalidade e possam efetivamente ter empregos e condições dignas de trabalho. Essa iniciativa surgiu através da professora e advogada Liz, da Unifacs, e ela convidou a OAB para estar aqui e dar esse apoio.”

Ele ressaltou que a comissão produz um trabalho social, atuando de diversas formas, por meio de representações, eventos, palestras, voltados para este público, para dar o acolhimento e também ajudar nas demandas dessas pessoas.

“As pessoas podem entrar em contato com a gente tanto pelo Instagram @diversidadeoabfeira, como também dirigindo-se à sede da OAB, onde serão encaminhadas para os membros da comissão. E a partir daí a gente pode realizar o trabalho a partir da necessidade que for apresentada.”

O advogado afirmou ainda que há muito preconceito contra este público, e de acordo com dados divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), menos de 90% das pessoas trans e travestis têm empregabilidade.

“O Brasil ainda é o país que mais mata pessoas trans e travestis. Nós estamos tentando reverter esse quadro por meio das diversas representações que a gente vem fazendo através dos anos, como por exemplo, os direitos que conseguimos, como a utilização do nome social, a terapia hormonal pelo SUS, a retificação do registro civil e outros vários direitos, para que sejam garantidos”, frisou.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

A advogada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Mariana Rodrigues, reforçou este apoio da entidade na busca de ações que atendam às demandas de pessoas trans, travestis e outros públicos da comunidade LGBTQIA+.

“Estamos aqui representando a OAB, colocando-a como disponível, tendo em vista que as comissões são formadas no sentido, não só de ajudar a advocacia, mas também a sociedade feirense, para que a gente consiga construir uma sociedade melhor. O projeto Transbordar é muito importante para profissionalizar pessoas da comunidade LGBTQIA+, e colocamos a OAB à disposição dessa comunidade para que acreditem que a entidade pode servir como acolhimento como um todo, para essa população, que infelizmente é marginalizada.”

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Luciano Nascimento, que participou do evento como convidado, faz parte do Grupo Respeito e União pela Diversidade (Grud), em Feira de Santana, e também do projeto Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa Bahia). De acordo com ele, o objetivo desses grupos é pensar em pautas democráticas que tragam mais dignidade para as pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+.

“O Transbordar é um projeto da Unifacs junto com a professora Liz, que pensa em políticas e debates sobre a população trans e travestis da cidade, que é marginalizada por sua sexualidade e no Brasil são as pessoas que mais sofrem violência, tanto física quanto psicológica. É um projeto que abre caminho para a gente pensar pautas democráticas para incluir essas pessoas de forma mais digna no mercado de trabalho. Eu faço parte do Grud, que é de respeito pela diversidade aqui em Feira, que pensa pautas para população em vulnerabilidade, como a população negra, de rua, LGBTQIA+, a população feminina também, e faço parte do Gapa, que é uma ONG que nasceu em Salvador e está chegando aqui em Feira, fazendo ações de apoio à prevenção de ISTs, com foco na prevenção do HIV. Nosso papel é alertar as pessoas sobre esse assunto, e a pautas governamentais e de ações sociais”, explicou.

Segundo Luciano, há dificuldade de qualquer pessoa para conseguir emprego no Brasil, mas principalmente a população LGBTQI+. “A gente vive numa sociedade racista e misógina também. E quando a gente pensa em empregos, essas pessoas, quando conseguem, estão em subempregos, com baixa remuneração e também sofrem todo tipo de precariedade para acessar esses empregos.”

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

A professora Liz Santana, idealizadora do Transbordar, salientou que o projeto visa promover cidadania e igualdade na comunidade de Feira de Santana.

“A gente trabalha com os alunos esse senso de comunidade, pensando na proteção e na promoção de direitos de pessoas LGBTQIA+. E o nosso evento de hoje foi voltado especificamente para pessoas transexuais, pessoas transgêneros e mulheres travestis, que sofrem muita violência e também para auxiliar para que elas façam a alteração do registro civil, que é um direito desde 2018. Não precisa fazer cirurgia, justificar, ter laudo médico, para que a pessoa chegue no cartório e peça a alteração do registro para o nome que ela desejar, mantendo apenas o nome da família e levando alguns documentos necessários.”

A professora e advogada destacou que a universidade irá auxiliar, através desse projeto, as pessoas que desejarem fazer essa alteração do registro.

“Tivemos aqui presentes pessoas que contaram suas experiências, e tivemos um aluno aqui que já fez a alteração de registro e temos pessoas que estão interessadas, mas uma coisa que dificulta é que algumas certidões são pagas, e em Feira devemos pensar em uma forma de acesso para essas pessoas que não têm condição de pagar também consigam fazer a alteração dos registros, para que se sintam adequadas e pertencentes à sociedade, algo que é muito importante para a aprovação de direitos e a cidadania.”

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.  

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